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Desafio na Logística: A batalha contra a escassez de profissionais — e como vencê-la

Publicado em 30/07/2024

Estratégias bem fundamentadas, como ajustes salariais competitivos, análise de mercado e adaptação às demandas locais, são cruciais para garantir operações eficientes e sustentáveis

Por Victor Lasman Niechcicki* e David Vilaca Acrux**

Desafio na Logística: A batalha contra a escassez de profissionais — e como vencê-la
Turnover pode custar aos empregadores 33% do salário anual de um empregado (Foto: Shutterstock)

A escassez de mão de obra operacional é um dos maiores desafios enfrentados pelo setor logístico atualmente. Este problema é particularmente intenso devido à alta demanda sazonal e à concentração de empresas em regiões específicas, levando a uma competição acirrada por profissionais qualificados.

Regiões como Cajamar (SP) e Extrema (MG) enfrentam desafios críticos devido à falta de mão de obra operacional. Em Cajamar, mais de 142 empresas do setor logístico estão em operação, e 4 em cada 10 compras online no Brasil são despachadas de seus centros de distribuição.

Em Extrema, a situação também é complexa. A cidade possui um estoque de 57,1 mil vagas de trabalho, superando sua população de 55.482 pessoas, segundo o Censo de 2022. Entre 2020 e 2022, foram criadas 8.066 novas posições de emprego na região. As informações são da Folha de S. Paulo.

Esse crescimento rápido e a alta demanda por trabalhadores resultam em uma intensa competição entre as empresas para atrair e reter profissionais.

O elevado custo de moradia em Cajamar e Extrema adiciona uma camada extra de dificuldade e muitos trabalhadores são forçados a residir em cidades vizinhas, usando-as como cidades-dormitório, o que aumenta significativamente os custos de vida. Esse deslocamento diário não só afeta a qualidade de vida dos trabalhadores, mas também reduz a disponibilidade de mão de obra local, exacerbando a escassez.

TURNOVER E SEUS CUSTOS

A alta oferta de empregos contribui para um turnover significativo, onde pequenas diferenças nos salários e benefícios levam os profissionais a mudarem de empresa. Isso gera diversos custos invisíveis, incluindo:

  • Custo para encontrar novos profissionais: O processo de recrutamento exige tempo e recursos financeiros, aumentando os gastos operacionais.
  • Custo para admitir novos profissionais: Inclui despesas com treinamento e integração dos novos colaboradores.
  • Custo gerado pela demora na reposição: A falta de pessoal adequado pode atrasar as operações e diminuir a produtividade.
  • Impacto na operação devido à falta de profissionais: A ausência de funcionários em posições críticas pode levar a falhas operacionais e insatisfação do cliente.
  • Impacto na moral dos funcionários: A alta rotatividade pode afetar negativamente a moral dos trabalhadores restantes, criando um ambiente de trabalho instável.

Segundo um artigo da Forbes, o turnover pode custar aos empregadores 33% do salário anual de um empregado, devido aos aspectos citados. Na maioria dos casos, esses custos não são considerados nas ações de planejamento das operações, sendo quase “invisíveis”, mas gerando grande impacto no resultado financeiro.

ESTRATÉGIAS PARA REDUZIR O TURNOVER

Um exemplo prático é a parceria entre a Randstad Brasil e um grande varejista nacional na região de Extrema, que enfrentava dificuldades significativas para recrutar e manter profissionais. Após uma pesquisa e análise de mercado abrangente, foi identificado que os salários e benefícios oferecidos pela empresa estavam abaixo dos de seus concorrentes.

Com base nesses dados e na atuação de forma consultiva da equipe da Randstad Brasil, foi sugerido e implementado um aumento de 8,5% no salário. Inicialmente, houve receio sobre os impactos desse aumento nos custos, mas os resultados foram expressivos já no primeiro mês:

  • Redução do turnover em 14%: Houve um aumento na retenção de talentos, diminuindo a necessidade de recrutamento constante.
  • Dobro de profissionais recrutados mensalmente: A empresa conseguiu atrair mais candidatos qualificados, melhorando a qualidade do processo seletivo.
  • Redução do absenteísmo em 28%: A redução do turnover e o aumento nas contratações garantiram a volumetria necessária para uma operação fluida e eficiente. Com isso, houve menor acúmulo de tarefas, menor sobrecarga de trabalho e uma melhora no moral dos funcionários, contribuindo para a redução do absenteísmo.

Além do ajuste salarial, foram implementadas pesquisas online de engajamento e acompanhamento do clima organizacional, que ajudaram a entender melhor as necessidades e preocupações dos funcionários, promovendo um ambiente de trabalho mais satisfatório e produtivo.

Levando esses resultados em consideração, é possível avaliar que o aumento salarial sugerido de 8,5%, que resultou em uma redução do turnover em 14%, não representou apenas um aumento de despesa, mas sim uma otimização de custos. A medida melhorou a produtividade e reduziu os custos operacionais, demonstrando que investimentos estratégicos em remuneração podem trazer retornos significativos.

A escassez de mão de obra operacional e o alto turnover são desafios significativos para o setor logístico. Estratégias bem fundamentadas, como ajustes salariais competitivos, análise de mercado e adaptação às demandas locais, são cruciais para garantir operações eficientes e sustentáveis. Implementar tais estratégias não só melhora a retenção de funcionários, mas também otimiza os custos operacionais, garantindo uma logística mais robusta e eficiente.


*Victor Lasman Niechcicki é Regional Talent Solutions Manager da Randstad Brasil.

**David Vilaca Acrux é gerente de Processos da Randstad Brasil.

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