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Roubo de cargas: números preocupam

Publicado em 10/01/2022

Segundo a Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística (NTC), as regiões localizadas nas proximidades de rodovias e numa área distante até 30 quilômetros da Capital paulista são as mais sensíveis aos roubos de carga


Foto: Divulgação

Artigo | Por Liana Lourenço Martinelli *

Com o arrefecimento no número de vítimas da pandemia de coronavírus (Covid-19), a economia começou a se recuperar e a previsão é que já no primeiro trimestre de 2022 ocorra uma retomada no setor de serviços e no mercado de trabalho informal, em consequência de aumento no investimento privado, consolidação fiscal, taxa de poupança mais elevada e reformas econômicas já anunciadas. A previsão da Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Economia é que, em 2022, haja um crescimento de 2,5% do Produto Interno Brito (PIB). Já analistas do mercado se mostram menos otimistas e preveem um crescimento de 1,63% para o PIB, conforme nota da Agência Brasil.

Seja como for, é certo que, com o reaquecimento do mercado, haverá a movimentação de cifras milionárias na malha rodoviária, garantindo o abastecimento de mercadorias para todo o território, o que significa também a expansão do número de empregos e, em consequência, a reativação do mercado interno, ainda que a previsão para o comércio exterior não seja muito animadora, pois, segundo a Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), o superávit na balança comercial poderá chegar a US$ 34,5 bilhões, com queda de 39,7% em comparação com 2021.

Se houver mesmo o reaquecimento do mercado, não há dúvida que o setor de transportes será altamente beneficiado. Em contrapartida, não está afastada a possibilidade de que aumentem também os efeitos colaterais, ou seja, que cresça o número de roubo de caminhões e cargas nas rodovias, especialmente no Estado de São Paulo. Segundo dados da Secretaria de Segurança Pública, de janeiro a agosto de 2021 ocorreram 4.131 crimes desse tipo, com uma alta de 4,7% em comparação com igual período de 2020.

Do total de casos, 46,2% ocorreram na Capital, 30,8% na região metropolitana da Grande São Paulo e 22,9% no Interior. Mesmo com a alta registrada do Estado de São Paulo, os crimes relacionados com roubos de cargas no País estão em queda, se os números forem comparados com aqueles registrados em 2017, ano considerado o ápice nesse setor. Naquele ano ocorreram 25.970 roubos de carga em todo o território nacional, o que representou cerca de R$ 1,5 bilhão de prejuízos. O Estado de São Paulo foi responsável por 10.584 dos crimes, ou 40,75%, enquanto o Rio de Janeiro respondeu por 10.599, representando 40,81% do total. Desde então, houve um decréscimo nos números.

Segundo a Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística (NTC), as regiões localizadas nas proximidades de rodovias e numa área distante até 30 quilômetros da capital paulista são as mais sensíveis aos roubos de carga. Esses são locais que, geralmente, concentram empresas de logística e centros de distribuição, que costumam transportar mercadorias de alto valor agregado, como combustíveis, equipamentos eletrônicos e medicamentos, exatamente aquelas que mais atraem as quadrilhas.

Mais: alguns bandos especializaram-se em roubar produtos perecíveis, como alimentos, cigarros e bebidas, que são repassados e consumidos com rapidez. E esse tipo de delito ocorre exatamente quando a mercadoria está sendo entregue no estabelecimento comprador. Já caminhões que transportam produtos como combustíveis, têxteis, equipamentos eletrônicos, defensivos agrícolas e itens farmacêuticos são alvos do crime organizado quando estão transitando por rodovias. Os bandidos, geralmente, mantêm o motorista em cárcere privado até que seus objetivos sejam concluídos. No Estado de São Pau lo, os municípios de São Paulo, Guarulhos e Jundiaí são os mais visados pelos marginais, mas Cubatão, Cajamar, Itaquaquecetuba, Osasco, São Bernardo do Campo e Embu das Artes também registram altos índices.

A Secretaria de Segurança Pública já anunciou que vai intensificar o programa de prevenção e redução de furtos, roubos e desvios de carga (Procarga), em vigência desde 1997, aumentando a repressão a esse tipo de delito. Ao mesmo tempo, as empresas de transporte e logística tratam de instalar cada vez mais sistemas de segurança como rastreamento e monitoramento de veículos, que vem dificultando as ações dos criminosos. Mas, por enquanto, essa é uma luta que parece não ter fim.

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* Liana Lourenço Martinelli é advogada, pós-graduada em Gestão de Negócios e Comércio Internacional, gerente de Relações Institucionais do Grupo Fiorde, constituído pelas empresas Fiorde Logística Internacional, FTA Transportes e Armazéns Gerais e Barter Comércio Internacional. E-mail: fiorde@fiorde.com.br

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