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Sustentabilidade na logística: tuk tuks elétricos e caminhões movidos a gás

Publicado em 22/06/2022

A ideia de se ter um ecossistema de transporte sustentável ainda é um sonho a médio e longo prazo, mas é necessário o primeiro passo

Artigo | Por Wanderley Villarinho *


Arte: Divulgação

De acordo com levantamento da consultoria Euromonitor, uma das 10 tendências de consumo para 2022 é a preocupação com o meio ambiente. O estudo mostra que o consumidor espera que as empresas tenham iniciativas que apoiem as pessoas e o planeta. No contexto da logística, o foco é ser menos poluente – um diferencial competitivo que anda lado a lado com processos de inovação e foco no cliente. Daqui em diante, é praticamente mandatório entregar soluções sustentáveis.

Desta forma, as empresas – em particular aquelas ligadas ao serviço de transporte que tiverem uma visão a médio ou a curto prazo sobre combustíveis alternativos – colherão bons frutos no futuro. Exemplo disso foi a Manlog, empresa goiana de transporte do setor alimentício, que em dezembro de 2020 comprou o primeiro caminhão elétrico. De acordo com o CEO, o investimento abriu portas para novos contratos.

Outras empresas também estão olhando para além da eletrificação. A JBS, por exemplo, adotou veículos movidos a GNV (gás natural veicular) para parte da frota. Isso decorre, talvez, da preocupação em que a infraestrutura de recarga elétrica ainda não está disponível em todo país. Quando comparado com um caminhão a diesel, o modelo movido a GNV emite 17% a menos de CO2 na atmosfera.

Apesar da descarbonização da economia ser uma tendência e já com arcabouço regulatório tanto doméstico quanto internacional direcionando para modelos de negócio e novas formas de produzir com foco na sustentabilidade, alguns pontos devem ser alvo de reflexão:

NÍVEL DE DESEMPENHO

A avaliação do desempenho dos veículos com fonte alternativa em relação ao seu congênere à diesel será importante para programar o ritmo de incorporação de novos veículos movidos a combustível limpo na frota da empresa. Em relação ao desempenho, podem ser levados em conta aspectos ligados à autonomia (considerando mesmo tipo topografia de rota e carga transportada) e a capacidade máxima da carga transportada.

Para se ter uma ideia, os novos caminhões (7,5 Ton) eCanter da Mitsubishi (MFTBC), em teste, têm garantido uma autonomia de cerca de 100 km por carga.

INFRAESTRUTURA DE APOIO

Qual situação de disponibilidade de postos de abastecimento para essa matriz energética nas rodovias? Neste caso, o uso de veículos elétricos sofre um impacto negativo maior ainda.

O veículo elétrico faz muito sentido para cidades que têm infraestrutura de recarga. Já para longas distâncias, torna-se inviável. Talvez uma solução estaria ligada ao atendimento da logística urbana, chamado “last mile”, ou entrega final.

Pequenos veículos elétricos passam a ser uma solução mais adequada, visando tanto a sustentabilidade quanto a mobilidade urbana, exemplo são os tuk tuks elétricos. No período em que trabalhei no Sudão e África do Sul, tive a oportunidade de utilizar esse meio de transporte (naquela situação com fonte fóssil de combustão).

VIABILIDADE FINANCEIRA

Qual será o valor desse veículo daqui a cinco anos? Qual o custo de manutenção? Relação custo/benefício também faz parte do processo decisório, juntamente com preocupação ambiental, no tripé de sustentabilidade TBL (triple bottom line).

A ideia de se ter um ecossistema de transporte sustentável ainda é um sonho a médio e longo prazo, mas é necessário o primeiro passo. Além disso, haverá, por parte da sociedade, uma maior exigência em relação a soluções relacionadas à novas matrizes energéticas, de forma geral.

Existe uma grande resistência dos clientes em pagar por isso. O desafio, como sempre, será fazer mais com menos.


* Wanderley Villarinho é professor dos cursos de Gestão Comercial e de Logística da Faculdade Senac Goiás

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