De acordo com o estudo "Own Your Transformation", do IMB IBV, 53% dos executivos brasileiros de Supply Chain utilizaram novas tecnologias para acabar com interrupções na cadeia de suprimentos
Por Walker Batista *
Tecnologia nos processos logísticos (Foto: Divulgação)
A gestão eficiente da cadeia de produção sempre foi um desafio para as empresas, mas com os avanços tecnológicos e a crescente complexidade do mercado global, essa tarefa se tornou ainda mais crucial. Nesse cenário, a abordagem integrada na otimização da produção emerge como uma ferramenta indispensável para aprimorar cada etapa do processo de suprimentos.
De acordo com o estudo "Own Your Transformation", do IMB IBV (Institute for Business Value), 53% dos executivos brasileiros de Supply Chain utilizaram novas tecnologias para acabar com interrupções na cadeia de suprimentos. Além disso, cerca de 60% dos entrevistados estão utilizando abordagens preditivas nas operações da cadeia de suprimentos como forma de gerenciar riscos.
Diante de uma série de novos desafios e complexidades, ter uma produção otimizada se torna essencial. Confira a seguir os benefícios da abordagem integrada na otimização na cadeia de suprimentos.
GESTÃO DA CAPACIDADE DE PRODUÇÃO
A gestão eficaz da capacidade de produção é fundamental para maximizar a eficiência de uma empresa, buscando evitar gargalos e garantir o atendimento à demanda. Com ela, as companhias podem atender a necessidade dos clientes de forma consistente e eficiente, minimizando custos desnecessários.
Para uma gestão eficaz, é possível adotar estratégias robustas, como, por exemplo, analisar constantemente os possíveis gargalos produtivos ou ociosidades frente às demandas para um determinado horizonte. Pela natureza específica de cada ação, para mitigação desta sobra ou falta de capacidade, deve-se considerar o adequado horizonte de tempo para tomada de decisão, claro que levando em consideração as especificidades do negócio.
Por exemplo, para o curto prazo, as possibilidades se restringem a rápidos movimentos na operação, como: horas extras; mudanças de mix, férias etc. São ações que objetivam cobrir imprevistos ou desvios por oportunidades.
Já para o médio prazo, pode-se pensar em contratar novos turnos de produção, desenvolver os produtos em novas linhas, buscar alternativas de novos fornecedores, dentre outras. Ou seja, são movimentos que requerem um nível de esforço maior.
E, para horizonte de longo prazo, mudanças mais estruturais são possíveis, como: aquisição de novas tecnologias; ampliação estrutural de fábricas; contratação de novos armazéns, etc. A consideração de investimentos estratégicos é essencial, avaliando a necessidade de investir em tecnologia e equipamentos para aumentar a capacidade produtiva e alinhá-los com as projeções de crescimento.
Essas estratégias combinadas contribuem para operações mais eficazes e econômicas na cadeia de suprimentos.
PREVISÃO DE DEMANDA
A previsão de demanda é uma parte fundamental do planejamento estratégico e operacional de uma organização e envolve uma diversidade de fatores na estimativa da quantidade de produtos ou serviços que os clientes irão demandar em um determinado período.
Ela reside em diversos aspectos, como a análise de dados históricos, padrões sazonais e tendências, e a colaboração com os stakeholders, sendo informações valiosas sobre as mudanças nas propensões do mercado.
Além disso, com o uso da Inteligência Artificial e Machine Learning, é possível implementar algoritmos para analisar grandes conjuntos de dados, ajustando-se automaticamente a padrões em mudança e melhorar a precisão ao longo do tempo. Isso permite uma resposta mais rápida às flutuações do mercado e evita perdas de faturamento ou excesso de produto por erros de previsão.
Quando a produção é baseada em previsões precisas da demanda, a companhia pode evitar a fabricação excessiva que levaria a custos desnecessários. Isso não apenas economiza recursos, mas também contribui para uma cadeia de suprimentos mais sustentável.
GESTÃO DE ESTOQUES
Na gestão de estoques, a inteligência matemática desempenha um papel fundamental não somente em determinar o tamanho da política de estoque ideal, mas também ao permitir a previsão precisa dos momentos em que os produtos atingirão seus pontos de reposição. Esse processo é essencial para que as empresas possam reabastecer seus armazéns no momento certo, mantendo um equilíbrio entre a oferta e a demanda.
Problemas relacionados ao fornecimento de produtos no momento correto são comuns: de acordo com a pesquisa realizada pela startup Logstore, em matéria na Forbes Brasil, o setor do varejo voltado para o bem-estar teve uma média de ruptura de 12%, representando a perda de R$ 113 milhões em vendas no ano de 2022 por falta de produtos em estoque.
Por outro lado, estoques excessivos também causam prejuízos. Manter um nível de estoque adequado reduz significativamente os gastos associados ao armazenamento, como aluguel de armazéns, movimentação de cargas e depreciação de mercadorias, além de minimizar o capital empregado com itens desnecessários.
Podemos concluir que a inteligência matemática é uma peça fundamental na cada vez mais moderna e desafiadora gestão da cadeia de suprimentos. Ela não apenas melhora a eficiência operacional, mas também ajuda as empresas a atenderem de forma mais eficaz às demandas dos clientes e a se adaptarem rapidamente a mudanças no mercado.
Ao integrar de forma eficaz a gestão da capacidade de produção, a previsão de demanda e o controle de estoque, as empresas têm a oportunidade de construir um ciclo operacional mais eficiente e ágil, buscando elevar a satisfação do cliente, a competitividade e a sustentabilidade a longo prazo no mercado.
* Walker Batista é sócio e diretor de Modelagem e Inovação da Linear Softwares Matemáticos.