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Log-In fecha 2014 confiante na retomada de construção dos navios

Publicado em 05/01/2015

Em evento para analistas e investidores, a companhia apresentou cronograma e estratégias para a conclusão dos projetos no Eisa

Em dezembro, a Log-In Logística Intermodal realizou o Log-In Day, evento que reuniu cerca de 90 pessoas, entre analistas financeiros e investidores, no Estaleiro Ilha S.A. (Eisa), no Rio de Janeiro. Estavam presentes o diretor-presidente da Log-In, Vital Jorge Lopes; representantes da empresa; o CEO do Eisa, Diego Salgado, e Mônica Barros, do Instituto de Logística e Supply Chain (ILOS). O tema do encontro foi a retomada da construção dos navios que a Log-In tem sob encomenda no estaleiro. As duas empresas celebraram um aditivo em novembro passado para dar continuidade ao contrato original, feito em 2007. O projeto contempla sete embarcações. No total, três navios já foram entregues, entre 2010 e 2012, dois porta-contêineres e um bauxiteiro.  

Logo na abertura, o presidente da Log-In, Vital Lopes, reforçou o compromisso da empresa na busca constante pelo crescimento sólido e sustentável, e que, atualmente, a companhia já supera 50% de taxa de ocupação. “Hoje, a Log-In tem plena capacidade de prestar um serviço de excelência em cabotagem para o País e continuamos acreditando no potencial de crescimento do modal como diferencial competitivo para as empresas brasileiras.”

Na sequência, o diretor de Operações da Log-In, Maurício Trompowsky, falou sobre os novos projetos, frisando que o aditivo do contrato com o Eisa foi realizado de forma mútua entre as partes e adiantou que o projeto de construção dos navios foi pensado para atender às características portuárias do Brasil. Ele destacou o Log-In Tucunaré, o segundo bauxiteiro da série e com entrega prevista para outubro de 2015. De acordo com ele, o projeto desse navio foi desenvolvido, especialmente, para a rota que operará (Trombetas – Vila do Conde) e terá 245 metros de comprimento por 40 metros de boca e 11,58 metros de calado.

Tais configurações de desenho permitirão que ele carregue cerca de 75 mil toneladas por embarque, enquanto um Panamax padrão, no mesmo calado, carrega em torno de 55 mil toneladas. “Isso nos permitirá usar apenas dois bauxiteiros, enquanto que, anteriormente, usávamos três navios. O projeto, customizado para esse trade, também possui um desenho especial de casco e porão, em que a hidrodinâmica permite um menor deslocamento de água, diminuindo o impacto ambiental para as populações ribeirinhas e erosão causada por esse deslocamento, além de proporcionar menor emissão de CO2”, complementou Trompowsky. 

O diretor comentou, ainda, que o projeto do novo bauxiteiro tem um desenho especial de leme e hélice, que permite alto grau de manobrabilidade, essencial para garantir a segurança da navegação na região onde operará. Já sobre os novos porta-contêineres, ele explicou que contarão com equipamentos específicos, que permitem a redução do nível de vibração na superestrutura, oferecendo maior conforto à tripulação. Esses navios terão 218 metros de comprimento, 29,80 metros de boca e 10,6 metros de calado. A capacidade nominal será de 2.800 TEUS (unidade equivalente a um contêiner de 20 pés), a mesma operada pelos navios já entregues pelo Eisa. Entre os diferenciais desses navios, destacam-se a estrutura com capacidade para transportar contêineres de elevado peso e contêineres refrigerados, além da já mencionada capacidade de menor emissão de CO2, entre outros. Atualmente, os porta-contêineres operam de 10 a 12 escalas no mês ou mais de 100 operações de atracação por ano, podendo chegar a 140, dependendo do serviço onde está alocado.

