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Nova presidente da Aliança destaca ampliação da cabotagem para o mercado brasileiro em 2024

 

Publicado em 21/02/2024

Com exclusividade à MundoLogística, Luiza Bublitz explicou como encara esse novo momento na companhia, bem como os desafios e oportunidades da empresa no atual cenário logístico

Por Camila Lucio

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Luiza iniciou a jornada no transporte marítimo na Aliança, em 2001 (Foto: Divulgação)

Em janeiro, Luiza Bublitz assumiu a presidência da Aliança Navegação e Logística, empresa da Maersk. A companhia possui mais de 1,8 mil clientes no Brasil, uma frota de cerca de 200 caminhões e 8 navios porta-contêiner, com atuação entre 14 portos brasileiros, parceria com 18 terminais ferroviários e mais de 48 mil m² de armazéns, em todo território nacional.

Com exclusividade à MundoLogística, a executiva — que iniciou a jornada no transporte marítimo na própria Aliança, em 2001 — ressaltou que alguns dos grandes desafios para o setor de cabotagem são a busca por redução de custos operacionais, a gestão da operação frente às intempéries climáticas agravadas em algumas regiões do país e a necessidade de melhorias na infraestrutura.

Bublitz também comentou como encara esse novo momento na companhia, os desafios e oportunidades da empresa no atual cenário logístico, como o grupo planeja alcançar as metas de sustentabilidade, além das perspectivas futuras da empresa.

Leia na íntegra!


MUNDOLOGÍSTICA: Você é a nova presidente da Aliança Navegação e Logística. Com mais de 20 anos de carreira, como você encara esse novo momento na companhia?

LUIZA BUBLITZ: É um novo capítulo que se inicia em minha carreira e que encaro com grande entusiasmo. Sinto-me honrada por retornar a essa grande empresa, em que tive a oportunidade de iniciar minha jornada no mundo da logística, há 22 anos. Estou animada em trabalhar lado a lado com nossos times, clientes e parceiros, e comprometida em trazer inovação, sustentabilidade e eficiência em toda a cadeia logística, ressaltando como a cabotagem, aliada à logística integrada, é uma grande ferramenta para aportar a resiliência necessária às nossas indústrias brasileiras e viabilizar o transporte planejado de grandes quantidades de cargas de forma segura, eficiente, com grande abrangência geográfica e de forma sustentável.   

Ao assumir a presidência, você mencionou a busca por inovação e eficiência na cadeia logística. Pode nos dar mais detalhes sobre a visão e missão que pretende marcar na Aliança?

Vivemos em um mundo em que a volatilidade é a única constante. Isso significa que nosso dia a dia é marcado por mudanças, quebras de paradigmas e revoluções de ideias. Acredito que a tecnologia é uma das frentes da inovação e uma forte aliada para que as transformações aconteçam, buscando cada vez mais eficiência, fluidez e agilidade. Como o cliente está sempre no centro das nossas decisões, é preciso inovar para entregar uma jornada ainda mais eficiente e verde. Outra frente voltada à inovação que acredito muito — e na qual a Maersk como um todo já aposta — é a da sustentabilidade. A busca por se tornar net zero, além de ser uma iniciativa positiva para o planeta e parte integrante dos nossos valores, é uma demanda cada vez mais frequente dos nossos clientes. A Aliança atua em todo Brasil, nas principais rotas, com soluções logísticas pensadas para cada cliente. Seja ele grande ou pequeno, temos como missão diária democratizar o acesso à logística de qualidade, com custos competitivos, viabilizando a expansão de negócios em âmbito nacional e impulsionando assim o desenvolvimento do Brasil. 

Quais são os desafios e oportunidades que você enxerga para a Aliança Navegação e Logística neste momento?

Acredito que, já há alguns anos, uns dos grandes desafios para o setor de cabotagem, como um todo, são a busca por redução de custos operacionais, a gestão da operação frente às intempéries climáticas agravadas em algumas regiões do país, a necessidade de melhorias na infraestrutura, entre outros. A Aliança enfrenta esses desafios e aposta na oportunidade de crescimento do setor e no Brasil para superá-los. A cabotagem é um modal menos poluente, mais seguro, mais barato, com capacidade de movimentar maior volume de carga e tem crescido sucessivamente na última década. Vale lembrar o quanto a indústria e o varejo nacional podem ampliar suas oportunidades integrando este modal à sua cadeia logística – seja para o transporte de cargas domésticas, feeder — cargas com origem ou destino final no exterior — ou transporte de carga internacional entre portos do Mercosul e portos brasileiros. É importante ressaltar de que se trata do modal de transporte mais versátil e inclusivo, já que transporta com segurança e qualidade produtos de diversas categorias, do arroz ao zinco, celulares a pás eólicas, cosméticos a eletrônicos. Atende grandes, pequenas e médias empresas, gerando receita em impostos e empregos para o país, além de alimentar milhões de brasileiros, literalmente, com o transporte de milhões de toneladas de arroz e grãos. Por isso, acreditamos que, por meio da logística integrada, é possível explorar o melhor de cada modal, resultando em benefícios ainda maiores. Uma de nossas apostas em 2024 será ampliar a cabotagem para o mercado brasileiro, por meio do transporte de cargas fracionadas, o LCL (Less Than Container Load) direcionado para demandas que envolvam cargas que não ocupam um contêiner inteiro. Com esse novo serviço queremos democratizar o acesso à cabotagem também para quem precisa movimentar volumes menores de carga.  A Aliança também enxerga como oportunidade a logística integrada, e disponibiliza sua frota própria de caminhões e armazéns nas duas pontas, bem como parceria com as principais ferrovias do estado de São Paulo, Paraná, Mato Grosso, Rio de Janeiro e Minas Gerais para poder atender os clientes que optam pelo serviço de ponta a ponta.

