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Com impacto na logística, seca no Norte deve ser tão ou mais severa que a do ano passado

Publicado em 27/08/2024

Segundo previsão da Climatempo, temperaturas devem permanecer acima da média e chuvas abaixo do normal, em boa parte da região, pelo menos até outubro

Por Redação

Com impacto na logística, seca no Norte deve ser tão ou mais severa que a do ano passado
Rio Madeira em julho deste ano (Foto: Reprodução Prefeira de Porto Velho/Leandro Morais)

O período de seca que já afeta a região Norte do país deve se prolongar pelo menos até o final de outubro, com movimento de regularização previsto a partir de novembro. Até lá, a situação do clima irá requerer atenção das empresas, por conta da previsão de temperaturas mais altas e chuvas abaixo da média, que devem impactar operações logísticas.

As informações são do Climatempo, empresa brasileira de consultoria meteorológica e previsão do tempo. Segundo a companhia, as temperaturas na região já estão de 1 a 2 graus celsius acima da média, e seguirão subindo, com o pico de calor mais intenso previsto na primeira quinzena de outubro.

No ano passado, as condições climáticas levaram à seca acentuada na região Norte, prejudicando o escoamento de produtos para o Sul do país e preocupando os varejistas em relação aos picos de Black Friday e Natal. Neste ano, a região Norte já se depara com um volume de chuvas de 50% a 70% abaixo da média neste período em algumas áreas, que compreendem o sul e o leste do Amazonas e os estados do Acre e Rondônia, bem como grande parte do Pará.

“Essas áreas terão um déficit hídrico maior comparativamente aos meses anteriores e temperaturas mais altas, que vão favorecer a perda de umidade do solo em áreas de formação de corpos d’água”, explicou Vinicius Lucyrio, meteorologista da Climatempo. “Nesse cenário, o nível dos rios seguirá abaixando, com a chuva retornando á Amazônia ocidental a partir de outubro, de forma gradual.”

Segundo o especialista, as temperaturas devem continuar subindo na região, com o pico de calor mais intenso previsto na primeira quinzena de outubro. “Este quadro é consequência de vários fatores, como as massas de ar seco do Brasil Central, que se expandem para a região amazônica nessa época do ano, e também do fenômeno do La Niña, que está em desenvolvimento, cenário este também intensificado pelos antecedentes da seca no segundo semestre”, disse.

O baixo nível dos principais rios da bacia hidrográfica do Norte brasileiro e a perspectiva de que o chamado “verão amazônico” se intensifique são fatores que deverão ter impactos nas cadeias de abastecimento e na capacidade de geração das hidrelétricas da região. Considera-se, inclusive, que a seca deste ano será tão ou mais severa do que a do ano passado, mesmo com a previsão de maior frequência e volume de chuvas de forma antecipada, já a partir do final de outubro.

“As preocupações para os próximos meses estão relacionadas ao nível baixo dos rios em amplas áreas da faixa norte, com algumas regiões já em situação de alerta”, observou o meteorologista da Climatempo.

A LOGÍSTICA HIDROVIÁRIA NO NORTE

A logística hidroviária na região Norte do Brasil desempenha um papel importante no transporte de cargas e na integração de comunidades, especialmente nas áreas onde a infraestrutura rodoviária é limitada. Com uma vasta rede de rios, como o Amazonas e o Tocantins, essa região possui um dos maiores potenciais hidroviários do mundo, proporcionando uma alternativa eficiente e sustentável para o transporte de mercadorias.

A hidrovia do rio Madeira, por exemplo, tem sido fundamental para o escoamento da produção de granéis sólidos agrícolas vindos do Centro-Oeste. Em 2021, a operação no Rio Madeira viabilizou o transporte de 4,8 milhões de toneladas de sementes e frutos oleaginosos e 1,8 milhões de toneladas de cereais.

Na última semana de julho, o nível do Madeira caiu 35 cm na última semana de julho, chegando à marca de 2,56 metros, conforme o monitoramento do Serviço Geológico do Brasil — a menor cota para o período. Nesta mesma época em 2023, a cota era de 4,56 m, com média esperada de 5,8 m.

Na região de Manaus, o nível dos rios já se encontra abaixo do recorde histórico registrado no ano passado. “Como a situação do regime de chuvas não deve se alterar nos próximos meses, as operações logísticas por via fluvial podem sofrem interrupções nos trechos onde a calha dos rios é menor já a partir do próximo mês, e se refletir no preço do frete”, alertou Lucyrio.