No primeiro semestre de 2024, as gerenciadoras de risco da nstech ampliaram em 58% os valores de cargas gerenciadas por suas soluções; em entrevista para a MundoLogística, Mauricio Ferreira revelou novas tecnologias da empresa e analisa o contexto de inovação na área de segurança logística
Por Redação
Vice-presidente de Inteligência de Mercado da nstech, Maurício Ferreira (Foto: Shutterstock)
"Acreditamos que a solução para o aumento da segurança no transporte de cargas vem e continuará vindo, em grande medida, da iniciativa privada. Embarcadores, transportadores, corretoras, seguradora e gerenciadoras de risco, todos os atores do ambiente de negócios nacional têm uma função determinante para fazer com que a segurança nas estradas evolua."
Foi com essas palavras que o vice-presidente de Inteligência de Mercado da nstech, Maurício Ferreira, frisou a importância da iniciativa privada para o desenvolvimento tecnológico e o fortalecimento de uma "cultura de segurança" nas estradas. O executivo também destacou o papel indispensável de órgãos como as Secretarias de Segurança Pública e entidades de classe que têm contribuído com o controle nos índices de roubos de carga no país.
Em entrevista exclusiva para a MundoLogística, o executivo analisou ainda tendências tecnológicas da área de segurança logística e que estratégias as empresas podem trilhar para reduzir prejuízos e aumentar a proteção de seus motoristas, cargas e veículos.
Leia na íntegra!
MUNDOLOGÍSTICA: Qual a importância da inovação para o ambiente logístico nacional, especialmente no tocante a segurança no transporte de cargas?
MAURICIO FERREIRA: A inovação é crucial em diferentes frentes da logística: da redução do roubo de cargas ao controle de temperaturas em cargas perecíveis; passando pela redução de acidentes e otimização de rotas para entregas mais ágeis e melhoria da experiência do cliente. Esse cenário todo, agregado, é o que vai fazer a diferença para a segurança nos transportes e para a eficiência logística como um todo. Para fazer com que essa jornada tecnológica se acelere ainda mais no Brasil, a nstech tem apostado muito em squads de inovação para olhar especificamente processos, analisar dores do mercado, focar no desenvolvimento de produtos disruptivos e melhoria das soluções atuais ligadas à segurança. Para tanto, investimos não apenas na infraestrutura tecnológica, mas em pessoas, talentos, cientistas de dados e pesquisadores que estão conduzindo, conosco, essa revolução na segurança para o transporte de cargas.
Como a iniciativa privada pode contribuir com a superação dos desafios de segurança no transporte de cargas brasileiro?
Acreditamos que a solução para o aumento da segurança no transporte de cargas vem e continuará vindo, em grande medida, da iniciativa privada. Embarcadores, transportadores, corretoras, seguradora e gerenciadoras de risco, todos os atores do ambiente de negócios nacional têm uma função determinante para fazer com que a segurança nas estradas — sobretudo na vertente da inovação voltada à segurança no transporte de cargas — evolua. Certamente, há iniciativas importantes na esfera pública, por meio, por exemplo, de ações estruturadas das Secretarias de Segurança Pública de estados como São Paulo e Rio de Janeiro, além da participação fundamental de sindicatos e órgãos de classe como SETCESP, CNT, FIRJAN; tudo isso contribui para que o ecossistema de segurança se fortaleça; mas o que fez, até aqui, com que o país mantivesse índices estáveis de roubos de carga e fortalecesse uma cultura de segurança foram os investimentos cada vez mais robustos da iniciativa privada. Apesar de números alarmantes, em 2023 foram quase 1, mil ocorrências por mês, ainda estamos distantes dos 26 mil roubos por ano que registramos em 2017 – pior ano.
De acordo com o relatório o relatório “Roubo de Cargas”, desenvolvido pela nstech e com dados do primeiro semestre de 2024, as áreas urbanas concentram 44,1% dos prejuízos do país com essas ocorrências tão comuns nas estradas brasileiras. O que, na sua visão, justifica esse cenário?
