Diretor da Maersk Line fala sobre expectativas para o comércio exterior

Publicado em 25/07/2017

Objetivo da empresa é continuar sustentando a força da marca e garantir a confiança do mercado

Por Christian Presa | Redação MundoLogística

O cenário de crise econômica é intimidador e alarmante em todos os setores. Em 2016, o comércio exterior sofreu queda e as empresas do setor tiveram que reduzir custos e desenvolver estratégias para se manterem firmes.

A Maersk, empresa de navegação e transportes, publicou um relatório anunciando melhora gradual para os próximos anos. Apesar de alguns segmentos importantes, como de carnes e commodities, ainda estarem afetados, a expectativa é focar em estratégias para fazer os países do exterior quererem negociar com o Brasil novamente.

O diretor principal da Maersk Line para a Costa Leste da América do Sul, Antonio Dominguez, falou com exclusividade para a Revista MundoLogística. Confira na íntegra!

REVISTA MUNDOLOGÍSTICA: O comércio exterior foi fortemente atingido pela crise econômica. Para uma empresa do porte da Maersk, qual o impacto negativo desse cenário?
ANTONIO DOMINGUEZ: De fato, o crescimento das exportações em 2016 e 2017 tem sido menor do que nos anos que se seguiram às crises anteriores, em função da mudança da pauta de exportações no país: os produtos básicos tiveram mais peso, os concorrentes internacionais, especialmente asiáticos, no segmento de manufaturados expandiram e se fortaleceram, o Brasil firmou menos acordos de livre comércio desde 2000 e houve um menor crescimento dos principais parceiros comerciais. Todos os players do setor acabam sendo impactados de alguma forma por um cenário adverso, e não foi diferente com a Maersk Line. Mas é importante destacar que somos uma empresa grande e sólida, que diversifica os negócios em vários países do mundo. Também há fatores muito positivos que podemos destacar no setor, como a Nova Lei dos Portos e o menor tempo de liberação de contêineres de importação nos terminais. Nossa visão ainda é cautelosa, esperamos que o comércio exterior volte aos níveis pré-crise somente em 2020. No entanto, continuamos investindo fortemente e consideramos o Brasil um mercado de extrema importância.

Há receio dos outros países em negociar com o Brasil, o que evidencia a importância de ressaltar a responsabilidade e a segurança da empresa. Como a Maersk tem feito isso?
A Maersk Line é uma empresa de grande porte, que apresenta solidez em todos os países onde atua. O fato de sermos reconhecidos no mundo todo pela excelência nos serviços que prestamos dá confiança aos nossos clientes e potenciais clientes, independentemente do país de origem. Embora tenhamos essa visão cautelosa em relação ao Brasil, acreditamos muito no país e sempre destacamos a importância desse mercado para os negócios.

Alguns produtos, como a carne, sofreram queda de exportação significativamente maior do que outros. Quais estratégias foram utilizadas para equilibrar essa queda?
Na verdade, as entregas foram apenas adiadas ou transferidas para diferentes mercados em março. O que ocorreu no mercado de carne teve apenas um impacto técnico nos números do primeiro trimestre com a exportação caindo cerca de 13%. Foi um caso que o governo brasileiro resolveu com muita agilidade e bem mais rápido do que qualquer um poderia esperar. Esperamos que o segundo trimestre mostre um desempenho melhor depois que os contêineres foram entregues ou transferidos para países diferentes.

Mesmo diante da crise, a Maersk tem investido nas operações, desde melhoras em equipamento até em infraestrutura. Qual a importância desse tipo de ação?
Os investimentos são fundamentais para atendermos nossos clientes de forma cada vez mais assertiva. Nossa mais nova tecnologia, lançada nesta semana, é o RCM (Remote Container Management), que possibilita monitorar e controlar os contêineres de carga refrigerada a distância. Nos primeiros seis meses de 2017, o RCM alertou a Maersk Line para mais de 4.500 configurações de temperatura incorretas nos contêineres reefers dos clientes. Em 200 desses casos, a imprecisão da configuração era tamanha que, caso o RCM não nos notificasse para que fizéssemos as mudanças necessárias, a carga – correspondente a vários milhões de dólares para nossos clientes - teria sido totalmente perdida. O ponto mais importante é que o RCM dá visibilidade de toda a cadeia de suprimentos, o que chamamos de end-to-end. Os clientes agora podem acompanhar todo o processo, desde a estocagem até a entrega. Sem mencionar o desperdício. Queremos contribuir para um mundo cada vez mais sustentável e auxiliar nossos clientes a fazer o mesmo. É uma tecnologia inédita no mundo, somos os primeiros e únicos a oferecer mais esse avanço, que estará disponível a partir de julho.

Vocês publicaram um relatório dizendo que o comércio exterior levará cerca de três anos para se recuperar completamente. Quais elementos compõem o planejamento da Maersk para atingir essa meta?
Essa não é uma meta, mas uma expectativa que temos em relação ao mercado. De nossa parte, como você bem pontuou, continuamos investindo constantemente e consistentemente – em pessoas, equipamentos, tecnologias, infraestrutura etc. Estamos prontos para atuar em um mercado mais aquecido e atender cada vez mais demandas de clientes cada vez mais exigentes, ao passo que o Brasil for retomando o crescimento.

A perspectiva é de melhora gradual e, para isso, é preciso enxergar o futuro com otimismo e esperança. A Maersk tem estimulado os colaboradores e clientes nesse sentido?
Com toda a certeza. Como comentei anteriormente, acreditamos muito no Brasil e consideramos o mercado de extrema importância para os negócios. É normal que haja ciclos de baixa nas economias de todo o mundo, e é nosso desafio ser cada vez melhores pra driblar esses períodos sofrendo o menor impacto possível. Nossa mensagem para colaboradores e clientes é permeada pela confiança de anos melhores pela frente, ainda que a retomada seja gradual. 

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