A sustentabilidade, definitivamente, entrou na rota das organizações e suas políticas, práticas e estratégias alcançam diferentes áreas de um negócio, incluindo a logística.
Para termos maior clareza desse cenário, uma pesquisa divulgada este ano pela Gartner apontou que, para 69% dos CEOs de empresas globais, a sustentabilidade abre uma janela de oportunidades de crescimento e as lideranças têm investido em ações que abarcam:
- A descarbonização de suas operações;
- Economia circular com foco na redução de desperdícios;
- Investimentos em inovação;
- Uso de fontes eficientes e renováveis de energia.
E o Brasil tem avançado de modo positivo nessa agenda: segundo estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI), 98% das empresas entrevistadas adotam pelo menos uma ação de sustentabilidade em suas políticas internas – como, por exemplo, iniciativas para que se evite o desperdício de água e energia – ao passo que 63% das indústrias pretendem aumentar os investimentos em práticas sustentáveis.
E, no plano logístico, é válido citar que o mercado de logística verde deve movimentar, já em 2024, cerca de US$ 1,2 trilhão em investimentos ao redor do mundo, segundo projeção da consultoria Mordor Intelligence.
Conforme explicamos em publicação recente, a logística verde (green logistics) pode ser definida como um conjunto de esforços das empresas no sentido de reduzir o impacto ambiental de suas operações, sem que se abra mão de experiências positivas para os clientes e seus respectivos ganhos financeiros.
Levando em conta todo esse contexto, separamos algumas dicas e exemplos de empresas bem-sucedidas na implementação de políticas de sustentabilidade em suas operações logísticas.
BENEFÍCIOS DA LOGÍSTICA SUSTENTÁVEL
De modo direto, os modelos logísticos que seguem princípios de sustentabilidade tem uma meta clara que se alinha com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas e com o fortalecimento dos debates sobre ESG no ambiente de negócios brasileiro e global: reduzir a emissão de CO2 e agentes poluentes no transporte de cargas.
Mas há outros objetivos relacionados que são levados em conta na “equação” da logística verde:
- Melhoria do controle sobre os indicadores de sustentabilidade e da medição de emissões de carbono nas operações logísticas – dados importantes, por exemplo, para relatórios usados por fundos de investimento;
- Ganhos de eficiência operacional e redução de custos com manutenção de frotas e combustíveis;
- Promoção da circularidade e otimização dos processos de logística reversa;
- Maior respaldo com consumidores – em uma pesquisa recente da Boston Consulting Group, foi constatado que 89% dos consumidores brasileiros se preocupam com as práticas sustentáveis das empresas na hora de realizar uma compra.
Ato contínuo, os benefícios da implementação de políticas de sustentabilidade em uma operação logística alcançam desde a redução de gargalos financeiros – que pode ser observada de modo evidente na eletrificação de frotas é capaz de gerar uma economia de R$ 1,32 no custo por quilômetro rodado, na comparação com veículos a diesel – até a adequação das empresas as regulações ambientais do país.
EXIGÊNCIAS REGULATÓRIAS
Sobre a questão regulatória, aliás, é sempre importante lembrar que, para além de um viés consciente das empresas, há leis já em voga no Brasil que, para que possam ser cumpridas, em maior ou menor escala, exigem o envolvimento da área logística.
É o caso da Política Nacional do Meio Ambiente (Lei Nº 6.938/81) que aborda, dentre outros pontos, a necessidade de proteção dos ecossistemas, com a preservação de áreas representativas; e da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), legislação que estabeleceu diretrizes para o gerenciamento adequado de descartes, incluindo a responsabilidade compartilhada entre fabricantes, importadores, distribuidores e consumidores na destinação correta dos produtos ao final de sua vida útil, sendo a PNRS um importante vetor da logística reversa no país.
LOGÍSTICA VERDE NA SUA EMPRESA
Há alguns passos que as empresas podem adotar para otimizar ou iniciar a adoção mais efetiva de políticas de sustentabilidade na área logística. Podemos citar, nesse sentido:
- O estudo e implementação de novas tecnologias para o monitoramento do uso de combustíveis, impactos ambientais e desgaste de veículos;
- Estruturação de indicadores de sustentabilidade logística e foco na digitalização das operações para eliminar ou minimizar o uso de papel;
- Controle do uso de água e energia em armazéns e centros de distribuição;
- Investimentos em produtos e embalagens biodegradáveis;
- Análise das práticas de sustentabilidade de fornecedores;
- Otimização das práticas de logística reversa e reaproveitamento de resíduos/matérias-primas;
- Estudo dos índices de eficiência na gestão das frotas logísticas.
3 exemplos de empresas com políticas de sustentabilidade na logística
No Brasil, diferentes empresas contam com cases robustos de logística verde. A Natura, por exemplo, conta desde 2001 com o Programa Carbono Neutro, visando a redução da emissão de poluentes em sua cadeia operacional.
Já a HP conta com pontos de descarte e ações para a redução de danos ambientais que passam pela logística reversa a partir do “HP Planet Partners Brasil”. Em linha semelhante, o Boti Recicla, do Grupo O Boticário, incentiva consumidores a devolverem embalagens para reutilização, contando com mais de 4 mil pontos de coleta pelo país.
São iniciativas que podem inspirar empresas de todos os portes dentro de sua adoção de políticas de sustentabilidade, uma demanda que cresce no mercado, é exigência dos consumidores e, sem dúvidas, pode ser acelerada por meio da área logística.