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COP 28: o que muda na logística da sua empresa?

Publicado em 18/12/2023

Com mais de 190 tópicos que abordam questões como transição energética, financiamento de políticas climáticas e uso de combustíveis fósseis, certamente, o principal compromisso assumido no evento foi o de zerar, até 2050, as emissões globais de GEE

Por Redação


Principal compromisso assumido na COP 28 foi o de zerar, até 2050, as emissões globais de gases de GEE (Foto: Divulgação)

A COP 28, encerrada no dia 12 de dezembro, já nasceu com um desafio e tanto: como impedir a subida do clima para além da barreira de 1,5°C e o consequente avanço de crises ambientais como secas, morte de espécies, derretimento de geleiras polares e o aumento de tempestades torrenciais ao redor do mundo?

É importante lembrar que, nesse debate, que as previsões atuais não são otimistas: ainda em 2019, um relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) alertou para o risco do aumento de mais de 3°C na temperatura global caso, dentre outros pontos, os níveis gases geradores de efeito estufa não sejam reduzidos drasticamente ao redor do mundo. 

A Organização Meteorológica Mundial, por sua vez, indica uma probabilidade de quase 70% de aumento superior a 1,5°C na média anual de aquecimento planetário até 2027. 

Dentro desse contexto – ainda que o texto final da Conferência das Partes sobre Mudanças Climáticas da ONU realizada este ano em Dubai esteja, segundo especialistas, esteja aquém do que se espera para a reversão mais célere da crise climática – foi com certo alívio que o documento foi recebido, uma vez que muito se discutiu sobre o risco de que não se chegasse a um acordo entre os países participantes da cúpula.

Com mais de 190 tópicos que abordam questões como transição energética, financiamento de políticas climáticas e uso de combustíveis fósseis, certamente, o principal compromisso assumido na COP 28 foi o de zerar, até 2050, as emissões globais de gases de efeito estufa (GEE).

Para tanto, além de um fim gradativo no uso de combustíveis fósseis, é fundamental que, já nos próximos 6 anos (ou seja, até 2030), no mínimo 25% de toda a emissão de GEE seja eliminada do meio ambiente.

E o que isso tem a ver com logística ou com o dia a dia de transportadoras e empresas da cadeia de Supply Chain? É o que buscaremos responder na sequência deste artigo! 

COP 28, LOGÍSTICA E OS IMPACTOS NA CRISE CLIMÁTICA

25% das emissões globais de gases de efeito estufa. Este dado – apresentado na COP 24 de 2018, realizada na Polônia – é um dos indicadores alarmantes sobre a participação do setor de transportes na poluição da atmosfera e indicam a urgência de medidas assertivas, por parte das empresas e do poder público, de modo que a redução do aquecimento global seja, de fato, um objetivo factível.

O documento relata ainda outros índices que reforçam a necessidade de comprometimento do setor logístico dentro do contexto de enfrentamento da crise climática:

Desde 2000, a área de transportes foi a que observou um maior nível de crescimento nas irradiações de carbono;
Segundo a Agência Brasil, as emissões provocadas pelos transportes cresceram de 5,8 gigatoneladas de CO2 em para 7,5 gigatoneladas entre 2000 e 2016;
Carros leves (45%) e caminhões (21%) são os principais emissores de GEE na atmosfera dentro do âmbito dos transportes. 

Outro dado preocupante nesse sentido foi apresentado na 11ª edição do Sistema de Estimativas de Emissões de Gases do Efeito Estufa (Seeg), relatório do Observatório do Clima divulgado este ano, o qual apontou um aumento de 6% nas emissões de gases de efeito estufa do setor de transportes, em virtude do aumento do consumo de gasolina e diesel. 

O índice vai na contramão de indústrias como a de energia que conseguiu reduzir, no último ano, 5% do consumo de combustíveis fósseis e dos próprios objetivos expressos na COP 28.   

