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Para o CEO da Kangu, a palavra do e-commerce é “democratização”

 

Publicado em 16/09/2021

Em entrevista exclusiva para a MundoLogística, Marcelo Guarnieri abordou questões como a aquisição feita pelo Mercado Livre, o equilíbrio entre crescimento e sustentabilidade e a expectativa de que a Kangu continue crescendo


Foto: Divulgação

Por Christian Presa | Redação MundoLogística

O uso da internet para compras e vendas já é algo que faz parte da vida dos brasileiros há alguns anos, mas isso se acentuou por conta da pandemia de Covid-19. De acordo com uma pesquisa realizada pela Neotrust, o e-commerce teve alta de 57,4% no primeiro trimestre de 2021, em comparação ao mesmo período do ano passado – no período, foram 78,5 milhões de compras online. O levantamento também apontou que o número de lojas virtuais cresceu 40% em 2020.

Quase que ironicamente, esse cenário faz despontar grandes players, que chegam para viabilizar as operações de pequenos empresários. Um desses players é a Kangu, uma empresa que surgiu em 2018 com a proposta de realizar envios, devoluções e retiradas de itens prezando por eficiência e sustentabilidade. Por meio dos Pontos Kangu, é possível conectar vendedores de e-commerce, clientes, empresas de transporte e estabelecimentos de bairro.

Depois de três anos de atividade, a nuance mais evidente na essência da Kangu é a democratização do e-commerce. O desempenho bem-sucedido é notável: atualmente, a empresa está presente em mais de 700 cidades brasileiras, com aproximadamente 2,5 mil pontos de coleta, e já registra operações consolidadas em países como México e Colômbia.

Em entrevista exclusiva à MundoLogística, o CEO da Kangu, Marcelo Guarnieri, abordou questões que fazem parte da agenda da empresa. Mas seja falando sobre a aquisição feita pelo Mercado Livre ou a respeito do equilíbrio entre crescimento e sustentabilidade, o que fica claro na visão de Guarnieri é a expectativa de que a Kangu continue crescendo – tal como tem sido desde sempre.
 



MUNDOLOGÍSTICA: O crescimento do e-commerce é algo notável nos últimos anos, mas se intensificou no ano passado por causa da pandemia de Covid-19. A Kangu enfrentou desafios para se adaptar em meio a essa mudança acelerada ou isso acabou acelerando os negócios da empresa?

MARCELO GUARNIERI: Nós somos uma empresa nova, que está no mercado há três anos. Quando começamos, a gente via que existia uma carência muito grande de soluções para atender pequenos vendedores no e-commerce. Então, vendo isso, nós já estávamos muito preparados, pois já tínhamos uma expectativa de que a nossa solução fosse bem recebida. Sabíamos que, se entrássemos no trilho correto, teríamos uma grande possibilidade de crescer. Seja por sorte ou outro fator, isso nos ajudou muito diante do que aconteceu na pandemia. Essa “entrada no trilho” veio antes do que pensávamos e em uma velocidade muito maior do que achávamos que ia acontecer. Mas, como nós tínhamos a consciência de que precisávamos de um modelo de negócio que pudesse ser instalado com agilidade, a gente prezou por essa preparação e isso “casou” com o momento em que o marcado, de fato, explodiu, tanto na questão do e-commerce quanto no surgimento de pequenos e médios empreendedores. Nós crescemos cinco anos em um. Em março do ano passado, tínhamos vinte colaboradores na empresa. Hoje, temos quase 400. Estamos presentes em mais de 700 cidades brasileiras, além de termos iniciado operações no México e na Colômbia... Tudo isso alinhado com a visão de que precisávamos oferecer um negócio capaz de escalar de forma ágil.

Ao mesmo tempo em que existe uma demanda por agilidade e inovação, existe também uma preocupação crescente em relação à sustentabilidade e à preservação ambiental. Como essas pautas estão presentes na estratégia e nos guidelines da Kangu?

A Logística é muito agressiva com a cidade, não só do ponto de vista de emissão de carbono, mas também em relação ao impacto no trânsito, na distribuição de renda, na poluição sonora... Há vários aspectos que fazem parte dessa questão de sustentabilidade. Quando pensamos a Kangu, uma das coisas que era fundamental no nosso planejamento era criar um modelo por meio do qual fosse possível fazer entregas de forma mais sustentável por natureza. Ou seja, com práticas que causassem menos impacto nas cidades. O modelo da Kangu é baseado em estabelecimentos de bairro, o que ajuda a fomentar a economia local e contribui com a geração de empregos em diversos níveis. Então, o primeiro traço de sustentabilidade é o acesso a mais renda local. Além disso, do ponto de vista de trânsito e circulação, o nosso modelo também gera menos impacto no bairro. Como os estabelecimentos são próximos das casas das pessoas, isso evita grandes deslocamentos e trânsito intenso. Na cidade de São Paulo, por exemplo, há mais de 700 pontos de coleta da Kangu, o que corresponde a uma média de um ponto a cada 700 metros. Muitas vezes, é possível fazer a operação a pé e isso também ajuda, inclusive, a reduzir a emissão de carbono na comunidade.

No fim de agosto, foi anunciada a compra da Kangu pelo Mercado Livre, uma companhia que está com uma estratégia robusta de expansão de malha logística, bem como de adoção de tecnologia para otimizar a operação. Como foi esse approach do Mercado Livre? Vocês já imaginavam uma possível venda da empresa?

O Mercado Livre era um grande cliente da Kangu e um ponto interessante na relação entre as duas empresas é que nós sempre tivemos um DNA muito parecido, tanto no propósito quanto na maneira de fazer as coisas. Há duas características em comum: a primeira é a intenção de democratizar o e-commerce, o Mercado Livre dando espaço para novos vendedores e a Kangu viabilizando o transporte das mercadorias, e a segunda é o aspecto tecnológico, pois nós prezamos muito por criar soluções que estejam voltadas para a tecnologia. Isso fez com que o relacionamento cliente-fornecedor fosse muito próximo e a parceria foi crescendo até que culminou em uma proposta do Mercado Livre para fazer a aquisição da Kangu. Para nós, um aspecto muito importante dessa transação é que a Kangu vai continuar operando da mesma forma, oferecendo serviços para todo o mercado. Serão as mesmas estratégicas e os mesmos focos, mas com o apoio de uma marca sólida para colaborar, trocar experiências e acelerar esse negócio.

O que o mercado pode esperar dessa união?

O mercado pode esperar que a gente continue crescendo forte. Do mesmo jeito que crescemos, desde o ano passado, de 500 pontos para mais de 2,5 mil somente no Brasil, a gente vai continuar expandindo. Temos um plano de chegar, só no Brasil, a 3,5 mil pontos de coleta até a Black Friday [neste ano, a Black Friday está agendada para o dia 26 de novembro], uma expansão de 50%. O Brasil é um país enorme e nós queremos atender em todos os lugares.

Estamos nos aproximando de novembro, que é marcado pela Black Friday – ou seja, esse é o momento em que o setor de logística “arregaça as mangas” para garantir que um dos maiores atos comerciais do ano seja bem-sucedido. De que maneira a Kangu, agora juntamente ao Mercado Livre, está se preparando para a Black Friday?

Já estamos na fase final de preparação. Tudo que a gente vem construindo durante o ano é uma forma de se preparar para a Black Friday, alinhando as operações para ter a capacidade de oferecer a mesma qualidade de serviço de sempre no dia de pico da Black Friday. Do mesmo jeito que nós conseguimos cumprir isso no ano passado, a gente espera poder realizar isso neste ano, agora com um porte muito maior.

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