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Eletrificação de frotas esbarra em falta de marcos regulatórios e infraestrutura, diz pesquisa

Publicado em 08/06/2022

Estudo inédito considerou operações de last mile e distribuição e teve a participação de 16 gigantes brasileiras, como Grupo Carrefour, Amazon, EcoRodovias, Ambev, Natura e Suzano

Por Christian Presa, com informações de Assessoria de Imprensa


Foto: Shutterstock

Uma pesquisa realizada pelo Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS) mapeou os principais desafios e oportunidades para a eletrificação do transporte de cargas brasileiro. De acordo com as 16 companhias participantes, uma das dificuldades centrais é a falta de marcos regulatórios e fomento ao uso de veículos elétricos.

O levantamento considerou a perspectiva em operações como a logística de entregas last mile e o deslocamento de longas distâncias para equipamentos e suprimentos.

O grupo de empresas – que inclui gigantes como Grupo Carrefour, Amazon, EcoRodovias, Ambev, Natura e Suzano – considerou que avanços em legislação e normas podem gerar um ambiente favorável e juridicamente seguro para investimentos na adoção de veículos elétricos à frota. Outras questões identificadas foram a necessidade de se dispor de infraestrutura de carregamento – bem como sistemas e tecnologias que facilitem a gestão de dados – e o fomento à colaboração entre os setores envolvidos.

Porém, mesmo diante da falta de política de incentivos, o estudo encomendado pelo Instituto Clima e Sociedade (ICS) apontou cenário positivo para o investimento na eletrificação da frota. Um dos motivos é o movimento das empresas em prol de zerar emissões de CO2: até 2030, parte das companhias entrevistadas têm o objetivo de alcançar o ápice de 100% da energia comprada de fontes renováveis e, por isso, já são usuárias ou estão em processo de implementação de veículos elétricos.

VANTAGENS: CUSTOS E QUESTÃO AMBIENTAL

Diante da alta acelerada do diesel, que disparou 41,48% entre fevereiro de 2021 e fevereiro de 2022, as empresas respondentes comentaram a vantagem comparativa da operação com carros elétricos. As gigantes também citaram o desenvolvimento de novas tecnologias para descarbonização da logística, o aumento dos compromissos do mercado com as agendas globais e intersetoriais e a geração de dados a partir de projetos concretos existentes como importantes avanços que podem ser alcançados com a eletrificação da frota.

Segundo o Painel Intergovernamental para a Mudança do Clima na ONU (IPCC), A indústria de transportes é responsável por 14% de todo o CO2 emitido globalmente. No Brasil, o setor energético foi responsável por aproximadamente 18% das emissões totais de CO2 em 2020, segundo o Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (SEEG). Desse montante, o setor de transportes foi responsável por cerca de 47%, com tendência de aumento.

ADESÃO A FROTAS ELÉTRICAS

Atualmente, a adesão a frotas elétricas é uma realidade que se manifesta quase como que um projeto experimental no Brasil. De acordo com o relatório “Eletromobilidade – Uma das soluções para alcançar a neutralidade de carbono”, elaborado pela Confederação Nacional do Transporte (CNT) e divulgado em março deste ano, o mercado de caminhões elétricos ainda está em fase de consolidação no Brasil. O mesmo levantamento traz dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) sobre o licenciamento de caminhões e ônibus elétricos no país: entre 2021 a 2022, foram apenas 376 veículos licenciados – um número, de acordo com a CNT, “pequeno para o potencial que o Brasil possui e [...] que evidencia o longo trajeto a ser percorrido”.

Isso não quer dizer, no entanto, que as empresas não estejam caminhando rumo a esse cenário. Em reportagem especial produzida pela MundoLogística, empresas como Magalu e Danone descrevem os projetos de eletrificação da frota, enquanto BYD Brasil e Mercedes-Benz destacam os esforços para fazer o recurso ser cada vez mais viável no Brasil.