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CEOs da Infor e da Seal Sistemas destacam apostas para tecnologia nos armazéns brasileiros

Em entrevista exclusiva para a MundoLogística, Waldir Bertolino e Wagner Bernardes comentaram resultados da pesquisa “O Armazém do Futuro”

Publicado em 28/08/2024 — por Por Christian Presa

CEOs da Infor e da Seal Sistemas destacam apostas para tecnologia nos armazéns brasileiros
Da esquerda para a direita: Waldir Bertolino, da Infor, e Wagner Bernardes, da Seal (Foto: Divulgação)

A logística e a armazenagem no Brasil enfrentam um cenário desafiador no que se refere à digitalização, como revelou a pesquisa “O Armazém do Futuro”, conduzida pela Infor e Seal Sistemas. O estudo, que entrevistou 124 executivos e profissionais de 97 empresas, apontou que esses setores estão entre os que possuem as avaliações mais baixas sobre o nível de digitalização de suas operações, com uma nota média de 2,59 em uma escala de 1 a 5, superando apenas as indústrias farmacêutica e metalúrgica.

Apesar do panorama modesto, o levantamento destacou a automação robótica, WMS e a Inteligência Artificial como as tecnologias que devem impulsionar os armazéns do futuro, conforme apontado por 27% dos profissionais de logística e armazenagem consultados.

No entanto, o caminho para essa transformação digital não é isento de desafios. A pesquisa “O Armazém do Futuro” revelou que o alto investimento inicial continua sendo o principal obstáculo para 25% dos profissionais de logística e armazenagem.

Segundo o CEO da Infor, Waldir Bertolino, esse é um cenário conhecido. “No [modelo] tradicional, esse era um desafio recorrente, junto com a questão do retorno sobre o investimento (ROI). Antes, um prazo de cinco anos para retorno era considerado aceitável, mesmo com custos elevados. No entanto, hoje, o cenário mudou. As empresas esperam obter retorno sobre o investimento em, no máximo, 24 meses”, explicou.

Além disso, o CEO da Seal Sistemas, Wagner Bernardes, destacou que, hoje, as decisões dos clientes não são baseadas apenas em ROI. “A logística, que antes era vista apenas como uma função operacional, se tornou uma área estratégica para as empresas. […] ao considerar a logística como estratégica, você passa a olhar para intangíveis que são fundamentais para o sucesso do negócio.”

Em entrevista exclusiva para a MundoLogística sobre os resultados da pesquisa, os executivos também mencionaram questões como segurança, tecnologias essenciais e muito mais.

Leia na íntegra!


MUNDOLOGÍSTICA: Um índice marcante da pesquisa é o fato de o custo inicial ser o maior desafio para 25% dos respondentes. Como a Infor reage a esse resultado?

WALDIR BERTOLINO, CEO DA INFOR: Esse é um cenário bem conhecido, porque, no modelo tradicional, esse sempre foi um grande paradigma: os custos de implementação. Não vou dizer que é um modelo antigo, mas no tradicional, esse era um desafio recorrente, junto com a questão do retorno sobre o investimento (ROI). Antes, um prazo de cinco anos para retorno era considerado aceitável, mesmo com custos elevados. No entanto, hoje, o cenário mudou. As empresas esperam obter retorno sobre o investimento em, no máximo, 24 meses. Com isso em mente, a Infor está trazendo uma solução em nuvem, que já vem pré-configurada. Adaptamos as soluções para as especificidades de cada mercado, o que permite reduzir a duração de projetos de um ano para apenas três a seis meses. O foco está em entregar rapidamente os “quick wins” para o cliente. Por isso, é essencial entender logo no início qual é o objetivo principal do cliente, para que possamos realizar uma implementação bem estruturada, visando a ganhos rápidos. No modelo SaaS, as soluções já vêm pré-configuradas, o que traz um grande benefício. O mindset mudou bastante, e a primeira preocupação dos clientes, quando sentam à mesa conosco, é se terão orçamento para o investimento. Contudo, ao analisarmos a operação e apresentarmos os valores, mostramos que é possível, sim, encaixar o investimento no orçamento. Mudamos muito o modelo de CAPEX para OPEX, o que torna o custo inicial mais alinhado ao que as empresas querem desembolsar.

