Maio Amarelo: panorama dos acidentes rodoviários no transporte de cargas

Publicado em 06/05/2024

Estudo revela dados sobre ocorrências em 2023: só no início do ano passado, foram registradas cerca de 4 mil ocorrências, em mais de 20%, há feridos com lesões graves

Por Redação

Maio Amarelo: panorama dos acidentes rodoviários no transporte de cargas
A educação para o trânsito emerge como uma ferramenta essencial (Foto: Shutterstock)

O transporte de cargas é uma peça fundamental na engrenagem da economia global, movendo mercadorias de um ponto a outro em uma rede logística complexa que tem na malha viária um de seus principais alicerces.

No entanto, mesmo com os contínuos avanços do setor impulsionados pela inovação tanto em tecnologias quanto em processos de gestão, há uma realidade preocupante para o mercado: os acidentes rodoviários representam não apenas uma ameaça à segurança dos motoristas e das comunidades ao longo das rotas, mas também geram impactos significativos no ambiente, na economia e na dinâmica da saúde pública.

Ao analisar dados do último ano, é possível ter uma ideia da gravidade desse tema: um levantamento do R7 com dados da Polícia Rodoviária Federal mostrou que, somente em 2023, ocorreram 67,6 mil acidentes nas estradas brasileiras, maior número desde 2018.

Neste mesmo ano, as rodovias de São Paulo se destacaram negativamente. De acordo com dados do Infosiga, foram 2,1 mil acidentes, resultando em 2,3 mil mortes.

Considerando esse contexto crítico, é essencial analisarmos também os índices, causas e consequências que envolvem, especificamente, o transporte de cargas, a fim de pavimentar o caminho para um futuro com maior segurança viária para todos.

UMA VISÃO GERAL SOBRE ACIDENTES NO TRANSPORTE DE CARGA

Apresentando com mais nitidez esse cenário, um estudo recente do Instituto Paulista do Transporte de Cargas (IPTC) apontou que, em 2023, até o mês de fevereiro, foram registrados cerca de 4 mil acidentes envolvendo veículos de carga, com uma média mensal de 2 mil ocorrências. As consequências desses incidentes também são alarmantes: 21,5% resultaram em lesões graves e 4% resultaram em óbitos.

É válido frisar ainda que esse panorama preocupante não vem de hoje: segundo o Anuário Estatístico da Polícia Federal de 2021, quase 50% das mortes no período ocorreram em acidentes envolvendo caminhões e, no total, foram 37 mil ocorrências com vítimas (entre mortos e feridos).

Confira a seguir alguns padrões e tendências por trás dos acidentes de trânsito envolvendo o transporte de cargas.

Um perfil das ocorrências

O estudo do IPTC apresentou um perfil dos envolvidos em acidentes rodoviários no transporte de cargas revelando dados importantes: A faixa etária mais afetada abrange dos 36 aos 50 anos, totalizando 40,6% dos casos, com uma predominância significativa de homens, envolvidos em 90,2% das ocorrências, em comparação com apenas 6,2% das mulheres.

Nos dois primeiros meses de 2023, foram registrados cerca de 4 mil acidentes nas estradas com o envolvimento de caminhões – mais de 20% das ocorrências causaram lesões graves.

Os dados revelam também que a maioria dos acidentes ocorre durante o dia, com uma ligeira tendência para sextas-feiras e sábados, sugerindo uma necessidade contínua de vigilância e cautela ao volante, independentemente do dia da semana.

Causas dos acidentes

Dentre as principais causas de acidentes no contexto do transporte de cargas, o estudo destacou em primeiro lugar a reação tardia ou ineficiente dos motoristas em 13,2% dos casos no primeiro bimestre de 2023, com um aumento de 1,9% comparado ao mesmo período de 2022.

Em segundo lugar, a ausência de reação foi a causa de 10,9% dos acidentes, apresentando também um aumento em relação ao ano passado, quando foi registrado o índice de 8,8%. Na sequência, a velocidade incompatível aparece como terceiro principal fator causador de acidentes nas estradas, com 8,5% dos casos registrados.

Principais consequências

A perda de vidas, sendo a mais grave decorrência desses acidentes, acarreta um impacto irremediável nas estruturas familiares e na sociedade. Além disso, os traumas físicos e psicológicos vivenciados pelas vítimas podem desencadear sequelas de longo prazo, que podem persistir no decorrer de suas vidas, representando um ônus substancial em termos de qualidade de vida e capacidade produtiva.

