Com relação reforçada pela alta do e-commerce, a união entre a logística e o marketing desponta como forma de projetar e garantir promessas realistas ao consumidor
Por Christian Presa
A chegada do mês de novembro aproxima o consumidor e varejo da Black Friday (Foto: Freepik)
A chegada do mês de novembro aproxima o consumidor e varejo da Black Friday, uma das datas mais importantes do ano em termos de consumo. E as expectativas são de alta: segundo o relatório “Estratégias e Expectativas para a Black Friday 2023”, repercutido pelo E-commerce Brasil, os varejistas terão faturamento 12% maior em comparação a 2022.
Durante o mês de outubro, a MundoLogística abordou diferentes aspectos dessa data, como nível de serviço, transporte e planejamento, considerando o impacto da Black Friday no setor, e vice-versa.
E o fato de essa conexão se tornar cada vez mais próxima tem uma razão. Hoje, a logística pode ser uma ferramenta de venda — se usada corretamente.
Na visão de Felipe Piringer, head de Marketing da Shopee no Brasil, as palavras de ordem para isso são “cuidado”, “transparência”, “planejamento e comunicação”. “É importante que as áreas estejam integradas para garantir que as promoções e campanhas estejam alinhadas com as capacidades logísticas. Outro ponto super importante é o aprendizado contínuo, olhar para os gargalos e para os pontos que deram certo em Black Fridays anteriores ou em outras datas de grande demanda para poder corrigir a rota.”
Segundo o executivo, a eficiência de operações e maximização dos resultados são fundamentais na busca por garantir uma experiência positiva — tanto para consumidores, quanto para vendedores. “Nada adianta vendermos muito se não conseguirmos entregar tudo. Nossas ações de marketing estão sempre alinhadas com logística, especialmente durante a Black Friday, quando os usuários esperam boas ofertas, mas também agilidade nas entregas.”
Nesse sentido, Piringer reforçou que a integração entre marketing e logística é uma forma de garantir promessas de entrega realistas, possíveis de serem cumpridas. “Isso contribui para a satisfação do cliente e pode levar a recomendações e fidelização. Além disso, é importante para o planejamento, para entender as expectativas de demanda e garantir que a capacidade logística esteja alinhada com as projeções de vendas. Isso permite que as equipes ajustem as estratégias de marketing conforme necessário com base na capacidade de entrega, atrasos ou problemas inesperados.”
LOGÍSTICA COMO PONTO CENTRAL DO E-COMMERCE
Em franca expansão, a expectativa é que, neste ano, o e-commerce alcance a marca de R$ 185,7 bilhões em faturamento, segundo dados da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm). A mesma pesquisa apontou que, em 2027, esse mercado deve faturar R$ 273 bilhões.
Nesse contexto, o que se observa é uma atenção especial ao que tange as operações logísticas e seus desdobramentos. De acordo com estudo da Omni Envios, feito em parceria com o E-Commerce Brasil, 72% das empresas que atuam no comércio eletrônico mencionaram a logística como foco de melhorias.
“A otimização das operações logísticas é essencial para o sucesso e a competitividade do segmento”, enfatizou o head de Marketing da Shopee. “Como comentei, o tempo de entrega é um importante fator na experiência e satisfação dos clientes, ainda mais em um contexto em que a compra é feita de forma digital em que o consumidor não sai da loja com o produto em mãos.”
Segundo ele, a companhia tem focado esforços na otimização de entregas, bem como na coleta de produtos com os vendedores parceiros. Atualmente, a Shopee dispõe de oito centros de distribuição no país, localizados em estados como São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Minas Gerais, Bahia e Pernambuco. “Além disso, abrimos mais de 100 hubs logísticos entre primeira e última milha”, disse Piringer.
O investimento em tecnologia também faz parte desse cenário de expansão e priorização da logística no e-commerce. Segundo estudo realizado pela Empresa de Pesquisa de Mercado, Insights e Consultoria (Kantar), o setor de logística teve um desenvolvimento de 30% no Brasil, que foi, em grande parte, impulsionado pela adoção do comércio eletrônico no país.
No caso da Shopee, Felipe Piringer destacou o uso de chatbots e status automatizados de entrega para fornecer informações em tempo real sobre pedidos, rastreamento e devoluções. “Isso proporciona maior transparência e tranquiliza os consumidores.”
Em alguns dos centros de distribuição, a varejista também implementou esteiras de separação automática de produtos. “Isso ajuda a reduzir erros e a acelerar processos, como processamento de pedidos, etiquetagem e embalagem, além de permitir que os produtos cheguem aos clientes mais rapidamente”, explicou o executivo.
NEGÓCIO ESTRANGEIRO COM LOGÍSTICA BRASILEIRA
Fundada em Singapura, a Shopee chegou no Brasil em setembro de 2019, com vendedores locais adentrando o marketplace em julho de 2020. Com três anos de atividades no país, o head de Marketing da companhia destacou que a Shopee tem “origem estrangeira, mas propósito e time locais”.
“O principal ponto de partida para superar possíveis desafios foi pesquisar a infraestrutura local”, explicou Piringer. “Foi necessário se adaptar ao mercado local e criar estratégias específicas para os consumidores brasileiros, com a colaboração com parceiros locais, ajustes na comunicação e oferta de serviços logísticos eficientes para atender às demandas locais.”
Sobre a logística na agenda dos executivos de Marketing, Piringer acredita que o ponto-chave é apostar em “estreita colaboração e com comunicação constante entre as equipes, garantindo assim a integração e o alinhamento para datas como Black Friday ou até mesmo para estratégias do cotidiano.”