Um argumento contra essa questão do preço é que o ROI pode ser vantajoso. Como a Infor garante que o investimento nessas tecnologias traga ROI positivo para as empresas?

WALDIR BERTOLINO: Esse é um ponto muito importante. Quando falamos de ROI, ele pode ser analisado sob duas vertentes: o quantitativo e o qualitativo. Muitas vezes, o qualitativo é tão importante quanto, ou até mais importante que, o quantitativo. Claro, as empresas esperam uma redução de custos operacionais, um aumento de produtividade, entregas mais rápidas, melhor controle de estoque, entre outros benefícios. Na Infor, conseguimos entregar aos clientes tanto a visão quantitativa quanto a qualitativa. Por exemplo, somos uma empresa que, como grupo, fatura US$ 125 bilhões, mas ainda temos uma mentalidade de empresa de donos. Isso nos permite flexibilidade na hora de oferecer propostas comerciais criativas para os clientes. Podemos, por exemplo, ajustar o fluxo de pagamento, reduzindo o valor no primeiro ano e compensando nos anos seguintes, de modo que caiba no fluxo de caixa do cliente. Contudo, mais importante do que o quantitativo, é o qualitativo: quais dores vamos sanar? Em parceria com a Seal, nos aprofundamos na operação do cliente, identificando oportunidades de melhoria e criando um roadmap estruturado para entregar ganhos tanto quantitativos quanto qualitativos ao longo do cronograma de implementação. Um exemplo disso é a experiência do cliente final. Como mensurar quantas vendas se perdem pela falta de um delivery no tempo certo? Esse é um ganho qualitativo que, embora difícil de mensurar, pode ser mais importante que o quantitativo, pois impacta diretamente a fatia de mercado que o cliente pode perder sem nem perceber.

A Seal defende bastante a ideia de soluções integradas. Você diria que essa questão está refletida nos resultados da pesquisa?

WAGNER BERNARDES, CEO DA SEAL SISTEMAS: Com certeza. Nos últimos anos, o que mudou é que os clientes começaram a tomar decisões não apenas baseadas no ROI. A logística, que antes era vista apenas como uma função operacional, se tornou uma área estratégica para as empresas. Quando você se coloca em uma posição operacional, tende a analisar os números de forma fria, focando no ROI e no retorno daquele investimento. Mas, ao considerar a logística como estratégica, você passa a olhar para intangíveis que são fundamentais para o sucesso do negócio. E é aqui que entra a questão das soluções integradas. Quando o cliente vê uma solução integrada, ele começa a pensar em como pode realmente transformar o seu negócio com uma solução que cobre, de forma abrangente, todas as necessidades da sua operação. Não adianta ter um sistema muito eficiente se a coleta de dados não for eficiente. Da mesma forma, não adianta ter uma coleta de dados eficiente se a infraestrutura estiver deficiente. Os clientes perceberam que uma solução integrada, que cobre a maior parte dos pontos críticos, é muito mais eficaz para o negócio. Isso também fica claro na pesquisa, onde, além do WMS, aparecem outras tendências que os clientes reconhecem como fundamentais, como a inteligência artificial e as soluções de captura por voz. A parceria da Seal com a Infor é crucial, pois estamos trazendo ao mercado uma solução completa, que resolve problemas maiores de forma eficiente, com poucos interlocutores.

A questão da segurança também é muito presente. Na sua opinião, o que é preciso fazer para proteger informações sensíveis, cada vez mais concentradas em sistemas e tecnologia?

