A crise hídrica e seus impactos na logística nacional

Publicado em 30/09/2024 por Por Marcio Salmi*

A crise hídrica e seus impactos na logística nacional
A crise hídrica e seus impactos na logística nacional (Foto: Divulgação)

O Brasil vive um dos períodos de seca mais severos da história, afetando especialmente a região Norte e o estado do Amazonas. Desde 2012, os relatórios do Centro Nacional de Monitoramento de Desastres Naturais (Cemaden) apontam o agravamento desse fenômeno, sendo 2024 o ano mais crítico. As consequências são diretas para a logística nacional, com a redução dos níveis dos rios Madeira e Purus, essenciais para o escoamento de mercadorias, gerando um grande impacto no comércio exterior e no transporte interno.

A diminuição da navegabilidade desses rios tem restringido o transporte de vários itens, principalmente grãos, minérios e produtos industrializados, o que eleva significativamente os custos logísticos e causa atrasos. Muitas empresas usam os rios como parte importante do caminho para transporte de cargas. Por isso, enfrentam dificuldades adicionais e acabam tendo que recorrer a alternativas mais caras, como o transporte aéreo, rodoviário e ferroviário.

O frete rodoviário teve um aumento de até 30%, enquanto na cabotagem os custos subiram em 20%, segundo estimativas recentes da indústria do Amazonas. Esses aumentos devem afetar diretamente o preço final dos produtos, especialmente aqueles produzidos na Zona Franca de Manaus.

A estiagem também afeta a competitividade internacional, já que armadores passaram a cobrar uma taxa de cerca de USD 5 mil por contêiner, impactando as exportações via Porto de Santos e em outros.

A estiagem prolongada, intensificada pelo fenômeno El Niño, tem tornado os rios menos navegáveis. Em 2022, a capacidade de navegação no Rio Amazonas foi reduzida em até 50%, e as previsões para os próximos anos indicam um cenário ainda mais grave. O impacto não se limita ao transporte de matérias-primas para indústrias. A crise hídrica também compromete o abastecimento de insumos essenciais para a região Norte, como alimentos e produtos de higiene, além de prejudicar o Polo Industrial de Manaus (PIM).

A solução para esses desafios está na inovação e na cooperação entre os setores privado e público. É fundamental o investimento em infraestrutura, planejamento e adoção de tecnologias que ajudem a mitigar os efeitos da seca e garantir a competitividade das operações logísticas. Nesse sentido, a Costa Brasil tem investido no desenvolvimento de modais mais eficientes, sistemas de transporte híbrido, combinando rodovias, ferrovias e cabotagem e em parcerias estratégicas que buscam assegurar a resiliência da cadeia de suprimentos. E tem adotado uma série de medidas estratégicas para mitigar os efeitos, como a antecipação de demandas e o fortalecimento dos estoques, que ajudam a minimizar os impactos logísticos, especialmente em relação a produtos perecíveis.

O aumento da demanda por soluções logísticas eficientes, como o serviço ferro-rodofluvial da Costa Brasil, mostra que, mesmo em um cenário desafiador, é possível adaptar operações e continuar a atender clientes com pontualidade e segurança. Com saídas semanais de São Paulo para Manaus via Porto Velho, essa rota oferece um tempo de trânsito de 15 dias, garantindo a movimentação de cargas mesmo com a escassez de frota rodoviária.


* Marcio Salmi é diretor-executivo da Costa Brasil 

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