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TCO com ESG

 

Publicado em 27/05/2021

Em supply chain, não basta comprar do fornecedor com menor preço. Há que se considerar todo o custo envolvido no processo. O chamado TCO (Total Cost of Ownership ou Custo Total De Propriedade) é um indicador bastante conhecido, apesar de geralmente mal utilizado e interpretado. O TCO soma ao valor negociado os custos de frete, armazenagem, impostos, risco de obsolescência, entre vários outros custos possíveis.

 

Uma briga clássica em supply chain se dá entre logística e compras, e essa briga está diretamente relacionada a como ambas as áreas são medidas. Nas palavras do mestre Eli Goldratt, autor do seminal A Meta, “Diga-me como me medes e te direi como me comportarei”. Ilustro com um exemplo: se a empresa precisa adquirir parafusos, a melhor compra vem da China ou da esquina? Pergunte para logística e provavelmente a resposta será da esquina, vislumbrando lotes menores, menos estoque, menos espaço necessário para armazenagem, mais baixos custos de transporte etc. Pergunte para compras e a provável resposta será da China, com a perspectiva de menores custos, maior concorrência etc.

 

Nenhum dos dois está errado. Nenhum dos dois está certo. Agora, se medirmos ambos pelo mesmo indicador, como por exemplo o TCO, aí sim veremos duas áreas conversando para chegar a uma alternativa ótima para o negócio. Só assim ambos abrirão mão de ótimos locais em busca de um ótimo global.

Até aqui tudo certo. Apesar de nem sempre vermos isso sendo aplicado, a questão já é bem conhecida e tratada. O ponto é que agora temos novos ingredientes no TCO, nem sempre tão tangíveis.

 

A sigla ESG surgiu pela primeira vez em 2005 e vem ganhando força no meio empresarial e de investimentos nos últimos anos. Ela une três fatores que mostram o quanto uma organização está comprometida em ter uma operação mais sustentável em termos ambientais, sociais e de governança.

Cada vez mais investidores têm baseado suas decisões na capacidade das empresas em mostrar seu comprometimento com o ESG. E é aí que a supply chain mais uma vez mostra seu poder estratégico. Adicionar o ESG ao TCO traz desafios de métrica, mas não adicioná-lo pode inviabilizar estrategicamente a sua operação logística.

 

Voltando ao exemplo do parafuso, uma análise de TCO pode mostrar, por exemplo, que trazer da China é mais vantajoso. Os custos totais podem revelar-se menores, mesmo com o frete marítimo de tão longa distância. Ao adicionar análises de ESG podemos chegar à conclusão de que o custo das emissões de carbono pode ser muito alto e que a decisão deve ser revertida.

Esse assunto ainda gera muita discussão e várias alternativas de métricas têm sido propostas e discutidas. O que não se pode é esperar que haja consenso antes de tomar uma atitude. Essa falta de decisão e comprometimento pode custar mais caro que qualquer cálculo de TCO.
 

Rodrigo Acras

Por Rodrigo Acras

É VP de Supply Chain na Aker Solutions. Já atuou como consultor Sr. de TOC e Processos (BPM) no grupo Malwee; gerente Sr. de Supply Chain – Logística, Logística, Planejamento, S&OP e Compras no grupo Malwee e nas áreas de engenharia de controle, engenharia de processos, produção, manutenção e supply chain em empresas como Tritec Motors (BMW & Chrysler), Renault e GVT/Telefônica. Professor e consultor associado no Instituto nomm.

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