Crescimento de 82% no volume de fretes, no segundo semestre, foi puxado pelo agronegócio
Apesar do ano atípico por conta da pandemia, o setor de transporte rodoviário de cargas seguiu firme para superar os desafios enfrentados por toda a economia brasileira, em 2020. O resultado positivo do segmento foi refletido no volume de fretes movimentados no país, que aumentaram 62% na comparação com 2019. O dado faz parte do “Relatório Anual FreteBras - O Transporte Rodoviário no Brasil”, produzido pela Fretebras, plataforma on-line de transporte de cargas da América do Sul, que analisou o mercado de fretes durante todo o ano passado.
De acordo com o estudo, o maior impacto da pandemia no setor de transportes em 2020 foi sentido na primeira metade do ano. Do primeiro para o segundo trimestre, houve queda de 8% nos fretes. A redução ocorreu exatamente no momento em que foram iniciadas as medidas de distanciamento social. Entretanto, a chegada do terceiro trimestre, com uma alta histórica puxada principalmente pela safra recorde de produtos agrícolas, contribuiu para que houvesse um aumento duas vezes maior no volume de fretes em relação ao mesmo período em 2019, registrando um crescimento de 102%.
“O volume de fretes publicados diariamente na plataforma da FreteBras é um termômetro da produção e do consumo brasileiro. Observamos todo o histórico de quase seis milhões de fretes publicados em nossa plataforma em 2020 e que cobrem 95% do território nacional. Além disso, nos baseamos em pesquisas internas e também de organizações públicas e privadas sobre as principais temáticas que acreditamos ter um valor especial para o setor de transportes.” - Bruno Hacad, diretor de Operações da FreteBras.
Preço médio do frete em 2020
Com o intuito de apoiar no equilíbrio e transparência da indústria de transportes rodoviários, a FreteBras anunciou o lançamento do Índice FreteBras de Preço do Frete, que passará a ser divulgado mensalmente.
Segundo a empresa, em 2020, o caminhoneiro que cruzou o Brasil de Norte a Sul recebeu, em média, R$3,93 por km por eixo. Ao seguir pelo Centro-oeste, os ganhos foram mais altos, em média R$4,73. As regiões Sudeste e Nordeste registraram os valores mais baixos do país, média de R$3,81. Ao longo do ano este preço se manteve estável.
Setores em destaque
Com uma grande safra de grãos, o agronegócio foi um dos principais destaques em 2020. Considerando todos os fretes oriundos deste setor, o estudo registrou um volume 71,3% maior que em 2019.
O mercado de insumos também alcançou excelentes resultados com destaque para Construção, que aumentou cerca de 90% o volume de fretes em comparação a 2019. O crescimento do segmento nos três meses finais do ano alcançou o número expressivo de 82,9% na comparação com o mesmo período de 2019.
“O cenário positivo da indústria, com a baixa da taxa básica de juros e o lançamento de novos produtos de crédito imobiliário por parte das instituições financeiras, tornaram o acesso a empréstimos mais barato, o que aqueceu o setor”.
A categoria de produtos industrializados também mereceu destaque. Durante os primeiros meses de distanciamento social, o setor registrou uma queda de quase 20% na quantidade de fretes, porém a recuperação foi a mais intensa identificada pela FreteBras. O crescimento nos fretes do segundo trimestre foi de 117% e no total do ano, foram realizadas 50,9% mais viagens que em 2019.
A digitalização da indústria de transportes rodoviários
A FreteBras registrou 200 mil novos caminhoneiros se cadastrando pelo aplicativo ou site da empresa para buscar fretes online em 2020. Este crescimento acompanha e aponta que a categoria está buscando mais soluções digitais, que facilitem a relação entre transportadoras e motoristas.
“Atualmente, 98% dos caminhoneiros acessam a internet via celular. O surgimento da tecnologia 5G permitirá que a categoria tenha mais acesso a serviços digitais que podem melhorar tanto a sua rentabilidade, através da busca e negociação de fretes mesmo antes de começar uma viagem, como a segurança, já que eles poderão executar mais buscas de informação sobre transportadora, locais de
coleta e entrega, entre outros.”
Tendências para 2021
Para Hacad, 2021 será um ano de muitos desafios para o setor.
“Estamos apostando num ano de recuperação e também de muito trabalho. A digitalização seguirá apresentando desafios, principalmente no quesito segurança, que para nós é uma prioridade absoluta. As previsões apontam que a safra de grãos atingirá um novo recorde, o que deve aumentar ainda mais a força do agro na economia do Brasil. A manutenção da taxa básica de juros em uma baixa histórica continuará aquecendo a indústria da construção, e o aumento das vendas on-line seguirá conectando consumidores e empresas em diferentes regiões, aumentando as possibilidades de fretes deste para atender a demanda”.
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