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Com aquisição da Signa, nstech avança rumo à cabotagem

 

Publicado em 06/05/2024

Com exclusividade para a MundoLogística, CEO da nstech, Vasco Oliveira, chamou a aquisição de “integração de modais”, falou sobre as perspectivas para a multimodalidade no Brasil e destacou o que o mercado pode esperar dessa transação

Por Christian Presa

Com aquisição da Signa, nstech avança rumo à cabotagem vasco oliveira mundologistica
Vasco Oliveira fundou a nstech em 2020 (Foto: Divulgação)

A nstech anunciou nesta segunda-feira (6) a aquisição da Signa, empresa de TMS especializada em cabotagem que atende clientes como Mercosul Line, Maersk, Log-In e Norcoast. Com a transação, a companhia destacou o objetivo de ampliar as opções de tecnologia para logística, mirando um segmento em franca expansão — de acordo com a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), foram movimentadas cerca de 290,1 milhões de toneladas via cabotagem em 2023.

Fundada em 2020, a nstech tem fortalecido o próprio portfólio por meio de aquisições, que incluem empresas como Buonny, KMM e RoutEasy. Para esses movimentos, a companhia tem investimento da empresa sueca Greenbridge.

“O mercado pode esperar um time cada vez mais focado no que a Signa fazia bem na cabotagem. […] Com a nstech, a gente vai acelerar muito a evolução tecnológica. No fim, será uma integração de modais para aumentar as opções dos nossos clientes”, explicou Vasco Oliveira, CEO e fundador da nstech.

Com exclusividade para a MundoLogística, o executivo também falou sobre as perspectivas para a multimodalidade no Brasil e das oportunidades para tecnologia focada em logística.

Leia na íntegra!


MUNDOLOGÍSTICA: Por que a nstech escolheu especificamente a Signa para entrar no segmento de cabotagem?

VASCO OLIVEIRA: A nossa lógica é sempre partir do cliente para a dor e, daí, para a solução. A gente já tinha como clientes essas empresas de cabotagem, mas entendíamos que, como TMS, o produto da Signa vem evoluindo há muito tempo e o time, principalmente, tem muito conhecimento do negócio de cabotagem. Eles já estavam liderando esse mercado e, na prática, a gente deu esse passo entendendo que traríamos esses clientes de cabotagem, mas mais do que isso, o grande conhecimento que há dentro da equipe da Signa. Então, nós avançaremos com eles.

Na sua visão, por que é importante uma empresa como a nstech atuar nesse segmento?

A visão da nstech é montar a melhor plataforma do mundo voltada para transporte doméstico e, quando a gente fala disso, estamos falando de todos os modais envolvidos. Hoje, a nstech tem como clientes não só transportadores rodoviários, mas também as empresas de outros segmentos, como ferrovia e cabotagem. Então, pensando na perspectiva de um embarcador, se ele quer usar multimodalidade, a gente quer ser uma empresa que, de fato, atenda toda a malha doméstica de transporte.

Neste ano, a nstech tem feito um movimento em relação ao agro. Por o transporte aquaviário ter essa relação próxima com o agronegócio por causa do transporte de grãos, você diria que essa aquisição tem a ver com esse movimento rumo ao agro?

Não exatamente, mas também não quer dizer que não tenha empresas com transporte hidroviário no agro. A própria Hidrovias do Brasil, por exemplo, é uma empresa que é forte nisso e também é uma cliente nossa. Mas, quando a gente pensa na cabotagem brasileira, esse não é o foco principal. A cabotagem brasileira até tem essa questão do agro, mas o nosso movimento tem mais a ver com o modal em si.

Partindo da questão de multimodalidade que você citou e falando em tecnologia, qual modal você diria que está mais avançado nesse sentido?

O mercado que mais tem empresas servindo [tecnologia] é o transporte rodoviário, até pelo tamanho desse segmento. Ao mesmo tempo, esse é o modal que talvez seja o que ainda está menos digitalizado, porque são tantas empresas e há tanta oportunidade que, olhando a cadeia completa, a gente ainda enxerga que esse mercado está na infância da digitalização. Então, há muito espaço para evolução, ao mesmo tempo que, por ser o maior mercado, há mais empreendedores olhando para ele — o que acaba gerando mais soluções dedicadas. Se de um lado existe mais oferta e, ao mesmo tempo, ele é o menos digitalizado, eu diria que essa é uma oportunidade bem grande.

O Brasil está passando por uma Reforma Tributária e sabemos que os efeitos serão sentidos ao longo dos anos. Você acredita que essas mudanças vão fazer com que questões como a multimodalidade avancem?

A questão tributária tende a trazer um pouco mais de racionalidade para as nossas malhas logísticas e centros de distribuição. Hoje, algumas operações acabam acontecendo quase que exclusivamente por uma questão tributária: o produto sai de São Paulo, vai para Goiás e volta para São Paulo. Então, eu diria que, em médio e longo prazo, a gente vai ver coisas que hoje são irracionais deixando de existir e isso, na verdade, vai afetar até mais o [modal] rodoviário do que outros modais. Em contrapartida, o que a gente tem visto é um aumento do investimento das empresas nos modais ferroviário, aéreo e em cabotagem. Há uma tendência desses três segmentos ganharem mais corpo, mas muito mais pelos investimentos privados do que por uma mudança causada pela Reforma Tributária. Cada vez mais, as empresas vão olhar para essas diferentes opções e acho que esses três segmentos vão acabar tendo um crescimento maior do que o rodoviário ao longo do tempo, percentualmente falando.

O que o mercado pode esperar da chegada da Signa à nstech?

O mercado pode esperar um time cada vez mais focado no que a Signa fazia bem na cabotagem. Obviamente, os clientes do modal rodoviário da Signa vão passar a ter mais suporte, pois nós temos um time enorme nesse segmento. Então, vamos dar ainda mais foco para eles e investir ainda mais em tecnologia. A Signa era uma empresa muito legal — e, por isso, era líder nesse segmento —, mas era uma companhia que tinha, pelo porte dela, uma capacidade limitada de investimento. Então, com a nstech, a gente vai acelerar muito essa evolução tecnológica. No fim, será uma integração de modais para aumentar as opções dos nossos clientes.

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