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Cubo Itaú anuncia hub para acelerar startups focadas no transporte aquaviário

Publicado em 12/07/2022

Expectativa é conectar empreendedores, empresas de grande porte, fundos de investimento e a área acadêmica; hub tem apoio das empresas Wilson Sons, Hidrovias, Porto de Açu e Radix

Por Christian Presa


Foto: Shutterstock

Uma oportunidade para o desenvolvimento do transporte aquaviário brasileiro: o Cubo Itaú, iniciativa do Itaú Unibanco e Redpoint eventures para promover ecossistemas de inovação, anunciou a criação do “Cubo Maritime & Port”, um hub para o desenvolvimento de startups focadas no setor marítimo-portuário. A novidade foi divulgada em coletiva para a imprensa nesta terça-feira (12).

Por meio do “Cubo Maritime & Port”, a expectativa é conectar startups, empresas de grande porte, fundos de investimento e a área acadêmica. Os empreendedores interessados em integrar o projeto podem se inscrever por meio do site oficial.

O Cubo Itaú nasceu em 2015, com o objetivo de fazer curadoria de startups com potencial de escalabilidade para impulsionar negócios e o cenário econômico. Atualmente, a iniciativa já tem hubs dedicados a áreas como health, fintech, agro e business, ESG e mobilidade urbana, com R$ 3 bilhões em aportes e investimentos.

Para o “Cubo Maritime & Port”, a aceleradora inicia as atividades com o apoio de quatro empresas mantenedoras: Wilson Sons, Hidrovias, Porto de Açu e Radix.

“A gente sempre se atrai por problemas que precisam ser solucionados no nosso país”, afirmou o CEO do Cubo Itaú, Paulo Costa, destacando a premissa do hub de avaliar possibilidades de iniciativas com potencial.

“As startups seguirão o mesmo processo de curadora que nós já fazemos. Isso é importante para que possamos entender o empreendedor e saber se ele está pronto para o que se propõe a resolver. É para sabermos se as startups estão prontas e dispostas a construir um ecossistema para o futuro. O 'Cubo Maritime & Port' vai avaliar o que a startup é e as empresas mantenedoras vão nos ajudar a ter essa visão em relação ao mercado.” – Paulo Costa, CEO do Cubo Itaú.

O CEO da Wilson Sons, Fernando Salek, declarou que a empresa – que já é mantenedora no Cubo Itaú desde 2019 – identificou no projeto uma oportunidade para promover inovação no setor. “Nós sugerimos a possibilidade de ter um hub específico e é com muito orgulho que estamos realizando esse projeto. Acreditamos que é um projeto que estimula conexões e cria um ambiente muito importante para que possamos desenvolver o segmento aquaviário e levá-lo a um outro nível”, declarou o executivo.

Segundo ele, trata-se de um momento inédito para o setor marítimo portuário, marcado pela transformação digital em escala, volume elevado de investimento privado e avanço nos marcos regulatórios. “Para aproveitarmos isso e traduzir em ganhos de eficiência e atuação sustentável na indústria, a gente precisa muito de inovação. É um elemento fundamental para cumprir essa ambição [...] de achar a equação de equilíbrio entre resultado a curto prazo e sustentabilidade a longo prazo. Não é fácil implementar isso.”

De acordo com o CEO do Porto de Açu, José Firmo, a participação da empresa no hub irá enfatizar dois grandes desafios do transporte aquaviário. O primeiro deles é em relação à colaboração. “[O intuito é] assegurar que não vamos tentar inovar sozinhos. Existem grandes ecossistemas no mundo trabalhando em nosso setor e nós queremos estabelecer parcerias para acelerar os negócios.”

O segundo ponto é, segundo Firmo, em relação à transição energética e a questão da redução de emissões de carbono, marcada pela "quase provável migração da energia líquida em energia verde". “[O Cubo Marimite & Port] não só é a maior oportunidade do ponto de vista do que está acontecendo no Brasil, mas uma grande oportunidade do setor portuário de se reinventar”, destacou.

Fábio Schettino, CEO Hidrovias, relacionou a criação do hub focado no transporte aquaviário com a questão que norteou o surgimento da própria Hidrovias: por que o país com a maior bacia hidrográfica do mundo não desenvolve o modal aquaviário? “Para um país com a quantidade de comodities a serem transportados que temos, a hidrovia é o modal mais eficiente e socialmente responsável, com impacto limitado no meio ambiente.”

O executivo comparou o cenário brasileiro com outros países. “Não faz sentido o Brasil ser um país predominantemente rodoviário se temos uma bacia hidrográfica tão rica. Nos Estados Unidos e na Europa, que são bem mais limitados, [o percentual de uso das hidrovias] é o dobro do nosso. Na china, é dez vezes maior que no Brasil.”

A iniciativa também traz como mantenedora uma empresa que não é diretamente relacionada ao transporte aquaviário: a Radix, que foi representada pelo CEO João Carlos Chachamovitz. “Nós oferecemos soluções de tecnologia e engenharia para resolver problemas dos nossos clientes e isso nos fez entrar na jornada de inovação”, declarou, dizendo que a ambição da empresa é atuar como a integradora do hub. “Vamos trabalhar junto com as startups para desenvolver conhecimento e projetos de valor, complementando as soluções das startups.”

COMBUSTÍVEL E TRANSIÇÃO ENERGÉTICA

Um tema destacado durante o anúncio do “Cubo Maritime & Port” foi a questão de combustíveis e a transição energética, demandas que integram com cada vez mais predominância a agenda do segmento.

Segundo Fábio Schettino, da Hidrovias, o setor precisa estar preparado para “o que vier”, incluindo nessa visão questões como a eletrificação de frotas e as metas globais, como o Carbono Net Zero. “Não existirá uma solução única”, enfatizou.

“Essa é a pergunta de R$ 1 bilhão”, disse o CEO do Porto de Açu, José Firmo, ressaltando que se trata de um momento de ruptura, no qual a sociedade reconheceu a inviabilidade do uso de combustível fóssil. “Não existe uma solução definitiva hoje. O mundo ainda não tomou essa decisão. Hoje, os grandes candidatos são LNG [liquified natural gas, ou gás natural liquefeito, em português], amônia verde, e-metanol, os diesels de baixo carbono e o biodiesel.”

Na visão do executivo, ainda não é possível adotar uma estrateégia de combustível único. “Certamente, esse combustível irá mudar e não será uma solução única. Para nós, o fundamental é ter uma estratégia flexível para possíveis transformações.”

Já Fernando Salek, da Wilson Sons, ressaltou a possibilidade de ver esse cenário como uma oportunidade de criar um ecossistema com a ajuda de startups. “Esse tema [a questão energética] é fundamental. Por isso, temos que atrair empresas para o hub e encorpar a discussão energética para encontrar e desenvolver soluções. Mas é preciso dosar o grau de pragmatismo nessa conversa para não demonizar as alternativas de transição enquanto a gente não chega lá. A certeza que temos é de que nada disso acontecerá no curto prazo e precisaremos investir para que transição aconteça de forma ordenada."