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Antecipação de recebíveis: “Transportadoras são o cerne da nossa economia”, diz VP do Grupo Valorem

 

Publicado em 07/12/2021

Em entrevista exclusiva para a MundoLogística, Charlote Odebrecht descreveu características e benefícios da prática e ressaltou a importância de construir relacionamentos de longo prazo antes de momentos de crise


Foto: Divulgação

Por Christian Presa | Redação MundoLogística

Apesar de a pandemia de Covid-19 ter enfatizado a importância do setor de Logística – o que gera, por consequência, crescimento –, momentos de crise como o que tem sido registrado nos últimos dois anos causa instabilidade. Com isso, as empresas precisam traçar estratégias para conter danos e sobreviverem. No caso do segmento de transporte, o controle de finanças pode ser feito por meio da antecipação de recebíveis.

De microempresas a companhias com grande receita, a antecipação de recebíveis é uma forma de as transportadoras obterem crédito com base em suas próprias duplicatas ou contratos de contas a receber.

Uma das empresas que traz esse tipo de solução de crédito é a Valorem. Com 21 anos de atuação, o Grupo Valorem destaca como principal produto a antecipação de recebíveis personalizada para a necessidade de cada cliente. A companhia possui meios eletrônicos de pagamento e operou 4 bilhões de crédito em 2021.

Em entrevista exclusiva para a MundoLogística, a vice-presidente do Grupo Valorem, Charlote Odebrecht, tratou sobre a antecipação de recebíveis, descrevendo desde as características aos benefícios da prática para empresas de transporte. Na conversa, ela destacou a importância de estabelecer relacionamentos de longo prazo antes de momentos de crise e apontou os objetivos do grupo para os próximos anos.


MUNDOLOGÍSTICA: Como funcionada a questão da antecipação de recebíveis no Brasil?

CHARLOTE ODEBRECHT: As pequenas e médias empresas ainda possuem dificuldade em buscar crédito ágil e competitivo. Com isso, na última década, Securitizadoras e FIDCS surgiram com força para preencher um nicho que os bancos abandonaram, principalmente nas crises, que busca fomentar as empresas quando estas mais precisam. A compra dos recebíveis, ou antecipação dos recursos é feita com as duplicatas ou contratos que as empresas já possuem em seu “Contas a Receber”. Ou seja, a empresa não toma crédito, apenas antecipa seu faturamento. É importante ressaltar que as empresas especializadas como Securitizadoras e FIDCS muitas vezes se especializam e entendem com profundidade o seu cliente, podendo assim auxiliar em momentos mais críticos, como a crise da Covid-19 ou mesmo com o 13º salário no final de ano. Usar antecipação com responsabilidade é uma operação financeira inteligente. Quer ver? A transportadora [cliente] antecipa seus recebíveis por uma taxa de 1,85% por exemplo. Com esse recurso em mãos, ou melhor, no caixa, compra a matéria-prima à vista com desconto de 7%.

MUNDOLOGÍSTICA: Por que deve ser considerada uma alternativa ao crédito fora do contexto das instituições financeiras tradicionais? O que torna o processo mais atrativo e sustentável?

CHARLOTE ODEBRECHT: Primeiro porque estas instituições se especializaram e compreendem o cliente. Mas a lista é longa:

  • Ausência de IOF nas operações: por ser uma operação de curto prazo, o IOF hoje possui um peso desproporcional podendo chegar a mais de 50% do custo final.
  • Não há vendas casadas: os FIDCS e Securitizadoras fazem bem e querem aumentar seu portfólio de recebíveis. Não há necessidade de justificar o crédito com compra de aplicações mirabolantes.
  • Agilidade: as operações são depositadas em poucas horas, em nosso caso minutos.
  • Cobrança: títulos não pagos não são cobrados da sua corrente no mesmo dia. Existem réguas de cobrança onde ajudamos a cobrar o seu cliente.
  • O endividamento entra no Sisbacen, ou seja, você usa seu crédito bancário para longo prazo.
  • Redução de risco de crédito: analisamos o seu sacado para você.
  • Atendimento personalizado: seu gerente vai até você se você quiser.


