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CEO da Águia Sistemas comenta expectativa de faturamento de R$ 600 milhões em 2024

 

Publicado em 18/04/2024

Em entrevista exclusiva para a MundoLogística, Rogério Scheffer também falou dos desafios do segmento no Brasil, a questão de escassez de mão de obra e as perspectivas da companhia

Por Christian Presa

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Rogério Scheffer, CEO da Águia Sistemas (Foto: Divulgação)

A Águia Sistemas, fabricante de estruturas de armazenagem e integradora de sistemas de movimentação e automação para intralogística, anunciou expectativa de faturamento de R$ 600 milhões para 2024. Ao longo deste ano, a companhia também prevê investimento de R$ 16 milhões em robótica, estruturas de armazenagem, transportadores e tecnologias de automação.

Segundo o CEO da Águia Sistemas, Rogério Scheffer, os números são justificados pela velocidade de transformação que o setor passou nos últimos anos — e a proposta da companhia é acompanhar e ser suporte dessa evolução.

“Com o aumento da capacidade produtiva, [estamos investindo em] incrementos no sentido da qualidade, da segurança e da otimização dos produtos. Esse é o principal investimento, mas também estamos investindo em desenvolvimento de produtos”, explicou.

Em entrevista exclusiva para a MundoLogística, o executivo também comentou os desafios do segmento no Brasil, a questão de escassez de mão de obra e as perspectivas da companhia para os próximos anos.

Leia na íntegra!


MUNDOLOGÍSTICA: A Águia Sistemas divulgou a expectativa de faturamento de R$ 600 milhões. Qual é o percentual de crescimento que um faturamento como esse representa para a companhia?

ROGÉRIO SCHEFFER: Na verdade, é uma adequação ao mercado, porque, após a pandemia de Covid-19, o mercado teve uma retração e uma deflação. A nossa principal matéria-prima é o aço, que chegou a ter uma deflação em torno de 35%, então, consequentemente, o preço do mercado também baixa.

O que faturamento contempla? Ou seja, o que está acontecendo na companhia para justificar esse número?

O nosso mix de produto tradicional é composto por 75% referente a estruturas de armazenagem e 25% de atividade de automação.

Outra informação divulgada pela companhia é o investimento de R$ 16 milhões em robótica, estruturas de armazenagem, transportadores e tecnologias de automação. Como vocês chegaram nesse valor e quais resultados vocês esperam desse investimento?

Nós estamos concluindo uma linha de produção bastante automatizada de componentes das estruturas, composta por uma linha de estampagem contínua, perfilação e solda robotizada. Então, tem uma célula com 10 robôs que dá um impacto bem interessante na produção. Com o aumento da capacidade produtiva, também tem incrementos no sentido da qualidade, da segurança e da otimização dos produtos. Esse é o principal investimento, mas também estamos investindo em desenvolvimento de produtos. Não posso citar os produtos porque a gente concluiu que deveríamos manter em sigilo até o final do ano, mas há uma linha de produtos na automação que será lançada e que também demanda parte desse investimento.

Além de tecnologia e automação, o que você considera prioridade para o setor de intralogística?

Como um fornecedor de infraestrutura de intralogística, a percepção que tenho é de que esse segmento entrou em uma velocidade de transformação maior com o advento da pandemia. Por esse segmento ter acelerado principalmente o e-commerce — que mudou parâmetros e expectativas, além de ter essa dinâmica de atender prazos curtos, frações pequenas, encomendas pequenas e um custo de última milha muito elevado —, você tem operações de picking com números gigantescos, impactando consequentemente a armazenagem, a separação e a expedição. São números muito relevantes e isso também afeta toda a parte de dados de comunicação e a inserção de tecnologias que facilitem essa atividade com produtividade, com custos mais baixos, com assertividade maior. Então, esse segmento acabou demandando uma aceleração dessa transformação do sistema de intralogística. Mas também é possível ver isso em outros setores, às vezes por motivos um pouco diferentes, mas que estão interessados em investir bastante com foco em otimização de espaço e automação.

Considerando essas demandas para o setor de intralogística e essa velocidade de transformação, quais são os maiores desafios que esse segmento encontra em um país como o Brasil?

A instabilidade, traduzindo isso para a previsão de demanda, é um dos desafios mais importantes. A outra questão que é um grande desafio é a assertividade no investimento que você vai fazer, porque é muito comum algumas empresas criarem uma expectativa de atender o seu requisito de necessidade de ganho de produtividade, de agilidade etc. e incorrer em alguns erros técnicos de projeto. Então, trabalhar com o conhecimento de dados, de informações da sua operação, é um desafio para aplicar isso a um projeto coerente e obter a performance que o cliente precisa e espera. Até porque você tem um custo de capital muito alto no país — que não é mais o mesmo com a queda de juros, mas ainda segue alto. É um CAPEX com tendência de ser mais caro do que em outros países. Então, a necessidade da assertividade do projeto é um grande desafio. [É preciso] se cercar de profissionais e empresas competentes para não errar.

Falando em profissionais, a edição de março da MundoLogística abordou especificamente da escassez de talentos no setor como um todo, tanto na área operacional quanto na gestão. Você diria que isso é algo que está acontecendo também no mercado de intralogística?

Ouve-se falar sobre a dificuldade de mão de obra como um todo. Acredito que exista uma oferta de talentos no segmento, mas o que não deve ser fácil é encontrar, acionar e contratar esses talentos porque muitos deles já estão bem empregados. Eles existem, mas talvez a demanda esteja mais acirrada.

Pensando no futuro, quais são as perspectivas da Águia Sistemas para 2024 e para os próximos anos?

Nós vemos um crescimento bem interessante e uma evolução tecnológica muito acentuada nos últimos anos, tanto que tivemos a oportunidade de concluir projetos muito relevantes no mercado, como 90% dos CDs da Amazon, os CDs do Mercado Livre, de distribuidoras de medicamentos, de indústrias alimentícias… enfim, para todos os setores. Nos posicionamos como integradores, de forma que nós já dominamos muito bem o segmento de estruturas de armazenagem, no qual somos líderes há vários anos. Desde 2003, iniciamos a complementação do nosso trabalho com a automação, com joint ventures com empresas internacionais bem relevantes no segmento. Hoje, a gente tem a capacidade de produzir muitas coisas, muitos equipamentos no setor de movimentação e de automação, além de termos expertise para integrar essas tecnologias complementares abaixo do nosso WCS, que é bastante amigável e faz interface com praticamente todos os WMS, o sistema operacional da empresa e o ERP. Como temos esse mix de estruturas, automação, software de controle, a gente está bem posicionado como integrador. E isso, gradativa e compulsoriamente, abre oportunidades com tickets maiores, para projetos de valores cada vez maiores. Adquirimos essa competência ao longo desses últimos anos e isso nos diferencia de muitos concorrentes que são mais, vamos dizer assim, mais nichados. Eles têm estrutura, mas não tem automação, e vice-versa. Estamos muito mais naquele conceito de one-stop-shop para entregar a solução completa para o cliente. Esse é o nosso propósito e acho que disso vêm as grandes oportunidades. Para 2024, a gente já tem uma carteira muito bem consolidada e, para 2025, estamos projetando muitas oportunidades de projetos grandes onde atuaremos cada vez mais fortemente como integradores.

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