Segundo a companhia, o controle de temperatura já faz parte das preocupações das empresas, diante das exigências da Anvisa; os picos de frio ou calor levam ao reforço e ampliação de ações, que visam evitar a deterioração dos medicamentos
Por Redação
Empresas têm reforçado as ações para garantir a integridade dos medicamentos (Foto: Divulgação)
Segundo análise da Temp Log, as ondas de calor, que elevaram as temperaturas em quase todo o Brasil, alcançando os 42 graus até mesmo no Rio Grande do Sul, chegaram a colocar o país em alerta no início da Primavera, após o registro de um dos invernos mais quentes desde 1961.
A previsão é de que também tenha recorde de calor durante o verão, causando impacto não apenas na saúde da população mas também em alguns setores da economia, como a logística de medicamentos.
De acordo com a companhia, o segmento já tem o rígido controle de temperatura como uma das suas principais preocupações, sempre buscando evitar a perda de eficiência do produto e o consequente prejuízo aos pacientes. Isso significa que já são adotadas estratégias para atender a demanda do mercado e as exigências dos órgãos reguladores, como a Anvisa.
No entanto, diante do atual cenário provocado pelo fenômeno El Niño, as empresas têm reforçado as suas ações, garantindo a integridade dos medicamentos. Uma delas envolve a ampliação do mapeamento térmico de rotas críticas, conforme destacou o diretor comercial da Temp Log, Ricardo Canteras.
Conforme explicação do executivo, diante dos fenômenos climáticos, esse mapeamento passou a ser feito duas vezes por ano, no verão e no inverno. Antes, acontecia apenas em uma ocasião. Porém, Canteras deixou claro que a mudança no procedimento não está ligada apenas aos dias quentes, pois quedas bruscas de temperatura também podem deteriorar alguns tipos de medicamentos.
“Ao aumentar o mapeamento térmico, descobrimos rotas mais críticas tanto no quesito de temperatura para cima quanto para baixo, pois os medicamentos também têm sensibilidade a temperaturas muito baixas. A maioria dos medicamentos biológicos devem ficar entre 2 e 8 graus, então há uma preocupação com o congelamento”, explicou.
“O mapeamento nos ajuda a detectar onde precisamos aplicar as ações, passivas ou ativas. Depois de realizar o mapeamento, temos que analisar qual é a expectativa de quem vai receber aquele medicamento e o prazo necessário para, então, definirmos a melhor estratégia”, explicou o também especialista em cadeia fria e logística farmacêutica”, ressaltou.
CONTROLE PASSIVO
O controle passivo, mencionado por Canteras, envolve o uso de embalagens isotérmicas, que variam conforme o perfil do produto e a distância a ser percorrida até o destino final. Já o controle ativo está ligado à utilização de veículos refrigerados, geralmente na última milha ou quando é um envio dedicado, com perfil maior e alto grau de exigência.
“Mas, em um país com dimensões continentais e com mais de cinco mil municípios, temos apenas abaixo de 10% da frota de carga brasileira com sistema de refrigeração. Mesmo se tiver demanda não há oferta de profissionais, de veículos, de equipamentos refrigerados. É preciso mesclar os tipos de operação”, disse o diretor da Temp Log.
Para isso, tem conversado com todas as transportadoras parceiras de forma a alertá-las sobre a necessidade de adequar, minimamente, os automóveis com isolamento térmico para atender não apenas os itens de cadeia refrigerada, mas também aqueles que exigem temperatura ambiente, de 15 a 30 graus.
Uma das ações em andamento é a inserção de isolamento térmico nos baús. Ainda não em 100% dos veículos, mas está sendo ampliado gradativamente. “Solicitamos a mesma medida dos nossos parceiros, que iniciem um cronograma de implementação do isolamento na sua frota para que, a médio prazo, seja um benefício para toda a cadeia logística da indústria farmacêutica”.
Segundo Canteras, no verão, quando há um calor muito forte em praticamente todo o Brasil, há um histórico de reclamações de clientes, sendo necessária a abertura de um relatório de desvio para analisar a não conformidade e identificar em que ponto houve a excursão de temperatura, quanto tempo durou e o histórico de anos anteriores.
“Com as excursões, acabamos tendo que iniciar toda uma investigação para verificar e tentar criar ações para melhorar a embalagem ou a rota para proteger o medicamento”.