Há dois principais fatores: quando a gente fala de ocorrências em áreas urbanas, você tem uma parte muito relevante dos casos acontecendo na distribuição last mile – geralmente cargas de e-commerce com valores mais baixos, mas de maior fluxo de recorrência, por isso, há mais chances de furto, sobretudo no contexto dos grandes centros e metrópoles do país, além de maior proximidade com os pontos de distribuição das mercadorias roubadas. Nesse sentido, o prejuízo é, sem dúvidas, impactante para as empresas. Além disso, as quadrilhas especializadas, buscam atuar próximo às áreas urbanas, primeiro que não querem ficar trafegando por longos percursos com cargas roubadas, evitando assim a prisão em flagrante, além disso, é justamente nos grandes centros urbanos/capitais que as mercadorias roubadas são escoadas mais facilmente pelos receptadores, desta forma, é comum que as quadrilhas atuem em um raio de até 100 km dos grandes centros.
Considerando fatores como esse, quais são as bases e que estratégias recomenda para o aumento da segurança logística?
O tripé da segurança na logística e no transporte de cargas passa por processos, tecnologia e pessoas. No pilar processual, há uma participação crucial das seguradoras, gerenciadoras de risco e das corretoras que constroem esses procedimentos a seis mãos e levam aos seus clientes em uma formatação que se justifique para as empresas do ponto de vista de custos e benefícios. No âmbito da inovação para a segurança no transporte, temos hoje um cenário no Brasil que impressiona em termos de maturidade digital e disrupção tecnológica, inclusive no comparativo com grandes economias ao redor do mundo somos referência. Na nstech, evoluímos significativamente nossas principais soluções, tanto nosso cadastro de motoristas e veículos como nosso software de monitoramento, não à toa, apresentamos melhora significativa em todos os nossos indicadores de performance, inclusive, com resultado histórico de recuperação. Ainda dentro do nosso papel de gestores de riscos, em parceria com seguradoras e corretoras, somos os grandes incentivadores e facilitadores para que embarcadores e transportadores realizem investimentos e permitam a evolução de soluções tecnológicas, isso fez com que parceiros estratégicos e especializados em tecnologia, desenvolvessem e possibilitassem o Brasil de ter as melhores tecnologias para prevenção ao roubo de cargas do mundo, neste sentido, existem parceiros que fornecem hardwares de ponta, como: bloqueadores secundários e blindagem elétrica de carretas, por exemplo, sistemas sofisticados de gestão de riscos que atendem em parceria conosco, diversas transportadoras, que por sua vez, atendem embarcadores multinacionais que movimentam o PIB do Brasil.
Por fim, como destaquei, um pilar indispensável são as pessoas, pois são elas que pensam, estruturam e executam as estratégias de segurança, processos e estão por trás dos desenvolvimentos tecnológicos.
Para fechar, pode comentar alguns indicadores da nstech voltados à inovação na área de segurança automotiva no transporte rodoviário de cargas)?
Dentre os destaques, é válido citar que tivemos um aumento significativo de 58% em valores de cargas gerenciadas pelas nossas soluções entre o último semestre de 2023 e o primeiro semestre de 2024. Além disso, reduzimos 24% os ataques e exposição das cargas gerenciadas, fruto da evolução das nossas soluções de cadastro e monitoramento e 31% de redução nos prejuízos com roubo de cargas para nossos clientes finais. Esse último indicador se justifica porque aumentamos ainda mais nosso índice de recuperação de cargas – já vínhamos de um volume histórico de recuperação em 2023 e aumentamos esse dado em 4% na primeira metade deste ano. Seguimos com a missão de aumentar a segurança nas estradas brasileiras e de levar uma cultura de tecnologia para as empresas. Nossos números demonstram que esses objetivos estão sendo conquistados graças a um esforço multidisciplinar de nossos talentos, visão estratégica e acompanhamento contínuo dos desafios e oportunidades do país.