* Por Walcir Augusto Wehrle
Há vários anos seguidos, o segmento brasileiro de logística vem apresentando um crescimento acima do Produto Interno Bruto (PIB), com muitas empresas ultrapassando a casa dos dois dígitos de crescimento real. Diante do enorme desafio de alavancar a economia brasileira, as demandas por modernização esbarram em uma defasagem de mais de R$ 200 bilhões em investimentos em infraestrutura logística, segundo a Associação Brasileira de Logística (Abralog). Em comparação com países mais avançados, o custo logístico brasileiro tornou-se um grande obstáculo para o crescimento econômico, uma vez que hoje é de 12,8% do PIB, contra os 8,2% dos Estados Unidos e 9% da Europa, de acordo com dados, também, da Abralog. Nesse início de ano, algumas empresas de transporte já sinalizaram que encerraram 2014, mesmo com as turbulências econômicas, com um crescimento acima da inflação, ou seja, apresentaram crescimento real.
Já a indústria brasileira tem sofrido um pouco mais, reflexo da desaceleração econômica, do endividamento dos consumidores e da má gestão pública. Evidentemente, o desaquecimento da atividade industrial reflete em toda cadeia de suprimentos. Não é novidade para ninguém que iniciamos 2015 com mais interrogações do que afirmações, exceto de que será, de novo, um ano difícil.
Esse cenário coloca sempre os dirigentes empresariais em estado de alerta, visto que a experiência aponta que “quem fica parado reclamando da situação” e não busca medidas que minimizem impactos negativos, como a otimização dos processos e da gestão, terá, realmente, do que reclamar.
Assim, entendemos que períodos de crise e de baixo crescimento econômico impulsionam e pressionam as empresas a buscarem reduções de custos e outros ganhos em gestão e desempenho operacional. Para isso, as empresas precisam, cada vez mais, de soluções de tecnologia da informação, que possam, de forma integrada, garantir esses ganhos e auxiliar na ampliação da competitividade e na manutenção das margens e do crescimento.
Gestão se faz por fatos e não por percepções. É uma máxima que nunca perde sua atualidade. Para o empresário tomar boas decisões e não, simplesmente, seguir o clima cinzento que paira sobre a economia em geral, é preciso que ele possa acompanhar a rentabilidade de cada operação, conhecer os seus custos e atacar seus gargalos. Sem uma estrutura de tecnologia da informação aderente ao seu negócio e alinhada à sua estratégia, ficará difícil não cair em “achismos”.
Para exemplificar, podemos citar um importante cliente, que atua como transportador de cargas fracionadas e atende a grandes indústrias de cosméticos, calçadistas e da área de e-commerce. Essa empresa, apesar dos desafios enfrentados em 2014, apresentou um crescimento positivo. Mais do que isso, tomando por base os tempos ruins, como os de inflação galopante e planos econômicos mirabolantes, já vividos pelo País e que foram superados, não está desanimada com os desafios previstos para 2015. Na visão do experiente empresário à frente da companhia, o Brasil não pode e não vai parar. Para ele, os desafios existirão e serão no sentido de adaptar-se e encontrar as oportunidades certas, mesmo em momentos de incertezas. Além disso, acredita que os investimentos em TI, iniciados em anos anteriores, tragam, a partir de 2015, o resultado esperado. O diferencial competitivo e essa visão de gestão são os fatos que permitirão a essa empresa, mais uma vez, apostar em um crescimento real não só para este, mas para os próximos 10 anos, repetindo, assim, o resultado obtido na década anterior.
Portanto, apostamos na contínua necessidade de manter investimentos em tecnologia da informação, para garantir a gestão dos negócios com olhos na competitividade. Temos certeza de que os recursos aplicados nesse sentido trarão resultados positivos para as empresas que ousarem aproveitar esse momento difícil, para transformar e melhorar processos e gestão.
* Walcir Augusto Wehrle é diretor de Sistemas e Tecnologia da Benner.