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Com foco em integração, Maersk amplia investimentos em toda a cadeia logística

Publicado em 08/12/2021

Companhia tem investido na produção de contêineres e navios, além de aumentar o aporte em depots, caminhões e ferrovias e manifestar interesse em expandir a oferta de frete áereo


Foto: Divulgação

Em meio à maior crise portuária global em 65 anos e com os impactos ainda presentes da pandemia de Covid-19, a A.P. Moller - Maersk tem buscado a liderança na busca por soluções e melhoria da cadeia global de suprimentos. Um dos focos da companhia para 2022 é a integração logística, por meio da qual a Maersk tem investido na integração de modais e na solidificação da cadeia.

Em entrevista coletiva na manhã desta quarta-feira (8), o presidente da Maersk para a Costa Leste da América Latina, Julian Thomas, citou o faturamento de US$ 1 bilhão e destacou que o crescimento de 35% esperado para 2022 só é possível com o investimento em todos os segmentos da logística – a exemplo do interesse em adquirir a Senator Internacional e expandir a oferta de frete áereo.

“Temos uma forte aposta em armazenagem e Supply Chain Maganement, assim como na cadeia de frio. Também queremos entrar mais fundo no maior mercado que temos no Brasil por meio da nossa atuação na cabotagem, expandindo o nosso serviço para muito além do atendimento ‘porta a porta’ que já oferecemos. Na verdade, a pandemia tem mostrado a fragilidade e a necessidade de simplificação das cadeias de logística. estamos ouvindo dos nossos clientes que eles querem ter mais visibilidade, transparência e simplicidade na sua cadeia de provedores e dos processos.” – Julian Thomas, presidente da Maersk para a Costa Leste da América Latina.

A tecnologia é elementar nesse processo. Segundo Thomas, o maior investimento tem sido na digitalização. “Nossa aposta global é a padronização, dispondo de uma plataforma com produtos digitais que atendam às demandas dos nossos clientes da forma mais simples possível”, explicou, citando o Trade Lens, um produto da Maersk que visa conectar, por meio de Blockchain, todos os stakeholders do processo de logística.

“Temos investido em IoT e IA para prever demandas e assegurar cadeia de logística mais confiável”, pontuou o executivo.

ALTA NA DEMANDA MARÍTIMA

Essa integração, de acordo com Thomas, é fundamental para suprir a alta na demanda marítima, pois toda a cadeia logística se compromete quando há um aumento significativo no volume transportado, causando gargalos em todas as etapas. “Se temos um aumento de demanda nos navios, precisamos desenvolver os portos e, consequentemente, o modal ferroviário, que irá transportar a carga para outras regiões. Tudo está interligado.”

Visando atender à necessidade crescente de contêineres, o grupo iniciou uma série de ações para mitigar a escassez e otimizar a logística global.  “Disponibilizamos todos os nossos navios e liberamos a capacidade ociosa. Também reforçamos outros meios de transporte como barcaças, trens, caminhões, depots e feeders. Nós também reposicionamos os navios entre as rotas de comércio e portos de modo a obter maior eficiência”, explicou Thomas.

“O aumento de frete tem impactado os contratos spots. Os clientes com contratos de longo prazo, por sua vez, têm os seus valores honrados pela empresa. Essa parceria de longo prazo traz mais confiabilidade no serviço, o que beneficia tanto o armador quanto o cliente.” – Julian Thomas, presidente da Maersk para a Costa Leste da América Latina.

Há cerca de 350 navios de transporte de contêineres em todo o mundo estacionados fora de seus portos designados e sem espaço para atracar. Com 90% do comércio internacional realizado por via marítima, esta questão global não está apenas impactando a importação e exportação, mas também criando gargalos logísticos.

Neste contexto, a Maersk tem ido além dos portos, visando o desenvolvimento de uma logística de ponta a ponta, que vai desde a planta produtora até o ponto de venda, integrando todos os processos da cadeia e mitigando os gargalos logísticos.

FLEXIBILIDADE, AGILIDADE E RESILIÊNCIA

O presidente da Maersk explicou que o cenário atual de oferta e demanda fez com que as taxas de frete aumentassem, mas essa não é uma situação de longo prazo nem um cenário bem-vindo para as companhias de navegação. “Com uma lucratividade histórica de apenas 2% - inferior ao custo de capital - as operadoras não podem investir em medidas como capacidade de buffer e projetos de rede mais flexíveis”.

“Precisamos de uma nova maneira de ver as coisas, com flexibilidade, agilidade e resiliência atribuindo um valor no custo do produto. É por isso que, para construir a resiliência necessária e evitar uma situação semelhante no futuro, os remetentes, despachantes e outras partes interessadas precisam perceber que há um custo associado a tornar as cadeias de suprimentos mais resilientes. Dito isso, no entanto, esses custos iniciais mais altos resultarão em ganhos significativos de longo prazo para os clientes, à medida que o ecossistema melhora em geral. Então, o que precisamos fazer é descomoditizar o transporte e criar uma mentalidade de parceria.” – Julian Thomas, presidente da Maersk para a Costa Leste da América Latina.

PERSPECTIVAS PARA 2022

Diante dos impactos causados pela pandemia de Covid-19, o surgimento da variante Ômicron faz as atenções se voltarem para as perspectivas em relação a 2022. Julian Thomas explicou que, apesar de variante ser um exemplo de evento que pode causar impacto, ainda é cedo para avaliar como a Ômicron irá afetar a cadeia de logística. “Qualquer coisa que acontece em uma cadeia estressada tem impacto. Como a cadeia é totalmente interligada, um evento inesperado tem potencial impacto multiplicador.”

No entanto, para o próximo ano, o executivo acredita em um mercado mais preparado. “Com base nos pedidos feitos atualmente, é esperado um aumento da capacidade de navios em 22% do mercado mundial”, destacou. A entrega dos navios está programada para o período de 2021 a 2025, com maior volume em 2023.

Em relação aos contêineres, o presidente da Maersk destaca algumas ações, como a aquisição de novos contêineres e a diminuição do tempo que o contêiner leva para sair e voltar do porto. “Além disso, esperamos que as restrições impostas pela pandemia de Covid-19 sejam reduzidas com o aumento da vacinação.”

Em se tratando das demandas, o volume deve permanecer nos níveis atuais do segundo semestre de 2021, com previsão de aumento entre 2 e 4% em 2022