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Ruanda lança primeira rede global de entregas com drones

Publicado em 17/10/2016

Serviço garante até 150 voos diários, em caso de emergências médicas

No dia 14 de outubro, o presidente de Ruanda, Paul Kagame, lançou o primeiro serviço mundial de entregas com drones, durante uma cerimônia realizada no distrito central de Muhanga. A partir desse lançamento, o governo de Ruanda começará a utilizar drones para fazer até 150 entregas urgentes e on demand, por dia, de bolsas de sangue para salvar vidas, em 21 instalações de transfusão localizadas na parte ocidental do país.

Os drones e o serviço de entrega são construídos e operados pela Zipline, uma empresa de robótica, com sede na Califórnia. Enquanto o serviço de entregas com drones focará, inicialmente, no transporte de sangue, uma parceria existente entre a UPS, a Gavi (Aliança Global para Vacinas e Imunização) e a Zipline ajudará o país a expandir rapidamente o serviço a todos os tipos de medicamentos e vacinas, essenciais para a sobrevivência da população, passíveis de serem transportados por drone.

“Os drones são recursos de grande utilidade, tanto em âmbito comercial, quanto para melhorar os serviços do setor de saúde. Estamos muito felizes e orgulhosos em lançar essa tecnologia inovadora e continuar a trabalhar com os nossos parceiros, no seu desenvolvimento”, afirma o presidente de Ruanda, Paul Kagame.

O problema global
Em todos os países em desenvolvimento, o acesso a produtos de saúde críticos e que podem salvar vidas é prejudicado pelo conhecido last mile problem (o problema da última milha): a incapacidade de transportar os medicamentos necessários de uma cidade para locais rurais ou remotos, devido à ausência de transporte adequado, comunicação e infraestrutura de Supply Chain.

Em Ruanda, a hemorragia pós-parto é a principal causa de morte entre as mulheres. O sangue para a transfusão exige armazéns e transporte com controle de temperatura e soluções rápidas para os resíduos. Como existe uma grande variedade de produtos envolvidos em uma transfusão de sangue e não há forma de projetar ou prever as necessidades futuras, muitas das clínicas de transfusão não têm em estoque todo o sangue de que precisam.

Durante a longa estação das chuvas em Ruanda, muitas estradas ficam inundadas e lamacentas, tornando-se intransitáveis, ou mesmo, inexistentes. O resultado é que, muitas vezes, pessoas em risco de vida e que necessitam de uma transfusão rápida não têm acesso ao sangue de que necessitam, devido ao estado das estradas.

A solução
A rede nacional de entregas com drones, em Ruanda, permite que todas as clínicas de transfusão de sangue, no ocidente do país, possam efetuar pedidos de emergência, por mensagem de celular. Esses pedidos são, então, recebidos pela Zipline, em seu centro de distribuição, localizado na região de Muhanga, onde tem uma frota de 15 drones, chamados Zips.

Cada Zip pode voar até 150 km, em um percurso de ida e volta, mesmo com vento e chuva, e transportar 1,5 kg de sangue, o que é suficiente para salvar a vida de uma pessoa. Os Zips decolam e aterrizam no centro de distribuição e realizam a entrega, descendo até próximo do solo, onde deixam a encomenda em um local chamado “mailbox”, que se encontra próximo dos centros de saúde.

Ruanda planeja expandir a rede de drones da Zipline para a parte oriental do país, já no início de 2017, colocando ao alcance de cada um dos 11 milhões de cidadãos a entrega imediata de medicamentos cruciais para a sobrevivência.

“A incapacidade de fornecer medicamentos críticos a pessoas que realmente precisam deles provoca milhões de mortes todos os anos, em todo o mundo. A Zipline quer ajudar a resolver esse problema de forma definitiva. Nós procuramos construir um sistema de entrega imediata, em âmbito global, permitindo que os medicamentos e os produtos médicos sejam entregues on demand e a baixo custo, em qualquer lugar”, ressalta o CEO da Zipline, Keller Rinaudo.

Ruanda e não só
Prevê-se que a parceria comercial entre Ruanda e a Zipline possa salvar milhares de vidas, ao longo dos próximos três anos. Por meio desse esforço, Ruanda assume a posicição de liderença no uso de tecnologia de ponta, para superar a ausência de infraestruturas rodoviárias, permitindo o acesso a assistência médica aos seus 11 milhões de habitantes.

Esse projeto é apoiado por uma parceria global entre a Zipline, a UPS e a Gavi. Graças a um investimento de US$ 1,1 milhões por parte da Fundação UPS, a parceria está estudando a operação de transporte de sangue em Ruanda, com o objetivo de ajudar o país a expandir rapidamente esse serviço a todos os tipos de medicamentos e vacinas que podem salvar vidas.

Mediante a ampla rede de infraestrutura e expertise logística da UPS, do profundo conhecimento da Gavi em saúde pública e vacinação, e da tecnologia de ponta de entregas last mile da Zipline, a parceria espera utilizar o conhecimento adquirido em Ruanda e exportá-lo para todo o mundo.

A expertise em logística e os recursos da UPS vêm desempenhando um papel fundamental na ampliação do alcance desse importante trabalho. A empresa foi responsável pelo transporte de todo o sistema da Zipline, da Califórnia para Ruanda, em tempo recorde, utilizando um avião de carga “Browntail” e ajudando a garantir a construção do seu centro de distribuição em apenas quatro semanas.

“Uma das mais importantes áreas de foco da Fundação UPS é ajudar e participar na criação de parcerias público-privadas, que criem escalas poderosas e potencializem o impacto significativo no apoio e na ajuda humanitária global. A crença partilhada na capacidade de salvar vidas, por meio da inovação, combinada com a visão vanguardista de Ruanda, representa, agora, não só um avanço na logística humanitária e na logística, de uma forma geral, em todo o mundo, mas também é uma evolução no que diz respeito à capacidade de salvar vidas. Esse é o momento em que a parceria entre a Fundação UPS, Gavi e Zipline tem mais importância, devido ao sucesso das primeiras missões operacionais dedicadas ao transporte de sangue. Manteremos o nosso foco no que o futuro pode revelar relativamente a outros produtos cruciais para a sobrevivência humana, tanto em Ruanda, qaunto no resto do mundo”, analisa o presidente da Fundação UPS e diretor de Diversidade e Inclusão da UPS, Eduardo Martinez

Seth Berkley, CEO da Gavi, afirma que os drones têm o potencial de revolucionar o alcance a comunidades remotas, possibilitando o transporte de produtos médicos urgentes. “Com essa tecnologia, podemos acelerar significativamente a entrega de sangue ou vacinas a alguém que tenha sido exposta à raiva ou outras doenças, o que pode ser a diferença entre a vida e a morte. Esse projeto também servirá como um importante teste para averiguar se os drones são um caminho viável para melhorar a vacinação em todo o mundo. Todas as crianças merecem uma vacinação básica e que possa salvar as suas vidas. Essa tecnologia pode representar um importante passo nesse sentido.”

Ao longo do próximo ano e com o apoio da parceria com a UPS e a Gavi, a Zipline tem planos para expandir os serviços de entrega com drones para países em todo o continente africano e americano. Além disso, a Zipline anunciou, recentemente, na Casa Branca, o objetivo de expansão do seu serviço nos Estados Unidos, onde servirá reservas indígenas em Maryland, Nevada e Washington.