
A terceira reportagem da série “Gigantes da Logística” enfatiza como a Suzano, uma das maiores produtoras de papel e celulose do mundo, vem consolidando uma operação logística robusta, com infraestrutura que permite o atendimento tanto ao mercado interno quanto ao externo, incluindo exportações para mais de 100 países. A rede de 22 centros de distribuição para atender o negócio de papel e 30 centros de distribuição no total, 13 fábricas, 4 centros de tecnologia e 5 terminais portuários localizados estrategicamente pelo Brasil garantem uma capilaridade capaz de sustentar o crescimento da empresa.

Essa estrutura foi detalhada por executivos da companhia, que compartilharam perspectivas sobre os diferenciais, desafios e compromissos de sustentabilidade na operação.
“Produzimos aproximadamente 1,2 milhão de toneladas anuais de papel e embalagem,” revelou o diretor de Supply Chain da Suzano para Papel e Embalagens, Eduardo Botelho Lotti. A operação logística para esses produtos envolve desde o planejamento e transporte interno nas fábricas até a entrega final, abrangendo tanto o mercado doméstico quanto o externo.
No Brasil, a empresa cobre mais de 3,5 mil rotas, com entregas que variam de cargas fechadas a pequenos pacotes, inclusive para clientes CPF. “Nosso compromisso é realizar entregas no mesmo dia em regiões urbanas para pedidos recebidos até as 10h da manhã,” destacou Lotti, enfatizando o compromisso da empresa com a agilidade e eficiência no atendimento ao cliente.
Para a celulose, cuja produção é majoritariamente destinada ao mercado externo (cerca de 90-95%), a logística também é complexa e extensa. “Nossa logística consiste em retirar a celulose nas fábricas e levá-la aos portos, já que muitas unidades estão distantes deles. Operamos com transporte rodoviário e ferroviário, dependendo da proximidade”, explicou a head de S&OP e Logística da Suzano, Silvia Krueger Pela.
A operação de exportação, segundo Pela, concentra-se nos portos de Santos, Portocel e Itaqui, com dois terminais em Santos para facilitar o fluxo de exportação.
No setor florestal, que abastece a produção de celulose, a Suzano movimenta cerca de 43 milhões de m³ de madeira anualmente, transportados principalmente por rodovias. O diretor de Operações Florestais, Planejamento Estratégico e Negócios Florestais da Suzano, Fabian Bruzon, assegurou se tratar, de fato, de uma logística complexa. “Percorremos aproximadamente 230 milhões de quilômetros por ano e contamos com uma frota dedicada de cerca de 1.290 veículos, operando 24 horas por dia, 7 dias por semana.”
Além disso, a Suzano gerencia e mantém mais de 115 mil quilômetros de estradas internas, o que demanda uma estrutura robusta e controle rigoroso para garantir a segurança e eficiência das operações.
CAPILARIDADE E CONTROLE INTEGRADO
A rede de distribuição é um dos principais diferenciais logísticos da Suzano. “Na área de papel e embalagem, temos uma forte rede de distribuição nacional, cobrindo desde grandes cidades até pequenos municípios, com 22 centros de distribuição no Brasil,” afirmou Eduardo Lotti. No mercado externo, a operação é igualmente estruturada, com centros de distribuição na Argentina e na Europa, além de parcerias para last mile em outros países da América Latina, Europa e Estados Unidos.
Silvia Pela acrescentou que, no setor de celulose, a empresa possui um diferencial importante: os ativos dedicados à exportação. “Temos três portos principais e dez navios dedicados, o que nos permite oferecer flexibilidade e alta confiabilidade para nossos clientes no mercado externo”, disse. Essa infraestrutura proporciona à Suzano um controle maior sobre a logística internacional, especialmente para destinos como China e outros países da Ásia, que representam uma parte significativa do volume exportado.
Bruzon também declarou que a proximidade das florestas com as fábricas é um diferencial competitivo. “Na área florestal, nossa vantagem está na proximidade das florestas com as unidades industriais, especialmente em projetos como o Cerrado. Usamos analytics para otimizar a logística e gerenciar o consumo de combustível, o que aumenta nossa competitividade,” explicou o diretor.
CLIMA, SUSTENTABILIDADE E INSTABILIDADE GLOBAL
Manter uma operação desse porte apresenta desafios notáveis, especialmente em um país como o Brasil. Na logística florestal, um dos principais obstáculos é a continuidade da operação 24/7 em condições climáticas adversas. “Temos que estar sempre preparados para situações emergenciais, como interrupções por causa de clima ou questões sociais,” relatou Bruzon. Segundo ele, eventos climáticos extremos, greves e outras variáveis podem impactar o fluxo logístico e exigem um plano de contingência constante.
Para Silvia Pela, a área de celulose enfrenta desafios adicionais devido à instabilidade global. “A competitividade e a adaptação às instabilidades globais, como guerras e mudanças climáticas, são desafios constantes. Além disso, buscamos reduzir as emissões de carbono, especialmente nos navios, que representam nossa maior pegada de carbono”, ressaltou a executiva.
Segundo ela, essa preocupação com o meio ambiente é um dos pilares da Suzano. “Estamos constantemente buscando alternativas para reduzir o impacto ambiental de sua operação logística.”
No caso da logística de papel e embalagens, Eduardo Lotti comentou que a operação também sente os efeitos da volatilidade global. “Nos últimos anos, enfrentamos muitos desafios, como o impacto da Covid-19 e questões climáticas que afetam o transporte. Precisamos sempre de um plano B para assegurar a continuidade do Supply Chain,” enfatizou.
COMPROMISSO COM ESG E O FATOR HUMANO
Tendo o ESG como tema central, Fabian Bruzon destacou que a área florestal vem investindo em programas de diversidade e treinamento, com iniciativas como vagas afirmativas para mulheres motoristas. “Desenvolvemos o programa ‘Master Drives’ para formar motoristas altamente capacitados, com foco em segurança e eficiência,” explicou Bruzon. Segundo ele, a ideia é não apenas promover a inclusão, mas também criar uma equipe qualificada e preparada para lidar com os desafios diários da operação.
Eduardo Lotti complementou, mencionando a formação de lideranças como uma prioridade para a empresa. “Trabalhamos na formação de lideranças no Supply Chain e temos programas para desenvolver jovens talentos. Investimos no desenvolvimento interno para fortalecer nossa equipe e suprir a falta de profissionais qualificados no setor.” Hoje, a empresa possui programas de entrada para trainees e jovens executivos, buscando preparar novos líderes para atuar em operações que, como visto, são amplas e complexas.
Silvia Pela reforçou o compromisso com o desenvolvimento humano na Suzano, destacando que os programas de diversidade se estendem à operação de celulose. “Aplicamos programas de diversidade na celulose, com treinamento de caminhoneiras e operadoras de empilhadeira. A formação e o desenvolvimento de pessoas são valores fundamentais.”