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Congestionamento nas vias de acesso ameaça crescimento do Porto de Santos

Publicado em 23/08/2024

Paulo Resende, professor da Fundação Dom Cabral, destacou a necessidade de infraestrutura e planejamento para enfrentar o aumento do tráfego até 2035

Por Redação

Congestionamento nas vias de acesso ameaça crescimento do Porto de Santos MundoLogística Paulo Resende
Sistema Anchieta-Imigrantes, que liga São Paulo ao Porto de Santos (Foto: Washington Rossato)

O congestionamento nas vias de acesso ao Porto de Santos e na região do ABC Paulista é um dos principais desafios logísticos que ameaçam o crescimento do transporte rodoviário de cargas no Brasil. Segundo Paulo Resende, professor da Fundação Dom Cabral, a infraestrutura inadequada e a falta de planejamento de demanda são gargalos que precisam ser superados urgentemente para garantir a eficiência das operações.

A análise foi apresentada no seminário “Desafios Atuais do Transporte Rodoviário de Cargas no Brasil: Uma visão para a macrorregião do ABC e do Porto de Santos”, promovido pela LGK Gestão & Governança em parceria com o SINDISAN e o SETRANS ABC.

O transporte rodoviário de cargas, responsável por 62,2% do volume transportado no Brasil, enfrenta dificuldades significativas nas regiões citadas, que estão entre os territórios logísticos mais importantes do mundo. De acordo com Resende, o maior gargalo enfrentado pelo setor é o planejamento de demanda. “O transporte rodoviário de cargas é o modal que apresenta menos avanços em planejamento de demanda comparado aos outros meios de transporte”, explicou o especialista.

Além disso, Resende apontou outros desafios, como a baixa eficiência no tempo de processamento de pedidos, os frequentes atrasos nas entregas, a segmentação de clientes que envolve a tensão entre padronização e customização, e a lenta adoção de tecnologias avançadas como inteligência artificial e automação. Segundo ele, o planejamento de longo prazo é outro ponto crítico, com o setor de transportes rodoviários exibindo a mais baixa taxa de implementação do que foi planejado.

TRANSFORMAÇÕES E TENDÊNCIAS

Durante o seminário, Resende também analisou o impacto do crescente tráfego de cargas nas rodovias brasileiras. Com base em um estudo da Fundação Dom Cabral, ele alertou que o volume de tráfego nas rodovias, especialmente no setor de alimentos e bebidas, deverá aumentar até 2035. “Este é um setor estratégico para o reposicionamento das empresas de transporte rodoviário no ABC e no Porto de Santos”, afirmou.

O professor ainda mencionou o potencial de crescimento da conteinerização no transporte de manufaturados e a importância do Porto de Santos nesse contexto. “Na minha opinião, o Porto de Santos deveria ser um dos maiores portos de contêineres do mundo, desempenhando um papel crucial no abastecimento do país e no transporte da produção manufaturada”, ressaltou.

Apesar da predominância do transporte rodoviário, Resende destacou o aumento da participação ferroviária no escoamento de soja para o sistema portuário de Santos, apontando para a necessidade de se considerar conflitos de escala, precificação do transporte e a especialização portuária.

ANÁLISE SWOT

O seminário também trouxe uma análise SWOT (“Strengths, Weaknesses, Opportunities, and Threats”, ou “Forças, Fraquezas, Oportunidades e Ameaças”, em português) das infraestruturas das regiões abordadas. Entre as oportunidades, Resende citou o papel elementar do Porto de Santos no comércio brasileiro e internacional e a importância estratégica do ABC e do Porto de Santos como territórios logísticos globais.

Entre os pontos fortes, foi destacado o potencial multissetorial do Porto de Santos e a economia de aglomeração na região do ABC, com uma oferta diversificada de prestadores de serviços e uma cadeia de suprimentos robusta. No entanto, as ameaças incluem a burocracia e regulamentações rígidas, além da falta de integração tecnológica entre o porto e a hinterlândia.

Os pontos fracos apontados por Resende incluem o grave congestionamento nas vias de acesso ao Porto e a preocupação constante com a segurança, devido a relatos frequentes de roubos nas proximidades.