WAGNER BERNARDES: Essa é uma pergunta que parece simples, mas é bastante complexa. Primeiro, o fato de os sistemas da Infor rodarem em nuvem já ajuda muito, pois há uma instância de segurança garantida pela hospedagem na nuvem. Além disso, quando falamos de fornecer uma solução tecnológica completa, também precisamos garantir que ela seja segura. Hoje, quando vamos a um cliente, não falamos apenas da implementação tecnológica, mas também abordamos pontos como infraestrutura e cybersecurity. Isso se tornou um pré-requisito para qualquer solução que implementamos. A inteligência artificial também é um pilar importante, e a Infor está 100% alinhada com as necessidades do mercado nesse aspecto. Se você observar o roadmap da Infor, verá que já há soluções disponíveis que utilizam a inteligência artificial de maneira muito eficaz para os clientes.

WALDIR BERTOLINO: A segurança é um ponto crucial na tomada de decisão. É importante avaliar bem o fornecedor e garantir que a solução comprada atende aos padrões internacionais de segurança. Na Infor, somos um dos maiores clientes da Amazon globalmente, e investimos bilhões de dólares anualmente para garantir a segurança dos nossos clientes. A inteligência artificial é um grande diferencial quando conectada a fontes externas de dados, pois permite previsões mais precisas, como a movimentação de pessoas, condições climáticas e outras informações críticas. Mas, se a segurança das informações não for garantida, o risco é muito grande. É essencial que as empresas avaliem a segurança ao tomar decisões, para evitar problemas como os que vemos com frequência no mercado.

Considerando todas as tecnologias possíveis para intralogística, qual delas é o carro-chefe em uma operação — e por quê?

WAGNER BERNARDES: Quando falamos de tecnologia dentro de uma operação, o WMS é o núcleo. É nele que todas as informações trafegam, onde são tomadas as decisões de alta performance e onde se obtém visibilidade da operação dentro do CD. As informações da operação precisam chegar até o WMS, e há uma série de tecnologias que permitem isso, como a captura de dados. Dependendo da operação, podem ser utilizados coletores de dados, soluções de voz ou até IoT. A Seal, em parceria com a Infor, desenvolveu uma suíte integrada para implementar rapidamente a tecnologia de voz no CD. A voz, por exemplo, permite um ganho operacional de 30% em relação ao coletor de dados. Hoje, temos soluções de voz nacionais de alta performance a preços muito mais acessíveis do que há três ou quatro anos. Isso, junto com a capacidade da Infor de adequar as soluções às necessidades do mercado, permite que mais empresas considerem a implementação dessas tecnologias. É como se estivéssemos democratizando uma solução tecnológica de alta performance, tornando-a acessível e fácil de implementar.

Os resultados da pesquisa mostraram algum ponto que a Infor e a Seal não estavam olhando, mas que é relevante?

WAGNER BERNARDES: O que mais me surpreendeu na pesquisa foram as intensidades dos pontos levantados. Por exemplo, eu esperava que a questão do custo fosse vista como um problema maior, mas não foi o caso. Isso indica que o mercado está se transformando e mudando seu mindset. Se compararmos com uma pesquisa de cinco anos atrás, o investimento isolado provavelmente dominaria com quase 90% das preocupações. Hoje, com a logística se tornando uma função estratégica, o custo ainda é importante, mas as empresas estão mais dispostas a investir, mesmo que considerem o custo elevado.

WALDIR BERTOLINO: Além das intensidades, outro ponto que me chamou a atenção foi o Digital Twins e o armazém 3D. Essas são tecnologias ainda pouco conhecidas, mas que têm um impacto quase imediato. Por exemplo, temos cases de sucesso onde o cliente consegue visualizar a operação completa de um armazém em 3D, sem precisar estar fisicamente presente, o que é uma inovação significativa. Isso demonstra que, embora alguns setores estejam à frente em digitalização, há sempre espaço para inovação e para nos mantermos à frente dos concorrentes. Se os concorrentes já estão adotando essas tecnologias, por que ainda não conversamos sobre isso? Essa é uma questão que me motiva a continuar inovando e buscando estar à frente.

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