INTEGRANDO PRÁTICAS ESG NA LOGÍSTICA

Considerando esse cenário, é possível enxergar o engajamento dos operadores logísticos brasileiros acerca da implantação de práticas mais sustentáveis que contribuam com o enfrentamento da crise climática, tanto sob o ponto de vista do "copo meio cheio", quanto do "copo meio vazio".

Dentro da primeira perspectiva, é positivo observar, por exemplo, que 81% das empresas logísticas do país possuem uma área específica de sustentabilidade, segundo uma pesquisa divulgada em 2023 pela consultoria ILOS. 

Em contrapartida, a falta de diretrizes mais claras para a redução dos danos ambientais e fomento de uma cultura ESG preocupa, uma vez que somente 30% dos operadores possuem metas definidas de sustentabilidade e um número ainda menor, de 19%, integra suas ações em um área mais ampla com foco específico em ESG.

Para mudar esse cenário, uma série de práticas objetivas devem ser desenvolvidas nas organizações e, ato contínuo, conectadas a seus objetivos estratégicos de modo que o interesse por iniciativas sustentáveis vá além do discurso. Dentre estas práticas, é possível citar, por exemplo:

  • Uso de novas tecnologias de roteirização e telemetria que, além de contribuir para o desenho de rotas mais ágeis, hoje já podem definir parâmetros com foco na redução do uso de combustíveis;
  • No médio/longo prazo, renovação de frotas a partir, sobretudo, do pilar dos caminhões elétricos – sobre esse ponto, é válido observar que, embora ainda se trate de um mercado pequeno, a venda de caminhões (e também de ônibus elétricos e a gás) cresceu 550% no Brasil em 2022, de acordo com levantamento da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores);
  • Definição de metas nas políticas de sustentabilidade, considerando a questão da crise climática;
  • Implantação de uma estrutura de logística reversa e de gestão de resíduos poluentes;
  • Treinamento, conscientização e melhoria das condições de trabalho e de segurança dos motoristas, pensando tanto no viés social e de inclusão dos pilares ESG, quanto na difusão das preocupações ambientais junto aos condutores. 

Além de investimentos, essas práticas demandam uma participação ativa das lideranças do mercado logístico. 

E, conforme demonstrado por uma reportagem recente do Valor Econômico, o interesse do mercado como um todo pela questão climática e pela própria COP 28 existe, mas o engajamento das organizações ainda está muito aquém do que se espera do ambiente de negócios brasileiro, quando consideramos a necessidade de mudança radical sobre o consumo de combustíveis fósseis e emissões de GEE na atmosfera.

Em contrapartida, além desse comprometimento – que se coloca como fundamental, inclusive, para a sobrevivência e bem-estar das próximas gerações no planeta –, o envolvimento com ações sustentáveis gera benefícios diretos para as empresas (da atração de investimentos a redução de custos operacionais).

É uma corrida contra o relógio em que operadores logísticos, mais do que nunca, precisam colocar o pé no acelerador.

ESTRADAS DO FUTURO

Enfrentar o desafio dos acidentes em estradas e rodovias do Brasil não é uma questão simples e, ao mesmo tempo, trata-se de uma demanda que pede urgência. De acordo com dados da CNT (Confederação Nacional de Trânsito), só em 2022, mais de 64 mil acidentes foram registrados no país — desses, 82,1% deixou vítimas, incluindo mortos e feridos. Em termos gerais, o Brasil ocupa a preocupante posição de 3º país com o maior número de mortes no trânsito, conforme relatório da OMS (Organização Mundial de Saúde). 

MundoLogística lançou a campanha “Estradas do Futuro”, uma iniciativa que conta com patrocínio da nstech, apoio da Onisys, da Associação Brasileira de Operadores Logísticos (ABOL), da Associação Brasileira de Logística (Abralog) e da Quartzolit. Por meio da campanha, o intuito é unir os diferentes atores da cadeia logística nacional, difundindo conteúdos educacionais que tragam tanto visibilidade para a pauta da segurança no transporte rodoviário, quanto práticas e divulgação de soluções que possam colaborar com a capacitação e proteção de motoristas.

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