Marlos Tavares assume posição na Ultracargo e destaca: “futuro está nas conexões multimodais”

Publicado em 19/06/2024

Na primeira entrevista após transição, novo diretor Comercial também comentou investimentos recentes da companhia, a aposta em operações ecoeficientes e muito mais

Por Christian Presa

Marlos Tavares assume posição na Ultracargo e destaca: “futuro está nas conexões multimodais” mundologistica
Marlos Tavares, novo diretor Comercial da Ultracargo (Foto: Divulgação)

Mirando a expansão de negócios com uma estratégia comercial fortalecida, a Ultracargo anunciou em abril deste ano Marlos Tavares como novo diretor Comercial. Em comunicado para a imprensa, a companhia destacou que a chegada do executivo tem o objetivo de fortalecer a presença da Ultracargo nas localidades em que atua e focar na excelência do atendimento ao cliente.

Tavares soma mais de 20 anos de carreira nas áreas de logística, Supply Chain, operações e comercial, com passagens por companhias como Santos Brasil, Wilson Sons, Tegma, Maersk e G2L. Natural de Rio Grande (RS), ele cresceu ao redor da região portuária e, para pessoas próximas, mencionava a falta que sentia de atuar novamente em operações de logística portuária.

Agora, na Ultracargo, o executivo ressaltou a importância de fortalecer não só o porto, mas os outros modais. “A gente acredita que o futuro do mercado está no investimento em terminais com conexões multimodais”, disse, destacando essa visão como fundamental para alavancar nível de serviço.

Em entrevista exclusiva para a MundoLogística, Tavares comentou alguns dos investimentos da Ultracargo — que incluem o processo de interiorização no Centro-Oeste e Norte e a construção de um terminal em Palmeirante (TO) —, o foco da companhia em apostar cada vez mais em operações ecoeficientes e muito mais!

Leia na íntegra!


MUNDOLOGÍSTICA: Você já tem mais de 20 anos de experiência em logística de Supply Chain. O que esse novo desafio na Ultracargo tem de diferente do que você já fez?

MARLOS TAVARES: Essa pergunta é interessante porque, para algumas pessoas mais próximas, eu dizia sentir falta do porto. Então, em abril deste ano, recebi um convite e aceitei, com muito entusiasmo, o desafio de ser diretor Comercial da Ultracargo. Isso me permite trabalhar com soluções logísticas integradas e operações portuárias novamente, além do desafio de atuar na Ultracargo, que é a maior companhia independente de armazenagem de granéis líquidos do Brasil. O que diferencia essa experiência das anteriores é a oportunidade de trabalhar em uma empresa líder no setor de granéis líquidos. A empresa cresce muito rápido, com investimentos previstos para este ano já confirmados que passam de R$ 700 milhões. É um desafio muito bacana e importante, que me deixa extremamente feliz e motivado para alcançar os objetivos.

O que você estabeleceria como sua agenda máxima nessa nova posição?

A gente tem algumas missões que me foram colocadas, mas acho que a mais importante é manter a excelência no atendimento aos clientes, especialmente considerando nossa expansão. Temos expansões em operações existentes e novas operações. Então, [a minha agenda] é manter o atendimento que temos hoje e também melhorar esse atendimento. Aqui na Ultracargo, buscamos gerar valor e impacto positivo para os nossos clientes. Para isso, precisamos entender profundamente as necessidades deles e trabalhar lado a lado por soluções que melhorem suas experiências. Quando você fala de entrar na cadeia logística do cliente por meio de soluções integradas, isso permite que ele tenha acesso ao produto que precisa pelo modal logístico que deseja. Além do atendimento aos navios, também temos expedições por modal ferroviário e rodoviário. Isso é muito importante para a logística, pois criar alternativas de novos modais melhora a eficiência e o custo logístico. Além disso, nossa eficiência operacional, que já é alta, usa Inteligência Artificial e outras tecnologias, impactando diretamente na excelência do atendimento ao cliente. Nossa empresa tem uma governança extremamente estruturada, que preza por ética e integridade, o que assegura, também, uma sólida cultura de segurança. Isso é extremamente importante, pois lidamos com granéis líquidos, tanto do segmento químico quanto de combustíveis. Então, resumindo: nossa missão é continuar atendendo os clientes com excelência e melhorar os níveis de atendimento, especialmente considerando nosso grande crescimento previsto para 2024 e 2025.