Outro ponto importante está no fato de o novo cronograma agora se basear no avanço físico das obras e não mais nos marcos contratuais. Essa adequação será fundamental para possibilitar ganho de produtividade e eficiência à parceria da Log-In com o Eisa. Trompowsky apresentou as vantagens técnicas da nova fase de construção, entre elas o acompanhamento mais detalhado e preciso do cumprimento do contrato, com um cronograma factível, baseado no histórico realizado na construção dos cascos Log-In Jacarandá e Log-In Jatobá, em 2010 e 2011, respectivamente. Além dessas premissas, outras foram levadas em consideração para a validação do novo cronograma, como a produção em série, a busca pela conclusão dos serviços de estrutura antes dos lançamentos e a prioridade no controle da fabricação dos blocos, com impactos positivos na qualidade e na edificação estrutural. Os quatro navios encomendados pela Log-In ao EISA serão entregues entre 2015 e 2017.

Já o consultor técnico de Construção Naval, Henrique Villa Forte, falou sobre o Grupo de Fiscalização (GRUFIS), que fará o acompanhamento do projeto de construção. Composto por quatro empregados da Log-In e quatro terceirizados, o GRUFIS focará, entre outras disciplinas, na área de medição, que, de acordo com Villa Forte, está agora reforçada, bem como no chamado Planejamento e Controle da Produção (PCP). “Os intervalos entre os lançamentos e entrega dos navios estão com metas mais exequíveis e sobre os lançamentos, especialmente, estarão mais estruturados do que os anteriores.”

Na sequência das apresentações, o CEO do Eisa, Diego Salgado, lembrou a fase difícil pela qual passou o estaleiro, no início de 2014, mas reforçou que as dificuldades acabaram por refletir em algo positivo, que já começa a ser percebido hoje. Segundo Salgado, a nova gestão do estaleiro deu autonomia para cada gerente de projeto e a homem-hora por tonelada, um dos indicadores usados para medir a performance dos projetos do estaleiro, e vem apresentando queda constante. Outro foco do Eisa com a nova fase de construções está voltado ao indicador de qualidade. Segundo o executivo, o departamento de qualidade agora é responsável por garantir que as obras estejam sendo executadas corretamente, durante todo o processo e não apenas na fase final de fiscalização. “Acreditamos que podemos fazer melhor que no passado.”

Sobre o mercado de cabotagem brasileiro, perspectivas e desafios futuros, Mônica Barros, da área de Inteligência de Mercado do Instituto de Logística e Supply Chain (ILOS), reforçou o que o mercado já vem constatando, há algum tempo, que o volume de empresas que estão migrando do rodoviário para o modal marítimo segue em constante crescimento. “Hoje, temos um aumento da renda média das famílias, sobretudo, nas regiões Norte e Nordeste. Essa realidade se reflete em maior fluxo de mercadorias e matérias-primas de e para essas regiões, o que favorece o mercado de cabotagem.”

Mônica enfatizou que umas das rotas que mais apresenta crescimento é a Manaus-Santos. Números indicam que, em 2010, o percentual que utilizava a cabotagem, nesse trecho, era de 42%. Em 2013, esse percentual passou para 55%. Já a carga geral que utiliza a cabotagem apresentou um crescimento médio em torno de 12% e o crescimento de TEUS chegou a atingir 26%, no período de 2010 a 2013. Estudos do ILOS indicam que esse número poderá crescer ainda mais, uma vez que, aproximadamente, 45% das empresas que já usam a cabotagem declararam que pretendem aumentar, ainda mais, a utilização do modal.

O Log-In Day terminou com debates entre os participantes, nos quais o presidente da Log-In reforçou a sua crença do potencial da cabotagem para o Brasil enquanto um modal competitivo. “Temos a ideia de levar ao Governo Federal um plano de cabotagem para o País. É preciso investir no potencial do modal, na qualificação das pessoas, infraestrutura dos portos, entre outros desafios. Na Log-In, o nosso foco tem sido na qualificação da prestação de serviços e no relacionamento com o cliente. Estamos colhendo frutos cada vez mais positivos”, completou Vital Lopes.

Ao final das apresentações do Log-In Day, os participantes tiveram a oportunidade de realizar uma visita guiada pelo Eisa. Com capacetes e um dia bem ensolarado, todos puderam observar o avanço na construção dos navios, as equipes e as estruturas envolvidas. Foi possível ver de perto, por exemplo, a dimensão do Log-In Tucunaré, bauxiteiro encomendado pela Log-In, a ser entregue no final de 2015. Para os presentes, foi uma oportunidade única de conhecer um pouco mais sobre a indústria naval e seus potenciais.