Proibição da recapagem de pneus pode ocasionar crise logística no país, diz executivo

Lei propõe que, em caso de descumprimento, infratores paguem multa de R$ 5 mil por veículo, além da possibilidade de apreensão do veículo até que a situação dos pneus seja regularizada

Publicado em 18/10/2024 — por Redação
Imagem ilustrativa (Foto: Shutterstock)

O Projeto de Lei (PL) n.º 3.569/2024, proposto pelo deputado Capitão Augusto (PL/SP), determina a proibição do uso de pneus recapados, impedimento causa uma desigualdade entre as empresas, afetando a competitividade e levando a um aumento nos preços dos serviços prestados pelo setor de transporte. E, segundo o diretor Operacional da Zorzin Logística, Marcel Zorzin, a oficialização desta Lei poderá ocasionar uma crise logística no país.

“Será um momento muito desafiador, pois não estamos apenas discutindo os custos para as empresas, mas também os impactos para o consumidor final, como o aumento de preços e a possibilidade de cortes de empregos, além da escassez de insumos para a fabricação de novos pneus”, argumentou. “Precisaremos encontrar soluções, mas, honestamente, não vejo muitos aspectos positivos nessa decisão.

A prática de recapagem é reconhecida pelo Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade (INMETRO) e obedece normas para assegurar a qualidade e a segurança dos materiais usados nas estradas do país. Mesmo que estejam de acordo com as normas de segurança do INMETRO, o projeto obriga as empresas de transporte a trocar os pneus recapados.

Caso não seja cumprida essa exigência, os infratores enfrentarão uma penalidade de R$ 5 mil por veículo, além da possibilidade de apreensão do mesmo até que a situação dos pneus seja regularizada.

“Na Zorzin, já adotamos a prática de utilização de quase 100% de pneus novos em nossa frota e, principalmente, adotamos uma manutenção de pneus rigorosa. Porém, essas atitudes elevam os nossos custos. Devido aos altos preços, e olhando o segmento como um todo, torna-se inviável para muitas empresas trocarem todos os pneus dos caminhões e implementos”, explicou Zorzin.

O empresário ainda destacou que, em um mundo ideal, seria correto usar apenas pneus novos em todos os veículos, mas é preciso considerar o aspecto ambiental dessa prática. “Os pneus levam cerca de 600 anos para se decompor, e a recapagem contribui para a redução desse impacto, além de ser uma alternativa mais econômica para as empresas.”

Atualmente a proposta está aguardando o despacho do presidente da Câmara dos Deputados para que possa ser discutida e avançar o processo legislativo. Até o momento, não houve novos desdobramentos.