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Frete rodoviário registra maior alta desde fevereiro de 2021, segundo Índice da Fretebras

Publicado em 22/06/2022

Caminhoneiros autônomos começam a repassar o custo do transporte, porém cenário ainda não acompanha a nova alta de 14,26% no diesel, anunciada na semana passada pela Petrobras

Por Redação


Foto: Shutterstock

Após sucessivos aumentos no diesel, o preço do frete rodoviário finalmente começa a dar indícios de alta – ainda que sem acompanhar a escalada de preço do combustível. Os dados são da edição de maio do Índice Fretebras do Preço do Frete (IFPF). Entre maio de 2021 e maio de 2022, o custo do transporte por quilômetro rodado por eixo atingiu alta recorde de 3,79%, desde fevereiro de 2021 quando o índice começou a ser divulgado, enquanto o preço do diesel S500, no mesmo período, subiu 53,11%.

Com a nova alta de 14,26% anunciada em 17 de junho pela Petrobras, a expectativa da Fretebras é que os caminhoneiros autônomos intensifiquem as negociações dos fretes, para tentar compensar a escalada no custo do transporte.

No dia 17 de junho, a Fretebras realizou uma enquete com mais de 1.300 motoristas. O resultado apontou que 54,9% dos respondentes afirmou ser favorável à greve nos próximos três meses, após nova alta no combustível. Ainda mais, 44,8% dos participantes dizem que consideram deixar a profissão em breve, pelo mesmo motivo.

Segundo o diretor de Operações da Fretebras, Bruno Hacad, apesar das iniciativas do Governo Federal de gerar mudanças positivas, como o teto do ICMS e a redução do gatilho nos ajustes da tabela de preço mínimo, o principal fator que influencia no valor dos fretes é a lei de oferta e demanda. “Se os caminhoneiros não aceitarem mais viajar a um preço que não compensa, naturalmente o valor do frete vai aumentar. Está nas mãos dos próprios caminhoneiros a força para influenciar o preço no curto prazo, mas para isso eles precisam saber calcular bem os custos do trajeto”, explica.

O executivo destaca que o cenário representa desafios na rotina dos caminhoneiros, que precisam avaliar diariamente para optar por fretes que sejam vantajosos.

“Nós entendemos a real dificuldade do caminhoneiro em fazer o cálculo dos gastos. Por isso, incluímos no nosso aplicativo uma calculadora de custo do frete que permite a qualquer motorista saber a despesa do trajeto antes de negociá-la. Outro fator que dá mais poder de negociação para o motorista é ter muitos fretes à disposição. Nós notamos que nossos caminhoneiros parceiros têm rodado com mais lucro, justamente porque podem escolher entre milhares de fretes que temos disponíveis na nossa plataforma. É um reequilíbrio na balança das negociações.” – Bruno Hacad, diretor de Operações da Fretebras.

De abril para maio de 2022, o aumento do preço do frete foi de apenas 0,98%, e o preço do diesel subiu 3,67%, reforçando essa disparidade entre os reajustes.

Os dados que compõem o Índice Fretebras de Preço do Frete (IFPF) têm base na análise de 4 milhões de fretes cadastrados até maio de 2022. A plataforma possui mais de 700 mil caminhoneiros cadastrados e 18 mil empresas assinantes, com fretes que cobrem 95% do território nacional. Foram analisados também os preços de combustíveis publicados pela ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), principal índice de preço de combustíveis no Brasil.

SUDESTE E SUL REGISTRAM MAIORES ALTAS NO PREÇO DO FRETE

Os dados do IFPF mostram que o valor médio do frete por quilômetro por eixo no Brasil foi de R$ 1,02, em maio. As regiões Sudeste e Sul apresentaram o quilômetro por eixo mais caro no período, ficando em R$ 1,04 e R$ 1,03, respectivamente. Os valores mais baixos foram registrados no Norte e Nordeste, onde o frete custava R$ 0,99.

Na comparação entre maio do ano passado e maio deste ano, a maior alta no preço do frete foi registrada no Sudeste, que aumentou 7,20%. A região Sul apareceu logo em seguida, com alta de 4,10%. Segundo a empresa, as altas são indícios de que o mercado começa a fazer o repasse do aumento dos custos. O Norte e Nordeste, por sua vez, viram o preço médio do frete por km rodado por eixo cair 8,44% e 2,13%, respectivamente, no comparativo anual.

De abril a maio de 2022, a região Norte registrou o maior aumento (7,76%), seguida do Centro-Oeste (2,06%). Nas demais regiões, o preço ficou praticamente estável.

AGRONEGÓCIO TEM OS FRETES MAIS CAROS

O índice da Fretebras levanta dados dos setores que mais movimentam a economia brasileira. A pesquisa mostra que os fretes do agronegócio foram os mais altos registrados em maio de 2022, sendo fixados em R$ 1,03 por km rodado por eixo. Logo em seguida aparecem os fretes de produtos industrializados, que chegaram ao valor médio de R$ 1,02. Por fim há os fretes de insumos para construção, que ficaram em R$ 1,01 por km rodado por eixo.

Na variação anual, os fretes para produtos industrializados registraram aumento de 4,17%. No agronegócio, o valor dos fretes aumentou 3,92%.  Já os fretes de insumos para construção subiram 1,31% em comparação com maio de 2021.

Quando comparados os dados de abril a maio de 2022, o setor de construção civil teve aumento de 2,29%. Os fretes de produtos industrializados registraram alta de 1,13%. Já no agronegócio houve queda de 0,04% no valor do frete.