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Fenatran 2022: Empresas ressaltam tecnologia como necessidade no transporte de cargas

Publicado em 11/11/2022

Durante a 23ª edição da feira, ficou evidente o interesse de fortalecer o papel da digitalização como meio de obter ganhos que vão de segurança e visibilidade a desenvolvimento de carreira

Por Christian Presa


Foto: Divulgação

Termina hoje (11) a Fenatran 2022, que reuniu entidades, montadoras, operadores logísticos e transportadoras. Nesta 23ª edição, ficou evidente o interesse das empresas de fortalecer o papel da tecnologia como meio de obter ganhos nas mais diversas perspectivas – de segurança e visibilidade da operação a desenvolvimento de carreira.

No caso da Cobli, plataforma de inteligência que oferece visibilidade das operações, a visão é de que, apesar dos avanços, o setor de transporte ainda está nos ritos iniciais quando o assunto é adesão tecnológica. “Nós temos a visão de que a logística é um setor que ainda tem a tecnologia muito arcaica e isso dificulta que os profissionais tenham ganhos efetivos”, comentou o presidente e co-fundador da empresa, Rodrigo Mourad.

A ideia é, portanto, contribuir para ampliar horizontes. De acordo com o executivo, a Cobli prevê investimento de mais de R$ 30 milhões em pesquisa e desenvolvimento para otimizar a plataforma nos próximos 12 meses.

Na Fenatran, a empresa apresentou os dois produtos principais do portfólio. Um deles é a ferramenta de gestão de frotas ampla – que possui viés de dados e abrange etapas como roteirização, monitoramento e prova de conclusão de entrega. “É um sistema feito para integrar tudo e ser como se fosse o cérebro da logística, tratando os dados para se ter uma fonte única da verdade”, explicou Mourad.

Porém, o carro-chefe da empresa é, provavelmente, a Cobli Cam, produto de videotelemetria lançado há um ano que cria alertas de fadiga, direção perigosa e demais informações que, na opinião de Mourad, são relevantes para os gestores de frota. “Câmera não é um conceito novo para ninguém, mas usado dessa forma sim. É um serviço barato e possui uma inteligência artificial que realmente funciona.”

Mourad ressaltou que, apesar de dispor de benefícios notáveis, o uso de tecnologia esbarra na dificuldade de implementação. “Muito do nosso trabalho é garantir que a implementação será simples, pois muitos gestores querem digitalizar, mas encontram dificuldades. Por isso, o que nós fazemos é automatizar o que for possível dentro dos sistemas que a empresa já usa e auxiliar na implementação da nossa tecnologia.

Além dos ganhos operacionais, uma outra vantagem destacada pelo executivo é o desenvolvimento de carreira – tanto para os gestores, quanto para o time. “Nós oferecemos treinamentos e apresentamos referências, tanto no Brasil quanto fora, de boas práticas que podem ser de valor. Isso para ajudar as empresas a entenderem os benefícios de digitalizar.”

TECNOLOGIA É ALIADA DA SEGURANÇA

Segundo Rodrigo Mourad, mesmo sem interferência de gestores, a câmera ajuda a reduzir cerca de 60% dos incidentes de risco em três meses de uso. Trata-se de um cenário de valor para empresas que buscam driblar os desafios que o TRC ainda tem quando o assunto é ter operações seguras. Segundo levantamento divulgado pelo Sindicato das Empresas de Transporte de São Paulo (SETESP), dados apurados em 2021 apontaram uma média de 90 ocorrências por mês somente no estado.

As empresas que trabalham esse segmento sempre tratam muito sobre prevenção de acidentes, comportamento do motorista, telemetria, vídeo, sensor de fadiga e outras coisas. Nós temos toda essa parte, mas precisamos agregar inteligência nesse negócio. Nós conseguimos unificar tecnologia embarcada a outras plataformas para que não haja troca de contexto.

É nesse cenário que a Trimble, empresa americana de tecnologia para transporte e logística, aposta na inteligência artificial de ponta a ponta como forma de frear as estatísticas de ocorrências. Na Fenatran, a empresa lançou um sensor de fadiga, equipamento de entrada para iniciar o processo de digitalização das companhias.

“Todo mundo fala sobre prevenção, mas estamos dando um passo a frente. A ideia é identificar comportamentos de risco antes que eles resultem em situações de risco. É o que nós chamamos de predição”, descreveu o ferente comercial da empresa, Rogério Perugini.

Outras soluções de destaque no estante da Trimble durante a feira foram o reconhecimento facial e a trilha de desenvolvimento para auxiliar as empresas no aperfeiçoamento da relação entre tecnologia e segurança. Segundo Perugini, a proposta é promover esse desenvolvimento em comparação às outras empresas do mercado.

“Nossa ideia é para de agir no atacado e agir com foco nos profissionais, conectando os mundos físico e digital [conceito que tem se tornado conhecido sob o nome de ‘figital’]”, pontuou o gerente comercial.

De acordo com Perugini, a tecnologia também é uma forma de humanizar a gestão de frotas por meio do que ele chamou de “politica de consequência”. “Isso vale tanto para boas práticas quanto para práticas não recomendadas. Além de identificar os motoristas com práticas a serem mudadas, também é possível mapear os melhores profissionais e reconhece-los por isso.”