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NTC&Logística divulga defasagem de 14,11% nos fretes praticados pelo mercado

Publicado em 27/02/2015

Durante reunião do Conselho Nacional de Estudos em Transporte, Custos, Tarifas e Mercado (Conet), realizada no dia 27 de fevereiro, em Salvador, Bahia, conforme pesquisa realizada junto a mais de 250 empresas do setor de transporte rodoviário de cargas, o Departamento de Custos Operacionais, Estudos Técnicos e Econômicos da Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística (NTC&Logística/Decope) indicou uma diferença de 14,11% entre os fretes praticados por essas empresas e os custos efetivos da atividade calculados pela entidade. Essa diferença tem origem, principalmente, na inflação dos insumos que compõem os custos, bem como das defasagens de frete, que vêm se acumulando ao longo dos últimos anos.

“Embora parte do mercado tenha se mostrado sensível às necessidades da recomposição dos fretes, isso não tem efetividade na prática. Prova disso são as dificuldades que as empresas de transporte estão enfrentando para vislumbrar a recuperação de suas margens”, salienta o coordenador do Decope, Neuto Gonçalves dos Reis.

O setor vem registrando diversas pressões sobre os custos, nos últimos anos, entre as principais pode-se citar o aumento das restrições à circulação de veículos nos centros urbanos – barreiras fiscais, a ineficiência de terminais de embarcadores, as questões trabalhistas e o aumento significativo de exigências operacionais, comerciais e financeiras por parte dos clientes. Somam-se a isso as precárias condições da infraestrutura enfrentadas pelas empresas e a escassez de mão de obra qualificada, que registra, atualmente, uma falta de 106 mil motoristas no mercado.

Outros custos
Verifica-se, também, que o transportador não tem remunerados adequadamente muitos custos e serviços adicionais, não contemplados diretamente nas tarifas, como o elevado tempo de espera para realizar carga e descarga (TDE), os custos adicionais causados pelas restrições à circulação de caminhões (TRT), os serviços de paletização, guarda/permanência de mercadorias, o uso de escoltas e planos de gerenciamento de risco customizados, o emprego de veículos dedicados, entre outros.

“É importante observar que, muitas vezes, os custos com esses serviços são superiores ao próprio frete arrecadado. Portanto, trata-se de situação injusta e inaceitável, que precisa ser equacionada pelas partes”, explica o presidente da NTC&Logística, José Hélio Fernandes,.

Não há como deixar de citar, também, os aumentos das tarifas públicas e impostos, alguns dos quais já são sentidos, como é o caso dos combustíveis, cujos preços se elevaram em torno de 13,49%. Parece inevitável, aliás, que o aumento de combustíveis cause um efeito cascata, elevando, em um futuro próximo, muitos outros insumos.

Roubo de cargas
Outro problema que vem se agravando, nos últimos anos, é o roubo de carga. Esse evento vem se proliferando por todo o Brasil e tem exigido das empresas de transporte grandes investimentos em segurança patrimonial. Destaque-se que há muitas operações que já exigem a utilização de escolta armada e cargas que, inclusive, requerem, em algumas situações, carretas blindadas e até escolta aérea. Esse é um assunto, que vem se tornando tão grave, que, para algumas regiões do Brasil, já não há quem ofereça seguro para o transporte das cargas.

Ressalte-se que o estudo que apontou a defasagem nos fretes não contempla essa expectativa futura, que tende a se tornar ainda pior, se for considerada que grande parte das convenções coletivas dos trabalhadores do setor está prevista já para o próximo mês de maio.

“No regime de livre concorrência de mercado em que vivemos, tais fatos indicam a necessidade que os transportadores exponham e discutam, clara e francamente, essa questão crítica da defasagem do frete praticado com seus embarcadores, buscando manter os seus contratos sempre alinhados à realidade expressa pelos números dos custos do transporte, de modo a manter a saúde das empresas, sem colocar em risco a tão almejada e necessária qualidade na prestação dos serviços”, completa Fernandes.

Índice Nacional do Custo do Transporte de Carga – Fracionada e Lotação
O número de defasagem do frete tem como base o estudo realizado pelo Decope sobre a variação média do Índice Nacional do Custo do Transporte de Carga – Fracionada e Lotação (INCT-F e INCT-L), no acumulado dos meses. A pesquisa, também divulgada no evento, avalia, entre outros temas, o impacto dos dois últimos aumentos de combustível nas operações de transportes.

O litro do óleo diesel sofreu dois reajustes em menos de quatro meses, o primeiro em novembro de 2014 e o segundo em 1º de fevereiro de 2015, e embora o governo tenha anunciado um aumento em R$ 0,22 por litro para a gasolina e de R$ 0,15 para o diesel nas refinarias, outros fatores apontam um impacto ainda maior. Ao se acrescentar os demais impostos incidentes, como o Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual, Intermunicipal e de Comunicação (ICMS) e margem do posto, esse aumento pode chegar a R$ 0,35 para a gasolina e R$ 0,22 para o diesel.

Em estudos realizados pelo Decope/NTC, com retorno da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) e do Programa de Integração Social/Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (PIS/Cofins), estima-se um aumento de 8,08% nos preços de bomba.

Fonte: NTC&Logística