A Aliança tem uma base significativa de clientes, frota considerável e parcerias extensas. Como você planeja fortalecer o relacionamento com clientes e parceiros, visando a eficiência e o crescimento conjunto?

A Aliança é uma integradora logística especializada no mercado doméstico e nossos times entendem a complexidade e importância das operações dos nossos clientes. Por isso, o relacionamento com eles já é bastante próximo. Porém, sabemos que a imprevisibilidade é intrínseca à logística e por isso buscamos sempre melhorar a nossa atuação, corrigir possíveis entraves, antecipando necessidades, com o objetivo de manter uma relação transparente com cada um deles, baseada em confiança, segurança e previsibilidade, para continuar a impactar positivamente os seus respectivos negócios. Nossos times são focados em ações e soluções que facilitam a experiência do cliente, em todas as etapas, sempre alinhando expectativas e necessidades individuais, entregando uma jornada ainda mais eficiente. Exemplo prático foi como atuamos no período que antecedeu à seca em Manaus (AM), no ano passado. Para contextualizar, todo ano, entre meados de maio e início de junho, começa o período chamado de vazante nos rios do Amazonas, processo de descida do nível das águas, que afeta a capacidade de navegação no Rio Amazonas e afluentes. Em 2023, o período foi intensificado devido ao fenômeno climático El Niño. A Aliança, que há anos monitora constantemente a situação, intensificou as análises preditivas de dados relacionados à navegabilidade nos rios da região no 3º trimestre. Por meio desse monitoramento, que conta, inclusive, com estações meteorológicas da Agência Nacional de Águas (ANA) e Sonar nos navios da frota, atrelado às análises estratégicas de planejamento e operação, foi possível alertar antecipadamente os clientes sobre a situação, especialmente aqueles que produzem Zona Franca de Manaus. Graças a essa análise preditiva, eles puderam adiantar os embarques dos seus produtos, com foco, principalmente, na Black Friday e no Natal, duas das principais datas do varejo no ano.

Você mencionou o compromisso com inovação e sustentabilidade na cadeia logística e a descarbonização é destacada como prioridade estratégica do grupo. Como o grupo planeja trabalhar para alcançar as suas metas?

A Maersk tem, como meta global, ser net zero em toda a sua operação até 2040 e a Aliança também caminha nesse sentido, a partir de iniciativas relacionadas à descarbonização de sua cadeia. Por exemplo, estamos construindo neste momento as duas primeiras barcaças ATBs oceânicas para o transporte de contêineres do Brasil. Os dois conjuntos transportarão as cargas de forma mais segura e eficiente – a partir do transporte simultâneo de volume maior de carga, em relação a outras embarcações e ao transporte terrestre – e serão equipados com motores principais que poderão, no futuro, ser movidos a combustíveis verdes, como metanol e etanol. Outro exemplo recente que vale a pena destacar foi o projeto-piloto com caminhões elétricos pesados, realizado em setembro do ano passado, no Brasil. Apoiando iniciativas para descarbonizar as cadeias de fornecimento dos nossos clientes na América Latina, conduzimos testes para promover o uso de caminhões elétricos no transporte de cargas no Brasil. Os pilotos foram feitos com caminhões modelos cavalo mecânico, ou caminhão trator, que permitem o transporte rodoviário de contêineres (FCL), de dois fabricantes distintos, pelo período de duas semanas. Para analisar as possibilidades de oferecer conectividade no modal rodoviário, os testes foram conduzidos na região metropolitana de São Paulo – num roteiro de 100km, entre as regiões de Barueri, Barra Funda e São Bernardo do Campo – e num trecho de 230 km, entre o Porto de Itapoá e a cidade Araquari (ida e volta), em Santa Catarina. Para os projetos pilotos, foram instaladas estações de carregamento elétrico em suas áreas operacionais para garantir o carregamento noturno. Temos, agora, a previsão de novo teste para um cliente com operação no Nordeste, que deve começar ainda neste mês. Além disso, a cabotagem, por si só, já é um modal mais sustentável, uma vez que alivia significativamente o modal rodoviário. Um navio da Aliança transporta carga equivalente à transportada por 3 mil caminhões, contribuindo para a redução das emissões de carbono. Segundo à Associação Brasileira de Armadores de Cabotagem (ABAC), o transporte de carga por cabotagem emite pelo menos quatro vezes menos CO2 do que o transporte rodoviário. 

Diante do cenário econômico e logístico em constante transformação, quais são suas perspectivas para o futuro da Aliança Navegação e Logística?

A Aliança liga o Brasil de ponta a ponta, por meio de soluções logísticas integradas que são potencializadas pelo modal da cabotagem. A expectativa é que em 2024 o setor, como um todo, e em especial a cabotagem estejam mais aquecidos devido ao movimento dos mercados, já que é prevista a reposição de estoques. Também esperamos que a cabotagem siga crescendo e que a matriz de transportes brasileira evolua e se torne mais equilibrada, o que certamente contribuirá para uma logística mais eficiente, em todos os sentidos.

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