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“A tendência do embarcador é tratar a logística como um dos seus principais ativos”, diz Cesar Bortolini, CEO da Multisoftware

 

Publicado em 19/07/2023

Em entrevista exclusiva à MundoLogística, executivo destacou os desafios do processo logístico 100% integrado, como a empresa atua pensando nas particularidades e realidades de diferentes segmentos e países e muito mais

Por Camila Lucio


CEO da Multisoftware, Cesar Bortolini (Foto: Divulgação)

A busca por um sistema 100% integrado tornou-se uma das prioridades para as empresas e embarcadores que desejam otimizar fluxos de trabalho, reduzir custos operacionais e proporcionar uma boa experiência aos clientes finais.

Entretanto, o Índice de Produtividade Tecnológica (IPT), desenvolvido pela TOTVS em parceria com a H2R Pesquisas Avançadas, apontou que no setor de logística 15% dos prestadores de serviços logísticos e 6% dos embarcadores exploram um melhor potencial da tecnologia.

Para o CEO da Multisoftware, Cesar Bortolini, o maior desafio dos embarcadores nesse processo é justamente ter uma tecnologia que atenda às necessidades. “Como temos essa tecnologia, o ponto é mudar a cultura do processo logístico do embarcador, a questão cultural de se ter várias ferramentas e, inclusive manipular dados, por exemplo, no Excel”, explicou.

Em entrevista exclusiva à MundoLogística, o executivo destacou como a empresa atua pensando nas particularidades e realidades de diferentes segmentos e países da América Latina, o diferencial da logística brasileira, além dos próximos planos da companhia.

Leia na íntegra!

MUNDOLOGÍSTICA: Vocês se posicionam como o único TMS capaz de atender grandes embarcadores em operações end-to-end. Mas, qual o maior desafio do processo logístico 100% integrado na visão?

Cesar Bortolini: O maior desafio nesse processo 100% integrado é justamente ter uma tecnologia que atenda às necessidades. Como temos essa tecnologia, o ponto é mudar a cultura do processo logístico do embarcador. A questão cultural de se ter várias ferramentas e, inclusive, manipular dados no Excel ou outras ferramentas, acaba se tornando um dos principais desafios. Muitas vezes, por costume e por cultura, os profissionais de logística acabam sempre com aquela intenção de agilizar o processo, trazendo para fora uma ferramenta, manipulando dados em Excel ou em outras ferramentas do uso padrão cotidiano dos profissionais.

Em atuação há mais de 10 anos, a Multisoftware é uma empresa de tecnologia focada em soluções para transporte e logística. Como vocês têm traçado estratégias para manter os clientes e manter-se à frente do mercado?

Quando criamos um software, entramos com um processo bem disruptivo que é a automação. Como a emissão automatizada dos documentos fiscais, por exemplo, dentro do próprio TMS, que até hoje ainda somos precursores nesse processo. Mas, diariamente, estamos trabalhando em inovações para atender o processo do end-to-end da logística de forma disruptiva. Buscamos trazer inovações em todas as etapas do processo, principalmente olhando para automatização. Desta forma, se olharmos dentro do fluxo do processo de logística, temos várias etapas e em cada uma das delas, semanalmente, quando liberamos novas versões de sistema, trazemos algum tipo de inovação olhando justamente para automatização. Então, a automatização no processo de montagem e roteirização da carga, automação no processo de visualização de custo de frete ou de oferta de carga, automação também no processo da distribuição das cargas na janela de carregamento e em todos os processos que atendemos da logística buscamos automatizar e trazer inovação. Sempre que alguma pessoa tem que fazer alguma manipulação, podemos ter oportunidade de automação e deixar para as pessoas a tomada de decisão estratégica que se tem dentro da operação.

Nesse sentido, como a Multisoftware atua pensando nas particularidades e realidades de diferentes segmentos e diferentes países?

Buscamos entender a necessidade e a realidade de cada cultura. Sabemos que trabalhar no Brasil é diferente de trabalhar no México, na Bolívia, no Peru e em outros países da América Latina. Como o nosso sistema [o TMS] é modular, buscamos também entrar na necessidade de cada negócio e de cada país, sempre com foco no que está mais crítico da operação. Trabalhamos muito olhando para necessidade do negócio, para a cultura de como o processo acontece em cada país e, modularmente, buscamos atender às necessidades específicas de cada localidade.

Como você avalia a diferença no perfil e necessidades dos embarcadores brasileiros comparados com outros países da América Latina que atuam?

Temos um desafio muito grande no Brasil com a questão fiscal/tributária. Esse é um diferencial aqui no Brasil que temos desafios muito importantes e com uma perspectiva de mudança, inclusive, que vai gerar um trabalho bem intenso nesse quesito. Fora do Brasil, percebemos algumas facilidades nesse quesito, também em um processo de digitalização muito forte — que no Brasil entrou antes —, ajudando o ecossistema de logística porque não faz mais sentido trabalhar com documentos físicos.

Você antevê uma desburocratização da logística ou, ao contrário, regras cada vez mais complexas?

Entendemos que tem, sim, uma perspectiva de facilitação nesse sistema burocrático com a entrada de novas regras tributárias fiscais. Obviamente, temos que ser otimistas nesse sentido, mas ainda não em um curto prazo. Temos desafios, principalmente olhando para diferentes tipos de documentos fiscais e tributações aqui no Brasil, de operações municipais ou interestaduais, com diferentes condições comerciais e fiscais de documentos que geramos para esse processo.

Qual é o diferencial da logística brasileira?

Acredito que o principal diferencial da logística brasileira é o nível de capilaridade. Temos um país continental, com desafios de multimodalidade que vem crescendo e longas distâncias no modal rodoviário que também geram um desafio importante para o motorista e para transportadora. É preciso levar isso em consideração, pois, diferentemente de outros países — com cargas mais curtas, porta a porta, um único modal ou modais diferentes —, aqui [no Brasil] há situações de multimodalidade muito mais presentes.

Na sua visão, qual é a maior tendência para embarcadores?

Acredito que a tendência do embarcador é ele tratar a logística como um dos seus principais ativos, gerando uma visibilidade do processo do início ao fim da cadeia. A integração do Supply Chain na totalidade, usando a logística como meio, é o principal ponto de evolução que vamos ter nos próximos anos. Atualmente, o cliente B2B, que não tinha visibilidade até pouco tempo, quer ter a mesma visibilidade que um B2C tem de poder acompanhar, rastrear o produto e ter previsibilidade. Essa integração da cadeia de suprimentos é algo que vai ser tornar cada vez mais a realidade.

Quais os próximos planos da Multisoftware?

Hoje, é a Multisoftware vem se posicionando como essa plataforma de TMS para grandes embarcadores e para isso estamos estruturando com tecnologia de nuvem mais moderna, podendo atender os clientes de forma bem customizada sem ter prejuízo de evolução de tecnologia. Entendemos que temos que dar a possibilidade de modularizar ou criar ferramentas específicas para cada negócio, mas também permitir que o cliente tenha acesso às evoluções de tecnologia. Trabalhamos para futuro é justamente isso: permitir cada vez mais que o cliente consiga ter uma ferramenta que sirva adequadamente à necessidade dele. Não ser algo engessado e não ser uma ferramenta de prateleira que atende só numa determinada forma. Esse é um dos principais desafios que temos aqui e o que estamos trabalhando como inovação.

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