A Bunge, uma das maiores empresas de agronegócios do mundo, digitalizou seu processo de contratação de fretes. Com o aplicativo Vector o caminhoneiro pode agendar fretes pelo seu celular, em poucos segundos, além de contar com informações sobre as cargas, como: locais de retirada e destino, janela de tempo para retirada e entrega, bem como o valor por tonelada.
Para ter mais detalhes sobre esse avanço na transformação digital da companhia, a MundoLogística falou com Makoto Yokoo, diretor de Logística da Bunge. Na entrevista exclusiva, ele explica o processo que dispensa a presença física do caminhoneiro e como a medida contribui para a otimização dos fretes. Confira!
MUNDOLOGÍSTICA: A Bunge está digitalizando a contratação de fretes. Pode explicar de que forma isso está ocorrendo e os benefícios para empresas e motoristas?
Makoto Yokoo: O aplicativo Vector, voltado para a contratação de fretes junto à Bunge, faz parte da transformação digital da empresa. Por meio do aplicativo, os motoristas podem selecionar um frete e agendar o carregamento em poucos segundos, sem a necessidade de comparecimento presencial a uma das filiais da companhia para retirar a ordem de carregamento, que passa a ser digital e confirmada no momento da escolha pelo caminhoneiro. Um grande diferencial da ferramenta é estar totalmente integrada ao sistema operacional da Bunge. A partir do momento que o motorista confirma uma carga pelo aplicativo, todos os outros setores da companhia envolvidos no processo são automaticamente comunicados, incluindo propriedades produtoras de grãos parceiras da empresa (locais onde os motoristas precisam buscar as cargas). Por isso, o Vector não só mostra os fretes disponíveis para os parceiros transportadores como também garante a carga.
Uma pesquisa interna da Bunge mostrou que de cada cinco dias de trabalho, o motorista perde de dois a três em processos burocráticos e em busca por carga. Com o Vector, transferimos para a palma da mão do motorista e das transportadoras a gestão do seu tempo e contribuímos para um ganho expressivo de eficiência no processo.
ML: A companhia movimenta cerca de 25 milhões de toneladas de grãos ao ano. Deste total, qual o percentual deverá ser movimentado via Vector e quais as expectativas de ampliação?
MY: Desde o início do funcionamento do Vector, em janeiro de 2020, até a primeira semana de abril, a ferramenta possibilitou a movimentação de 1,5 milhão de toneladas de grãos, o que significa 45% de tudo o que a Bunge movimentou pelo modal rodoviário neste período. A Bunge possui 320 mil motoristas cadastrados em sua base, dos quais 60 mil são ativos, isto é, carregam com frequência para a companhia. A estimativa inicial da empresa era que ao menos 80% dos motoristas ativos estivessem cadastrados na plataforma até o final do ano. Agora, no entanto, acreditamos que vamos atingir essa meta antes do final do ano, pois o uso do aplicativo vem se intensificando nas últimas semanas. Hoje, cerca de 35% do total de motoristas que baixaram o aplicativo são usuários ativos da ferramenta frente a 20% no início de março.
ML: O aplicativo viabiliza a operação on-line de todas as etapas do processo? Incluindo a contratação de novos caminhoneiros?
MY: Sim. Qualquer motorista ou transportadora interessados em carregar para a Bunge podem se cadastrar no aplicativo. O aplicativo foi desenvolvido de forma a ter uma interface muito amigável para o caminhoneiro e o cadastro é bem simplificado. Para o cadastro, basta apenas tirar uma foto da CNH e um selfie que o sistema completa as informações automaticamente. O motorista só precisa digitar as especificações do caminhão.
ML: Se sim, como é feita a validação das competências desses profissionais?
MY: Qualquer motorista pode baixar o aplicativo e passar a carregar para a empresa. Nesse tipo de prestação de serviço, temos como conduta padrão as verificações regulares que dizem respeito à documentação do caminhoneiro e do veículo.
ML: Há a expectativa de digitalização de 100% das contratações? Se não, há algum fator que impediria o alcance dessa totalidade?
MY: Há um pequeno número de motoristas que ainda não utilizam smartphone. Por isso, entendemos que não será possível viabilizar 100% da movimentação dos volumes via Vector, mas vamos chegar muito perto disso.
ML: Além do aplicativo, quais outras medidas fazem parte do processo de transformação digital da companhia?
MY: A transformação digital da Bunge se dá no contexto de facilitar o relacionamento da empresa com seus parceiros de negócio, em todas as áreas. Na área de infraestrutura, temos o Vector para agilizar e facilitar o relacionamento com nossos parceiros transportadores. Na área de originação de grãos, temos o Agroideal, uma ferramenta que a Bunge lançou, em 2017, em parceria com a The Nature Conservance e outras empresas do setor, que auxilia produtores rurais a identificarem áreas com menor risco socioambiental para expansão agrícola. Já na área de comercialização de commodities, também em conjunto com outras tradings, a Bunge é fundadora da Covantis, uma iniciativa dedicada a modernizar o comércio global de commodities, por meio de tecnologias como o blockchain.
Além dessas, diversas outras iniciativas estão em desenvolvimento pela companhia com o mesmo propósito: gerar valor não só para a companhia, mas para os parceiros de negócios e o mercado de forma geral.