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Infraestrutura: Norte e Nordeste podem receber até R$ 1,3 bilhão de recursos remanescentes

Segundo o Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional, medida tem como objetivo fomentar o desenvolvimento econômico e social nas duas regiões

Publicado em 16/12/2024 — por Christian Presa
Infraestrutura: Norte e Nordeste podem receber até R$ 1,3 bilhão de recursos remanescentes
BR-319 (Foto: DNIT)

Projetos de infraestrutura das regiões Norte e Nordeste receberão recursos remanescentes do Fundo de Investimentos do Nordeste (Finor) e do Fundo de Investimentos da Amazônia (Finam). Conforme publicação da Agência Brasil, o potencial de investimentos pode chegar a R$ 1,3 bilhão.

Os recursos serão transferidos aos atuais fundos de desenvolvimento da Amazônia (FDA) e do Nordeste (FDNE). Aprovado pela Câmara dos Deputados, o Projeto de Lei 4096/24 segue para sanção presidencial.

Os fundos Finor e Finam foram criados na década de 1970 como instrumentos para atrair investimentos privados às regiões menos desenvolvidas do Brasil. Apesar da redução das operações ao longo dos anos, os fundos ainda dispõem de saldos que, agora, serão redirecionados para iniciativas voltadas ao fortalecimento das economias locais.

AVANÇOS LOGÍSTICOS IMPULSIONAM O TRANSPORTE DE CARGAS

O potencial das regiões é evidente. Um exemplo é que, segundo dados divulgados pela Transvias, as regiões Norte e Nordeste estão vivenciando um crescimento no setor de transporte de cargas fracionadas. Enquanto o Norte teve alta de 15,89% nas consultas de transporte — subindo de 72.721 para 84.278 entre 2023 e 2024 —, o Nordeste apresentou um crescimento de 90,46%, atingindo 382.942 consultas no mesmo período.

No Norte, projetos como o BR-319 e a integração com setores como mineração e agroindústria, especialmente no Pará e no Amazonas, impulsionam a logística regional. “A região Norte é estratégica para o transporte de cargas no Brasil. As melhorias na infraestrutura estão permitindo maior agilidade e eficiência na movimentação de mercadorias”, declarou o gerente de Novos Negócios do Transvias, Célio Martins.

Enquanto isso, o Nordeste desponta como um polo estratégico de logística no Brasil, especialmente devido ao fortalecimento do varejo e do agronegócio. Estados como Pernambuco, Ceará e Bahia lideram investimentos em hubs logísticos e centros de distribuição, enquanto melhorias nos portos de Suape e Pecém, aliados às rodovias BR-101 e BR-116, garantem uma maior conectividade logística.

Para Célio Martins, esse crescimento não acontece por acaso. “O Nordeste está cada vez mais integrado à logística nacional, com operações mais eficientes e conectadas a uma economia que não para de crescer.”

DESAFIOS LOGÍSTICOS E OPORTUNIDADES NA REGIÃO AMAZÔNICA

Tanto o desenvolvimento de obras quanto a aplicação de recursos ganham relevância especial diante dos desafios logísticos enfrentados pelas regiões contempladas, sobretudo no Amazonas. Apesar dos avanços na região, o estado tem a pior estrutura logística do país e caiu duas posições em competitividade econômica. Os dados são do levantamento do Centro de Liderança Pública no relatório de 2023 sobre o Ranking de Competitividade dos Estados Brasileiros e constam em uma das reportagens da série “Logísticas do Brasil”, realizada pela MundoLogística.

Ainda de acordo com o levantamento, no quesito Logística, o estado tem a pontuação zero e aparece em último lugar no ranking entre as 27 unidades da federação, atrás do Acre (7,0), Pará (18,4) e Roraima (20,3). São Paulo está em primeiro lugar (100 pontos).

Um estudo da Confederação Nacional do Transporte (CNT) constatou que o Amazonas tem a pior rodovia do Brasil e o norte do país é a região com o maior número de rodovias federais em más condições. A entidade analisou a situação de 111 mil quilômetros de estradas em todo o país.

Para a MundoLogística, o diretor Comercial e de Experiência do Cliente da Norcoast, Fabian Lavaselli, enfatizou que Manaus, capital do estado, abriga um dos principais polos industriais do Brasil, no entanto, a localização geográfica traz um desafio logístico.

“Vale destacar que a região Amazônica apresenta características particulares que necessitam de atenção, como a grande dependência do modal fluvial, falta de alternativas de modais e de acessibilidade, falta de infraestrutura nas hidrovias e isolamento geográfico”, disse.

No caso do Nordeste, a região é considerada um hub estratégico para o Brasil, especialmente no que tange à logística portuária: em 2021, os portos nordestinos movimentaram mais de 330 milhões de toneladas de carga. No entanto, um dos desafios para potencializar as operações nos portos nordestinos é a infraestrutura.

O VP Comercial da Comexport, Rodrigo Teixeira, ressaltou que, apesar de os principais portos da região, como Suape e Pecém, já possuírem uma boa conexão internacional, há uma série de outros desafios de infraestrutura a serem enfrentados para suportar a chegada dos novos equipamentos, principalmente com a mudança de base tecnológica de boa parte dos armadores. “Os portos funcionam combinados com toda uma malha logística e essa malha representa um desafio no desenvolvimento dos portos regionais”, disse.

O PAPEL DAS EMPRESAS NA EXPANSÃO REGIONAL

Frente a esse cenário, empresas dos mais variados segmentos têm incluído essas regiões em suas estratégias de expansão logística. Em setembro, o Assaí Atacadista inaugurou o primeiro centro de distribuição da companhia no Amazonas, somando à estrutura que já conta com cinco CDs nas regiões Norte e Nordeste.

O Assaí chegou ao Norte do país em 2016 e, desde então, tem aumentado as operações na região. “Além da empresa e dos colaboradores, também apoiamos o crescimento da própria indústria, e muitos parceiros cresceram junto com a gente, o que é algo muito bacana de se ver. Procuramos também contribuir para a comunidade local”, destacou o diretor de Logística da companhia, João Andrade.

Outra iniciativa recente que também mescla a logística com a questão social é da Amazon, que implementou um projeto-piloto na comunidade do Catalão, em Iranduba (a 27 quilômetros de Manaus), visando atender as 86 famílias. A partir disso, a população da área passou a ter acesso à entrega de produtos em até dois dias.

Segundo o Country Leader da Amazon Logistics no Brasil, Rafael Caldas, a inclusão é a premissa do projeto. “Quando nos voltamos para essas regiões mais remotas, percebemos uma forte necessidade de inclusão e precisamos começar a atuar. Não importa que o custo seja maior; o que importa é que tenhamos a visão de que essa região estará completamente incluída e inserida no mundo”, disse.