Isso se conecta com a minha próxima pergunta, pois a divulgação da sua chegada para a imprensa destacava que um dos seus focos seria a excelência do atendimento ao cliente. Nesse sentido, você diria que essa questão de multimodalidade, é um dos critérios mais importantes?

Sem dúvida. Para você ter uma ideia, quando falamos de multimodalidade, estamos tratando de excelência operacional para entregar o melhor serviço para o cliente. Trabalhamos com projetos logísticos, desenhando a melhor solução junto com o cliente, e os clientes reconhecem o valor disso. Isso é algo que a Ultracargo começou há 58 anos. Como uma empresa de armazenagem portuária, precisávamos pensar na expedição e nos gargalos de infraestrutura. Com isso, aperfeiçoamos nosso modelo e, hoje, não somos apenas uma empresa de operação portuária e armazenagem, mas sim um operador logístico. A gente quer conectar nossos negócios, entregando soluções logísticas que aumentam a proposta de valor para nossos clientes. Hoje, temos nossos terminais, como o terminal no Mato Grosso, além de operações no Porto de Santos, Rio de Janeiro, Aratu (BA), Suape (PE), Itaqui (MA), Vila do Conde (PA). Também temos novas operações, incluindo 50% de participação na Opla, um terminal de etanol em Paulínia (SP). Por exemplo, Rondonópolis (MT) e Opla são nossos terminais no interior, com modal ferroviário. Em Santos, estamos falando do desvio ferroviário, com um evento recente marcando o início dessa obra em parceria público-privada com a Prefeitura de Santos. Esse desvio ferroviário também inclui a construção de uma escola e um hospital infantil em Santos. Então, além de eficiência operacional, temos a responsabilidade social de fazer algo importante para a comunidade onde estamos inseridos, ao mesmo tempo em que criamos soluções ferroviárias para nossos clientes em Santos. Além dos modais ferroviário, aquaviário e rodoviário, também temos operações de dutos, que são comuns em nossas operações. A multimodalidade está presente no nosso dia a dia.

São muitos elementos envolvidos, que vão desde a operação em si até as questões de responsabilidade. Você diria que esse leque de ações é fundamental para que o cliente sinta que está sendo, de fato, bem atendido?

Com certeza. Sua pergunta remete à associação de tecnologias, por exemplo, que foi algo que me atraiu muito durante o processo seletivo [para vir para a Ultracargo]. Quando você fala sobre modais, encantamento do cliente e atendimento ao cliente com nível de serviço, devemos, obviamente, também pensar nas tendências tecnológicas. Como faremos tudo isso entregando mais para nossos clientes? Expandimos nossos serviços colocando a tecnologia à disposição deles. Isso também envolve avançar em outras localidades. Onde quero chegar com isso? Nossa inteligência de mercado compreendeu a necessidade de estarmos mais próximos dos clientes para oferecer opções a eles. A gente chama isso de interiorização. Em 2023, iniciamos a interiorização das nossas operações para fortalecer os corredores logísticos estratégicos do Brasil — aqui, eu destaco o corredor Sudeste e Centro-Oeste. Para isso, adquirimos 50% da Oplo em Paulínia, o maior terminal de etanol do Brasil, e o terminal de Rondonópolis. Então, conectamos diretamente com os clientes do agronegócio, algo extremamente importante para o Brasil, mas não parou por aí. Em 2024, iniciamos a construção do desvio ferroviário, conectando o terminal da Oplo ao de Rondonópolis. Assim, teremos uma conexão direta, aproveitando o crescimento [da operação] de etanol de milho, alinhado à agenda de combustível e pegada ecológica. Também há os derivados de petróleo, que fazem o trajeto inverso. Falando mais sobre o setor, temos o etanol descendo de Rondonópolis para São Paulo, e derivados de petróleo subindo, atendendo o mercado do agronegócio. Isso é um exemplo de como olhamos para esses corredores logísticos, onde a ferrovia é protagonista, para proporcionar uma logística mais eficiente, segura e sustentável. Nossa agenda de sustentabilidade é muito forte, atendendo ao agronegócio com maquinários para produções no Centro-Oeste e escoando o etanol de milho, principal biocombustível. Além disso, atendemos os caminhões da safra, pois o modal rodoviário continua sendo extremamente importante. A produção brasileira de etanol de milho, segundo a União Nacional do Etanol de Milho (UNEM), deve alcançar 6 bilhões de litros na safra de 2023-2024. É uma visão importante para esse corredor. Além disso, estamos focados no corredor logístico Sudeste e Centro-Oeste, desempenhando um papel fundamental ao conectá-los com o principal porto do país. Paulínia e Santos também estão incluídos nessa visão. Já mencionei as obras para o desvio ferroviário de Santos, conectando com Paulínia e Rondonópolis. Então, esse trabalho que a Ultracargo vem fazendo é muito interessante.

