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Entrevista com o executivo de Contas da Thermo King, Roberto Hira, sobre a cadeia do frio

 

Publicado em 03/03/2015

Cadeia do frio: mantendo a qualidade e a integridade do produto
Controlar com eficiência as temperaturas máxima e mínima da carga é o diferencial das empresas que transportam produtos frescos e chegam ao destino com a temperatura controlada, sem ficar dependentes de fatores externos

Por Viviane Farias | Redação MundoLogística 

A cadeia do frio tem passado por grandes avanços, nos últimos anos, com monitoramento online, caminhões e equipamentos mais modernos, e produtos mais resistentes às variações de temperatura. Segundo dados do mercado, o setor de transporte frigorificado está passando por um momento de conscientização. Em 2013, as compras de semirreboques e sobre chassis foram antecipadas, ocasionando um alto número de baús frigoríficos emplacado, bem acima da média, devido ao Programa Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) de Sustentação do Investimento (PSI).

De acordo com a Associação Nacional dos Fabricantes de Implementos Rodoviários (Anfir), em 2013, o mercado de veículos pesados com sistemas de refrigeração cresceu 54%, quando comparado a 2012, e o de veículos leves frigoríficos cresceu 22%, com relação ao mesmo ano.

Em entrevista à MundoLogística, o executivo de Contas da Thermo King, Roberto Hira, alerta que é importante sempre lembrar que o maior objetivo da cadeia do frio é manter a temperatura do produto adequada para a manutenção da qualidade e integridade do produto. “Para isso, é necessário lembrarmos que o trio caminhão, carroceria frigorífica e unidade de refrigeração deve ser bem dimensionado, os operadores treinados e conscientes, e os procedimentos de carregamento/descarregamento bem definidos.”

MUNDOLOGÍSTICA: De que maneira se deve controlar, com eficiência, as temperaturas máxima e mínima da carga?
ROBERTO HIRA: Primeiramente, devemos controlar a temperatura com que o produto é embarcado. A temperatura do produto, nesse momento, é fundamental para o restante do processo de transporte, armazenagem e distribuição. É sempre bom lembrar que a qualidade de um produto só vai diminuindo com o passar do tempo e quanto mais protegermos a carga, maior a qualidade que chega ao consumidor. No caso das temperaturas, as unidades de refrigeração atuais permitem configurações das temperaturas máximas e mínimas.

Como é o gerenciamento correto da cadeia do frio?
O gerenciamento correto é aquele que faz a carga chegar ao destino com a temperatura controlada e permite, muitas vezes, que cargas de diferentes temperaturas cheguem cada uma na sua temperatura específica de armazenamento.

Quais os investimentos necessários para garantir o diferencial das operações?
A cadeia do frio necessita de equipamentos corretos, sistemas de informática específicos e, hoje, tem despontado a necessidade de treinamento para os motoristas e operadores de armazéns, principalmente, devido à grande rotatividade que tem sido observada no setor.

Quais os erros mais comuns que o setor de transporte frigorificado comete?
Durante os anos que tenho acompanhado a cadeia do frio, em todo o Brasil, percebi que há erros que se repetem independentemente da região, cliente ou tipo de operação, como erro de configuração de temperatura, por exemplo, em vez da unidade de refrigeração ser configurada para -18ºC (temperatura de congelados), é configurada para +18ºC, isso significa uma diferença de 36 graus. Outro erro que ocorre é de posicionamento da carga, bloqueando a passagem do ar frio pelos lados da carga, isso faz com quem haja aquecimento em algumas partes da carga.

Como conscientizar esse setor?
Temos realizado diversos treinamentos, em várias localidades e clientes, para diferenciar o setor, porém, isso vai até o nível operacional. Muito do que se utiliza, atualmente, como parâmetro partiu da Norma Técnica NBR 14701, entretanto, essa norma foi lançada há mais de 10 anos. Hoje, a maior demanda por qualidade é proveniente dos próprios clientes, que acabam exigindo o correto controle de temperatura por parte dos transportadores.

Qual a análise que o senhor faz do setor, atualmente?
Podemos dividir esse setor em dois níveis de investimento: o público e o privado. No setor privado, temos observado um grande avanço, inclusive, com riscos altos de investimentos. Os valores envolvidos em uma carreta frigorífica assustam, quando falamos em R$ 600 mil por um conjunto composto de cavalo, carreta e unidade de refrigeração, para andar por estradas perigosas, tanto em termos de acidente, quanto de roubos. Esses desafios encontrados esbarram, justamente, na parte pública do investimento, que não tem sido feita no mesmo ritmo do investimento privado. Esse contraste acaba refletindo no custo do frete e, consequentemente, no custo dos produtos para os consumidores.

O que é preciso para mudar essa realidade e ter no mercado transportes refrigerados adequados?
É necessário ter pessoas no governo dispostas a mudar esse cenário, com pensamento a médio e longo prazos, para que direcionem investimentos, focando no transporte como um todo, com melhorias de condições de estradas, para o aumento de velocidade média, menor risco de acidentes, mais pontos de paradas para descanso de motoristas, principalmente, para que as empresas consigam cumprir a famosa Lei do Motorista, sem que tenham de fazer malabarismo em suas operações.

 

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