Seca no Amazonas afeta cadeias de abastecimento e fluxo de transporte global, diz CEO da DHL

Empresas de logística oferecem alternativas de transporte de mercadorias para a região durante o período de estiagem

Publicado em 01/10/2024
Seca no Amazonas afeta cadeias de abastecimento e fluxo de transporte global, diz CEO da DHL
Seca no Rio Madeira, Humaitá, Amazonas (Foto: REUTERS/Bruno Kelly)

A Bacia do Rio Amazonas enfrenta um período de seca severa, com níveis historicamente baixos. No dia 30 de agosto, o Rio Solimões tinha registro de -94 cm em Tabatinga (AM), superando a mínima de -86 cm, de 2010, conforme os dados do 35º Boletim Hidrológico da Bacia do Rio Amazonas, divulgado pelo Serviço Geológico do Brasil (SGB). O Rio Negro, em Manaus (AM), estava 2,60 metros abaixo do normal para a época. Outros rios da região também são afetados pela estiagem.  

Essas condições não só comprometem a navegabilidade dos rios, afetando o transporte de mercadorias essenciais e isolando comunidades que dependem do transporte fluvial, como têm consequências sérias para o transporte mundial de cargas. 

“A região amazônica fabrica produtos eletroeletrônicos, principalmente na Zona Franca de Manaus, que dependem da importação de componentes e peças. Além disso, também abastece os estados brasileiros e exporta para outros países”, disse o CEO da DHL Global Forwarding no Brasil, Eric Brenner. “Este cenário causa disrupções na cadeia mundial de suprimentos, além de comprometer a competitividade de produtos exportados da região.” 

Para garantir a continuidade do transporte de cargas durante a seca na Bacia do Rio Amazonas, as empresas de logística estão explorando diversas soluções. A DHL Global Forwarding, por exemplo, oferece o serviço Multimodal Express (MMEX) para embarques mais urgentes, especialmente para produtos provenientes dos portos da Ásia, assim como cargas via o canal do Panamá.  

De acordo com a empresa, é feito uma transferência de modal em Miami, nos Estados Unidos, para o aeroporto de Manaus (AM), para proporcionar uma solução rápida e eficiente para o transporte de cargas. 

Outra alternativa que as empresas de logística estão usando é utilizar rotas que se conectam no Caribe com navios de calado menor, capazes de navegar em águas menos profundas. Adicionalmente, é possível usar balsas no porto de Vila do Conde (PA), que atuam como feeders para Manaus, permitindo o transporte de mercadorias por meio de rotas mais acessíveis. 

Além disso, o transbordo de contêineres de navios para balsas em um porto temporário, na região de Itacoatiara, no Rio Amazonas, ajuda a contornar as áreas com níveis críticos de água.  

ALTA TEMPORADA DE FRETE ANTECIPADA 

Neste ano, a seca no Rio Amazonas coincide com a antecipação da alta temporada de frete, que tem levado a um aumento no volume de embarques e congestionamento portuário. Esses fatores combinados intensificam os desafios logísticos, com congestionamentos adicionais nos portos e a sobrecarga das rotas aéreas, o que pode resultar em atrasos e dificuldades na recomposição de estoques para os varejistas.  

"Apesar dos desafios impostos pela severa seca na Bacia do Rio Amazonas, que tem comprometido a navegabilidade dos rios e afetado a logística regional e global, estamos confiantes na capacidade das empresas de logística em se adaptar e superar essa situação. Com a implementação de soluções alternativas, como o uso de rotas alternativas e transporte aéreo mais ágil, garantimos que as mercadorias continuem a chegar aos seus destinos de forma eficiente e que o impacto na cadeia de suprimentos seja minimizado," ressaltou Brenner.