Você falou sobre expansão, tanto dos negócios existentes quanto de novas operações, e você tem uma carreira muito diversa nesse sentido. Como a sua experiência contribui para esse movimento da Ultracargo?

Sempre trabalhei em projetos de expansão de negócios, ajudando as empresas em que atuei em desenvolvimento e expansão. Aqui na Ultracargo, meu papel na área Comercial é dar solidez aos negócios criados pela área de Novos Negócios, que é liderada pelo Fernando Chamma Dihel, que vem fazendo um trabalho notável. Ainda não mencionei a aquisição Palmeirantes (TO), que conectará a região ao Porto de Itaqui, no Maranhão. Esse crescimento da companhia significa quase dobrar nossa capacidade de tancagem, com um aumento de 70%. Para isso, precisamos de uma área comercial sólida, que entre na cadeia do cliente para entregar soluções logísticas completas e um atendimento impecável. Com a experiência que tenho no mercado, meu papel é oferecer essas soluções e atendimento de ponta a ponta. Foi isso que fez a Ultracargo me procurar e me levou a aceitar a proposta. O trabalho é nessa linha: encantar nossos clientes, atendê-los integralmente e oferecer operações multiterminais, com contratos nacionais. Como o maior terminal independente de armazenagem de grãos do país, podemos integrar toda a cadeia dos clientes, sendo o único terminal com essa capacidade. Foi essa perspectiva que me atraiu e que gerou o interesse da empresa em minha experiência para o desenvolvimento de negócios exclusivos para os clientes.

Para os próximos anos, o que o mercado pode esperar da Ultracargo e da sua atuação?

É um mercado muito interessante, está sempre evoluindo e mudando constantemente. A gente acredita que o futuro do mercado está no investimento em terminais com conexões multimodais. Falamos bastante sobre ferrovia, barcaça e dutovia. O futuro está nas conexões multimodais que vão otimizar a logística de combustíveis e biocombustíveis. Hoje, isso é um gargalo no Brasil, pois a infraestrutura continua crítica. Infelizmente, desde a primeira entrevista que dei a vocês, esse problema persiste. Porém, empresas como a Ultracargo vêm trabalhando para minimizar essa situação e tornar o Brasil cada vez mais tranquilo e competitivo — e temos obtido sucesso nisso. Para facilitar a movimentação de insumos e produtos do agronegócio entre os maiores centros produtores, consumidores e portos, estamos investindo em conexões multimodais, tanto nos terminais existentes quanto nos novos terminais no interior. Nossa ideia é otimizar a logística de granéis líquidos, escoando a produção de etanol ao longo do país e contribuindo para o fortalecimento dos biocombustíveis. Nos próximos anos, planejamos implementar operações eficientes e ecoeficientes, pois a gente quer assegurar o nível de excelência na gestão ambiental e reduzir o consumo de energia, água e a geração de resíduos. Falar do futuro do setor sem considerar essas questões é ignorar a transição necessária para o país e o mundo rumo à economia de baixo carbono. Na Ultracargo, já operamos nessas frentes e pretendemos continuar investindo nesses projetos. É interessante, pois investimos tanto nas nossas operações quanto nos produtos que operamos, o que mostra nossa visão e compromisso com o futuro do país e do nosso setor. A gente não busca somente reduzir os impactos em nossas operações, mas também nos associar a parceiros e produtos alinhados com a sustentabilidade. Nosso compromisso com o agronegócio inclui estar próximo do setor através dos terminais no interior, garantindo que os produtos cheguem ao centro do país a partir dos portos. Assumimos essa responsabilidade e estamos empenhados em operações disruptivas. Por exemplo, o terminal de Palmeirante não tem concorrentes, é um terminal novo em um mercado novo, e vamos atender o cliente do nosso cliente, com operações de etanol de milho alinhadas à agenda de sustentabilidade.

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