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Rock in Rio 7: Megaoperação de um Rio que funciona

 

Publicado em 18/09/2017

 

Vamos direto ao ponto. O objetivo deste texto é dar uma dimensão da megaoperação em curso para o Rock in Rio 2017 e principalmente deixar a seguinte reflexão:

Por que as lideranças públicas – e também privadas – do Rio de Janeiro e do Brasil possuem a capacidade de planejar e operar com brilho eventos de grande porte, mas no dia a dia nossa sofrida população continua vivendo o caos urbano?

O Rock in Rio se transformou na Disney da música. Estrelas mundiais como Lady Gaga (ops, esta não!), Justin Timberlake, Bon Jovi e Guns N’ Roses estão e estarão lá no Parque Olímpico, mas terão também a companhia de uma avalanche de atividades capaz de agradar do pai ao filho.

Alguns números da logística deste evento de visibilidade mundial:

Volume de passageiros
810 mil passageiros circularão no aeroporto RIOgaleão, no período de 14 a 29 de setembro, contemplando chegadas e partidas. Serão 262 voos extras. O público total do festival será em torno de 700 mil pessoas, com 20 mil pessoas credenciadas para trabalhar no Parque Olímpico.

Volume de Equipamentos
O aeroporto está recebendo também mais de 180 toneladas de cargas das bandas que se apresentarão no Rock in Rio. Esses equipamentos e instrumentos serão transportados por pelo menos 23 carretas do aeroporto para o Parque Olímpico.

Alimentos e Bebidas
Haja cerveja, refrigerante, sanduíche e biscoito. Para abastecer a Cidade do Rock, os principais fabricantes do país, restaurantes e supermercados têm encarado uma maratona de logística e planejamento. Só a Heineken produziu 650 mil litros de chope para os sete dias de evento — volume que representa 5% de toda a produção nacional da companhia holandesa para o mês. O Prezunic traz pela primeira vez um supermercado dentro da cidade do Rock.

Transporte público
Para estimular o transporte público, todo o entorno do Parque Olímpico possui estacionamento proibido. Metrô e BRT com operação 24 hs de forma integrada.

Operação de trânsito
São 550 homens por dia, entre guardas municipais, controladores da CET-Rio e pessoal de apoio, com 40 veículos operacionais e 44 motocicletas, para manter a fluidez, coibir o estacionamento irregular, ordenar os cruzamentos, orientar pedestres e efetuar os bloqueios. 

Por meio de 35 painéis de mensagens variáveis, o público se informa sobre os horários dos fechamentos de vias, rotas alternativas e restrições de estacionamento. O Centro de Operações Rio fará o monitoramento da área do evento e dos acessos com mais de 100 câmeras.

Aplicativos de localização
Waze e Google Maps terão parcerias com a Prefeitura e estão indicando previamente as ruas fechadas no entorno do local. 

Acessibilidade
A organização, se beneficiando da boa estrutura olímpica, é um modelo de acessibilidade para o mundo. A ideia é proporcionar a todas as pessoas, sem distinção, a oportunidade de aproveitar as atrações. Para isso, foram instaladas plataformas PNE (pessoas com necessidades especiais) em locais próximos dos palcos, com direito a um acompanhante por pessoa.

Hotéis
A ocupação é de 67% no primeiro fim de semana do Rock in Rio. A taxa se eleva para 77% no segundo período do evento.

Transporte sustentável
Pela primeira vez, uma edição conta com um bicicletário, que conta com 80 vagas. 

Amazônia
O Rock in Rio está contribuindo com a restauração de 73 milhões de árvores, no que pode ser chamado de o maior reflorestamento da Amazônia. São 30 mil hectares em seis anos, uma parceria com o Banco Mundial e outros grandes fundos ambientais.

Gestão de resíduos
Estão sendo coletadas 60 toneladas de lixo por dia de festival em suas áreas interna e externa. Cerca de 20% deste volume, a parte reciclável, é entregue às cooperativas de catadores de lixo. O restante é levado para a Estação de Transferência do Caju para serem segregados, com os orgânicos tratados para a produção de composto orgânico e os rejeitos transportados para a Usina Verde, onde serão transformados em energia.

A melhorar
Há registros de reclamação de falta de segurança na saída dos shows, ao longo dos trechos de caminhada até o transporte público. E também relatos de quadrilha atuando em furtos na plateia. Que seja rapidamente corrigido.

Então, sem complexo de vira latas. Tenhamos a noção da nossa capacidade extraordinária de realização. Exijamos as melhores práticas de governança na gestão pública. Que lideranças empresariais como Roberto Medina e outras possam assumir o protagonismo da reconstrução do Rio de Janeiro

Um calendário anual de eventos é sem dúvida um belo começo.

 

Luís Eduardo Ribeiro

Por Luís Eduardo Ribeiro

É Gerente Regional de Operações da Martin Brower, líder global em soluções logísticas de ponta a ponta para redes de restaurantes. Ao longo da carreira, liderou a supply chain de empresas como DHL, Carrefour, Ponto Frio, bioMérieux etc. Em 2016, planejou e executou a logística de alimentos para as Olimpíadas RIO-2016. Recebeu Moção de Reconhecimento da Assembleia Legislativa do RJ pelos serviços prestados como Administrador de Empresas. Foi eleito Profissional de Logística do Ano pela Revista MundoLogística.

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