MUNDOLOGÍSTICA: É uma realidade para todas as empresas do setor de transporte e logística, por exemplo?

CHARLOTE ODEBRECHT: Para a grande maioria. Transportadoras são o cerne da nossa economia e muitos FIDCS e Securitizadoras se especializam. Hoje, as transportadoras são um dos maiores setores de nossa carteira e nos orgulhamos disso.

MUNDOLOGÍSTICA: Que tipo de empresa deste setor tem recorrido ao FIDC Valorem e, normalmente, qual o objetivo dessa antecipação?

CHARLOTE ODEBRECHT: Todos os tipos. Atendemos empresas que faturam 150 milhões ao ano e empresas que faturam 12 milhões. Porém, existem centenas de FIDCS e Securitizadoras que se especializam nas pequenas transportadoras e o fazem muito bem. O setor de transporte se segmenta e entendemos muito bem este processo. Temos, por exemplo, algumas que transportam apenas cargas fechadas de alto valor, outras que transportam o fracionado. São todas muito bem-vindas.

MUNDOLOGÍSTICA: Como esse tipo de fomento tem ajudado o mercado, especialmente no momento de pandemia?

CHARLOTE ODEBRECHT: Os FIDCS e Securitizadoras foram veículos essenciais na pandemia e estiveram com seu crédito disponível no momento de maior dificuldade. Inclusive, durante a crise dos caminhoneiros em 2019, nós da Valorem permanecemos abertos, fomentando as transportadoras. Hoje, são mais de 200 bilhões no mercado de FIDCS liberados em crédito anual.

MUNDOLOGÍSTICA: Podemos dizer que quem recorreu ao fomento, em 2020, buscava a sobrevivência e, em 2021, está direcionando o caixa para a retomada? Como vocês têm sentido a questão econômica do setor neste momento do país?

CHARLOTE ODEBRECHT: O ano de 2020 foi difícil para todo o mercado, não apenas no Brasil, como no mundo. O ano de 2021 foi de crescimento e retomada, o que é o melhor tipo de crédito que pode ser oferecido. Para 2022, temos um cenário de muita cautela, pois já sabemos que teremos uma alta inflação no primeiro semestre e que o PIB tende a crescer pouco. Por isso, recomendo que [as transportadoras] procurem bons parceiros de crédito mesmo antes de precisar. Em meio à crise, é muito difícil iniciar um novo relacionamento onde você terá bons limites e custo compatível. O segredo de uma boa negociação é desenvolver relacionamentos de longo prazo.

MUNDOLOGÍSTICA: O que o grupo Valorem espera para 2022 e qual será sua contribuição nos próximos cinco anos?

CHARLOTE ODEBRECHT: Para o próximo ano, estamos cautelosos, mas otimistas, pois sabemos que, apesar da fraca projeção de crescimento do PIB, existem sempre oportunidades. Vimos, por exemplo, o crescimento de uma transportadora disparar este ano após a entrada do 5G. O setor agro não para de crescer e, com ele, suas cadeias que incluem o transporte de grãos, por exemplo. Até mesmo empresas de novas tecnologias precisam de fomento e de crédito, bem como de transporte, em muitos casos. Nossa maior contribuição para o país é democratizar e atender com muito respeito as empresas de médio porte no Brasil. Quando iniciamos nossa jornada, as factoring precisavam se profissionalizar e os bancos chantageiam os clientes. Entramos como uma opção justa, rápida e personalizada para quem não se encaixava no velho modelo. Nosso papel vai muito além de antecipar recebíveis. Entendemos que nossa missão fomentar o Brasil e garantir emprego para milhares de pessoas.

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