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Três impactos da falta de infraestrutura nas rodovias do país

Publicado em 16/10/2023

Além dos impactos econômicos, a falta de infraestrutura é um dos fatores que compromete a segurança nas estradas e, consequentemente, corrobora para o aumento no número de acidentes

Por Redação


Brasil gasta, em média, 28,5% a mais com transporte em virtude dos problemas de infraestrutura do país (Foto: Shutterstock)

O chamado Custo Brasil – conjunto de problemas estruturais que afetam o ambiente de negócios nacional – é um dos grandes desafios para o crescimento e fluidez das atividades econômicas em território nacional. E, dentro desse leque de desafios, a falta de infraestrutura que também afeta diretamente a malha rodoviária do país se coloca como um dos principais entraves para as empresas.

Para termos uma ideia mais clara desse cenário e do peso que a má qualidade da infraestrutura brasileira gera tanto para iniciativa privada quanto para o funcionamento do Estado Brasileiro, dados do próprio MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços) apontam que, em 2023, o Custo Brasil alcançou 1,7 trilhões – dos quais, até R$ 290 bilhões estão relacionados a problemas infraestruturais, como:

  • Custos e qualidade logística;
  • Infraestrutura de mobilidade urbana;
  • Regulação ambiental, dentre outros.

Em termos quantitativos, o MDIC indicou que, para a composição do Custo Brasil, esse montante de recursos só fica abaixo dos custos relacionados à esfera trabalhista e de desenvolvimento do capital humano.

Trazendo a discussão de modo mais direto para o âmbito do transporte rodoviário – principal modal logístico do país –, vale a pena analisarmos com mais detalhes quais são os impactos da falta de infraestrutura nas estradas para a cadeia de supply chain e que medidas podem ser construídas para a transformação desse contexto desafiador.  

CUSTOS OPERACIONAIS E PERDA DE COMPETITIVIDADE

Um primeiro gargalo mais evidente relacionado a má qualidade nas estradas brasileiras diz respeito ao aumento do custo operacional para os operadores logísticos. Segundo matéria de 2021 do Portal O Carreteiro com base em dados da Pesquisa CNT de Rodovias, por exemplo, estima-se que as empresas tenham um impacto financeiro adicional de 91,5% apenas considerando os problemas de pavimentação da malha viária.

A reportagem indica ainda que o Brasil gasta, em média, 28,5% a mais com o transporte de insumos e bens em virtude dos problemas de infraestrutura do país. Consequentemente, há uma perda de competitividade que afeta todo o ambiente de negócios nacional.

Uma prova disso é a posição que o país ocupa no Ranking de Competitividade Mundial 2023, elaborado pelo Instituto Internacional de Desenvolvimento Gerencial: em uma lista com 64 países, o Brasil se encontra na 60ª colocação — especificamente sobre a infraestrutura, estamos na posição de número 55º. 

AUMENTO NO NÚMERO DE ACIDENTES

Além dos impactos econômicos, a falta de infraestrutura é um dos fatores que compromete a segurança nas estradas e, consequentemente, corrobora para o aumento no número de acidentes. O estudo "Acidentes Rodoviários e a Infraestrutura", lançado pela Confederação Nacional do Transporte em 2018, traz alguns indicadores importantes nesse sentido:

  • Em trechos de pavimentação considerada ótima, mas com sinalização ruim ou péssima, o número de mortes varia entre 15,1 e 18,9 para cada 100 acidentes (quando a sinalização é ótima, esse dado cai para 8,4%;
  • 47,7% dos acidentes ocorre em estradas com problemas de pintura da faixa central;
  • Trechos com placas de trânsito ilegíveis aumentam em quase 20% o risco de acidentes com óbitos;
  • Estradas com pontos considerados críticos tem um índice de morte de 14,8 para cada 100 acidentes (em trechos sem pontos críticos, esse número é 27% menor).   

Ainda que a pesquisa seja mais antiga, ela oferece um norte importante para os riscos relacionados aos problemas de infraestruturas em estradas e rodovias que dialogam, aliás, com o Anuário Estatístico da Polícia Federal, que lista dentre as causas de acidentes identificadas em 2022, questões como:

  • Sinalização encoberta ou mal posicionada;
  • Falta de iluminação;
  • Problemas em semáforos;
  • Falta de acostamento;
  • Faixas de trânsito com largura insuficiente;
  • Acostamento em desnível;
  • Desgastes de pneus (que tem entre as causas possíveis, a baixa qualidade de pavimentos).

IMPACTOS AMBIENTAIS

Finalmente, não é possível deixar de citar os impactos ambientais que os desafios impostos pelo estado atual da infraestrutura brasileira acarretam para o meio ambiente. 

Segundo a CNT, quase 90% de todo o CO2 emitido pelo Brasil advém do transporte no modal rodoviário e esse cenário, por sua vez, se agrava em virtude da maior necessidade de consumo de combustíveis fósseis devido à má qualidade das estradas, buracos e outros problemas nas vias: só em 2022, as transportadoras tiveram um consumo adicional de diesel de 1,1 bilhão de litros por causa desses problemas.

COMO TRANSFORMAR ESSE CENÁRIO E MELHORAR A INFRAESTRUTURA BRASILEIRA 

Em outras palavras: a falta de infraestrutura nas rodovias do país gera todo um curso de impactos em cadeia que gera efeitos negativos para o caixa das empresas, para a segurança dos motoristas e para o meio ambiente. 

Para que esse cenário mude, o aumento de investimentos públicos na qualidade do modal rodoviário nacional é um passo indispensável: de acordo com um estudo da Abdid (Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base), o Brasil precisaria investir o equivalente a R$ 423 bilhões em infraestrutura para atender as necessidades do país; no entanto, no ano passado, só R$ 163 bilhões foram investidos (considerando-se os gastos da iniciativa privada e do Estado).

Concomitantemente, as empresas devem avançar em seus processos de transformação digital, para que sejam capazes de aumentar a competitividade e possam superar ou minimizar os efeitos de alguns dos gargalos existentes no país no âmbito das condições das estradas e da segurança dos condutores.

Só com esse esforço conjunto e visão de futuro poderemos, de fato, enxergar um país em que a infraestrutura deixe de ser um problema para se tornar um motor de desenvolvimento.

ESTRADAS DO FUTURO

Enfrentar o desafio dos acidentes em estradas e rodovias do Brasil não é uma questão simples e, ao mesmo tempo, trata-se de uma demanda que pede urgência. De acordo com dados da CNT (Confederação Nacional de Trânsito), só em 2022, mais de 64 mil acidentes foram registrados no país — desses, 82,1% deixou vítimas, incluindo mortos e feridos. Em termos gerais, o Brasil ocupa a preocupante posição de 3º país com o maior número de mortes no trânsito, conforme relatório da OMS (Organização Mundial de Saúde). 

MundoLogística lançou a campanha “Estradas do Futuro”, uma iniciativa que conta com patrocínio da nstech e da Quartzoli, apoio da Onisys, da Associação Brasileira de Operadores Logísticos (ABOL) e da Associação Brasileira de Logística (Abralog). Por meio da campanha, o intuito é unir os diferentes atores da cadeia logística nacional, difundindo conteúdos educacionais que tragam tanto visibilidade para a pauta da segurança no transporte rodoviário, quanto práticas e divulgação de soluções que possam colaborar com a capacitação e proteção de motoristas.

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