Multilog Multilog

Uso de smartphones quase triplica, enquanto rendimento cai 64% entre caminhoneiros

Publicado em 07/03/2024

"O Perfil do Caminhoneiro Brasileiro", pesquisa da Childhood Brasil, em parceria com a Universidade Federal de Sergipe, revela dados e informações importante sobre condutores do país

Por Redação


O estudo revela um cenário de crescente insatisfação entre os caminhoneiros brasileiros (Foto: Freepik)

O transporte de cargas é um trabalho essencial para a economia do país, mas invisível aos olhos de muitos. Os caminhoneiros são responsáveis por movimentar alimentos, produtos e insumos, de um canto a outro do território nacional, enfrentando obstáculos constantes nas estradas que, inclusive, põe em risco a sua segurança.

Mas, afinal, quem são esses profissionais? Quais as suas principais características?

Durante o período recente de pandemia, a Childhood Brasil, em parceria com a Universidade Federal de Sergipe, realizou a pesquisa "O Perfil do Caminhoneiro Brasileiro", trazendo insights relevantes sobre a realidade dos condutores. Esse estudo, que começou a ser levantado em 2005, visa compreender o contexto de trabalho e a visão desses profissionais sujeitos a condições de trabalho muitas vezes desafiadoras.

O PERFIL DO CAMINHONEIRO NO BRASIL

Ao longo dos anos em que o estudo foi realizado, ocorreram mudanças significativas no perfil dos caminhoneiros. Dentre elas destaca-se o envelhecimento dessa categoria, especialmente entre os profissionais autônomos que, em sua maior parte, também não possuem planos previdenciários por, via de regra, não terem contribuído com o INSS no início de suas carreiras – impactando assim no aumento da idade de aposentadoria.

Outro aspecto observado é a queda na renda real dos caminhoneiros. Segundo a pesquisa, o faturamento médio desses profissionais atualmente é de 2,9 salários mínimos, uma redução significativa em relação a anos anteriores em que a média foi de 4,55 (2015) e 5,77 em 2010.

Essa diminuição impacta diretamente na qualidade de vida e no bem-estar dos caminhoneiros, evidenciando a necessidade de políticas e ações que visem melhorar esse cenário.

Finalmente, o perfil médio do caminhoneiro brasileiro é formado por homens, com ensino médio completo, média de 45 anos de idade e 18 anos de profissão, recebendo cerca de R$ 3,5 mil por mês.

CONDIÇÕES DE TRABALHO

A rotina nas estradas é árdua para os caminhoneiros, que enfrentam longas jornadas e condições muitas vezes precárias. De acordo com a pesquisa mencionada, os motoristas relataram uma média de 21,94 dias a cada viagem, o que reflete a quantidade de tempo longe de casa e dias dedicados ao trabalho.

Nesse contexto, os momentos ociosos ou de espera por carga aumentam as chances de envolvimento em situações de risco, evidenciando a importância de políticas que otimizem o tempo desses profissionais.

As demandas dos caminhoneiros continuam sendo por questões básicas, como banheiros limpos, indicada por 94,4% dos entrevistados, alimentação acessível (88,8%) e de boa qualidade (83,2%).

O acesso à internet também se tornou uma necessidade fundamental, com 82% dos profissionais utilizando seus smartphones quando param na estrada, um aumento significativo em relação aos 32% registrados em 2005. 71,6% dos caminhoneiros demandam melhora na disponibilização de internet/Wi-Fi.

Essa conectividade é essencial, não apenas para o entretenimento durante as pausas, mas também para questões profissionais, como comunicação com empresas e também com familiares.

DESAFIOS E PERSPECTIVAS

O estudo revela um cenário de crescente insatisfação entre os caminhoneiros brasileiros, especialmente em relação à segurança nas estradas e à qualidade das vias. A violência e a insegurança são queixas frequentes, assim como o preço do combustível, que impacta diretamente nos custos operacionais desses profissionais.

Os maiores problemas indicados por esses profissionais em 2021 foram:

  • 85,1% citaram a insegurança/violência nas estradas;
  • 83,6% o alto custo dos combustíveis;
  • 78,7% a má qualidade das estradas;
  • 72,0% ficar longe da família;
  • 65,3% a baixa remuneração;
  • 60,4% o risco de acidentes;
  • 55,2% a falta de cuidados de saúde;
  • 48,5% a falta de atividade física;
  • 34,3% jornada de trabalho pesada;
  • 34,0% problemas com a PRE;
  • 28,0% a falta de comunicação/internet;
  • 25,4% problemas com a PRF.

Muitos caminhoneiros se sentem abandonados pelo setor, percebendo uma falta de investimento em infraestrutura e políticas que visem melhorar suas condições de trabalho.

Outro aspecto interessante abordado pela pesquisa é a presença feminina nesse meio. Apesar de ainda ser pequeno o percentual de caminhoneiras, a pesquisa mostra que essas profissionais têm ampliado sua participação em uma atividade tradicionalmente ocupada por homens.

As mulheres caminhoneiras relatam estabelecer boas relações com colegas e funcionários dos locais de parada, carga e descarga, evidenciando uma mudança gradual na cultura do setor.

CONCLUSÃO

Com esse panorama geral, é possível ter uma visão abrangente sobre a realidade desses profissionais tão importantes para o ambiente de negócios do país. Ao analisar as tendências e desafios enfrentados pelos caminhoneiros, é possível identificar áreas de intervenção que possibilitam melhorias das condições de trabalho e qualidade de vida.

Investimentos em infraestrutura, tecnologia, políticas de segurança nas estradas e apoio aos caminhoneiros são essenciais para garantir que esses profissionais possam exercer suas atividades de forma segura e digna.

ESTRADAS DO FUTURO

Enfrentar o desafio dos acidentes em estradas e rodovias do Brasil não é uma questão simples e, ao mesmo tempo, trata-se de uma demanda que pede urgência. De acordo com dados da CNT (Confederação Nacional de Trânsito), só em 2022, mais de 64 mil acidentes foram registrados no país — desses, 82,1% deixou vítimas, incluindo mortos e feridos. Em termos gerais, o Brasil ocupa a preocupante posição de 3º país com o maior número de mortes no trânsito, conforme relatório da OMS (Organização Mundial de Saúde). 

MundoLogística lançou a campanha “Estradas do Futuro”, uma iniciativa que conta com patrocínio da nstech e da Quartzolit, apoio da Onisys, da Associação Brasileira de Operadores Logísticos (ABOL) e da Associação Brasileira de Logística (Abralog). Por meio da campanha, o intuito é unir os diferentes atores da cadeia logística nacional, difundindo conteúdos educacionais que tragam tanto visibilidade para a pauta da segurança no transporte rodoviário, quanto práticas e divulgação de soluções que possam colaborar com a capacitação e proteção de motoristas.

 

Exclusivo e Inteligente

Mantenha-se atualizado em Logística e Supply Chain

Saiba mais