Do ponto de vista econômico, os acidentes também representam um fardo pesado para o país. Os custos com reparos, indenizações e perda de produtividade geram um impacto significativo na economia, desviando recursos que poderiam ser investidos em áreas como saúde, educação e infraestrutura.

Para termos uma perspectiva mais clara desse cenário, em 2022, a CNT estimou que os custos dos acidentes alcançaram R$ 12,9 bilhões no período.

A importância da prevenção

Para enfrentar o desafio dos acidentes no transporte de carga, a educação para o trânsito emerge como uma ferramenta essencial. É preciso haver uma mudança cultural, para que motoristas sejam conscientizados sobre a importância da prudência, atitude que pode reduzir significativamente as fatalidades nas estradas. Nesse sentido, campanhas educativas — como o Maio Amarelo e a campanhas Estradas do Futuro da MundoLogística  e fiscalização são fundamentais, promovendo um comportamento responsável que prioriza a segurança.

Além disso, avanços tecnológicos oferecem soluções inovadoras. Algoritmos preditivos e inteligência artificial analisam variáveis de rotas, identificando comportamentos de risco e prevenindo falhas humanas. Essas soluções não só reduzem acidentes, mas também trazem benefícios econômicos significativos.

Para o país, há economias em custos com saúde, emergências e infraestrutura. Motoristas e empresas também se beneficiam com menores despesas, maior eficiência e lucratividade.

Assim, investir em segurança viária não é apenas uma escolha ética, mas também uma decisão inteligente do ponto de vista econômico, trazendo benefícios de longo prazo e mais segurança nas estradas.

MAIO AMARELO

O Maio Amarelo é um movimento internacional que foi criado em 2014 pelo Observatório Nacional de Segurança, inspirado pela resolução da Assembleia-Geral das Nações Unidas, que se deu em maio de 2011. Nesta resolução foi definido o período entre 2011 e 2020 como a “Década de Ações para a Segurança no Trânsito”; desde então o mês de maio se tornou um marco para ações voltadas à segurança viária.

Por vezes, os acidentes de trânsito são tratados como algo inevitável ou como simples fatalidade, mas a verdade é que a maioria deles poderia ser evitada com a adoção de medidas adequadas de prevenção e segurança.

Nesse sentido, se destaca o valor de campanhas de conscientização e educação como o Maio Amarelo, que coloca em pauta uma questão essencial para a sociedade: a segurança viária.

Em vista dos números alarmantes de acidentes nas vias do mundo todo, é essencial incentivar a reflexão sobre o próprio comportamento no trânsito e a adoção de atitudes mais responsáveis e seguras. Isso envolve desde o respeito às leis de trânsito até o cuidado com a manutenção do veículo e o uso dos equipamentos de segurança, como cinto de segurança e capacete.

E, novamente, é válido frisar a importância do envolvimento dos operadores logísticos nesse processo de conscientização, uma vez, que todos os acidentes registrados no Brasil em 2022 – 64,5 mil, nada menos que 17,2 mil envolveram veículos de carga.

ESTRADAS DO FUTURO

Em virtude da mesma inquietação com os índices alarmantes de fatalidades no trânsito que motivou a criação da iniciativa Maio Amarelo, a MundoLogística lançou a campanha "Estradas do Futuro", em 2023, com o patrocínio da nstech e Saint Gobain/Quartzolit. A iniciativa tem como objetivo contribuir para a transformação do cenário de segurança no transporte rodoviário e na cadeia logística do país.

Contando também com o apoio da Onisys, da Associação Brasileira de Operadores Logísticos (ABOL) e da Associação Brasileira de Logística (ABRALOG), o foco principal da Campanha Estradas do Futuro é fortalecer um ecossistema capaz de unir os diferentes players da cadeia logística nacional e difundir conteúdos educacionais que tragam visibilidade para a pauta da segurança no transporte rodoviário.

Por meio de práticas e soluções inovadoras, a campanha busca ainda colaborar com a capacitação e proteção de motoristas, promovendo ações concretas para a redução de acidentes e a melhoria das condições de segurança nas estradas.

Assim, ao difundir esforços como o Maio Amarelo e outras ações estratégicas similares, reforçamos o compromisso com a construção de um futuro mais seguro e sustentável nas estradas do Brasil e do mundo – futuro no qual os acidentes de trânsito se tornem cada vez mais raros e a segurança viária seja uma realidade concreta.

 

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