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Os impactos financeiros do trânsito para a logística

Publicado em 12/06/2024

Estudos apontam que a logística last mile é responsável por mais de 50% dos custos de distribuição globais – e muitos deles estão ligados às dificuldades impostas pelo trânsito das grandes cidades

Por Redação

Os impactos financeiros do trânsito para a logística
Logística urbana (Foto: Shutterstok)

Dificuldade para estacionar, congestionamento e veículos parados por horas em vias urbanas, falta de pontos para a carga e descarga de fretes… Estes são apenas algumas das dificuldades impostas pelo trânsito e pelo contexto da distribuição logística que afeta, sobretudo, as grandes cidades e a chamada etapa de última milha.

Se o trânsito é uma realidade desafiadora para o nosso dia a dia, não é difícil imaginar o quanto esse cenário afeta o planejamento logístico de empresas e transportadoras com grandes frotas de veículos e intervalos cada vez mais enxutos nas cadeias de distribuição, tendo-se em vista o atendimento das expectativas de clientes cada vez mais exigentes quanto aos prazos e a qualidade de suas entregas.

PRINCIPAIS DESAFIOS QUE O TRÂNSITO IMPÕE À LOGÍSTICA

Em reportagem recente do Jornal Valor Econômico, especialistas apontaram algumas das dificuldades centrais que o trânsito e o próprio ambiente complexo da mobilidade urbana traz para os processos de distribuição. Dentre eles, podemos citar:

  • Excesso de congestionamento;
  • Falta de locais apropriados para a carga e descarga;
  • Limitação de horários para a circulação de caminhões;
  • Segurança e furto de cargas nas cidades.

E, dentro do processo de retomada econômica pós-pandemia, esses desafios só aumentaram. Como exemplo, na cidade de São Paulo, o trânsito ficou 32% mais lento entre os meses de janeiro e maio do ano passado. Já em relação à falta de pontos específicos para carga e descarga, a reportagem do Valor Econômico também cita o exemplo do centro da capital paulista.

Nesse sentido, em uma pesquisa feita em 2023 pelo Instituto Paulista de Transportes de Cargas (IPTC), foi apontado que a região central da cidade de São Paulo abriga 8.872 pontos comerciais, mas existem apenas 133 vagas específicas para carga e descarga.

A dificuldade para que caminhões e veículos de grande porte – que, via de regra, são os principais meios de distribuição logística no Brasil – encontrem locais para estacionar, aliás, é uma dificuldade global: segundo estudo do Urban Freight Lab divulgado pelo Wall Street Journal, cerca de 28% do tempo dos motoristas durante a entrega é gasto na busca de vagas.

Acerca da limitação de horários, diversos trechos urbanos espalhados pelo Brasil tem limitações de horário para a circulação de caminhões. Ainda citando o exemplo de São Paulo, as restrições costumam ser entre 05h00 e 09h00 da manhã e das 17h00 às 21h00 em dias úteis (com trânsito proibido no sábado das 10h00 às 14h00 em muitas vias).

Finalmente, sobre o roubo de cargas, no país houve um aumento de quase 5% nessas ocorrências entre 2022 e 2023, segundo relatório da empresa Overhaul –problema esse que se potencializa em trechos considerados de risco nas grandes cidades.

IMPACTOS FINANCEIROS

Com tudo isso, não é por acaso que os custos financeiros atrelados ao trânsito e a mobilidade urbana tendem a ser expressivos para as empresas: um estudo da consultoria Statista revelou que 53% de todos os custos de distribuição são relativos à logística last mile.

No centro de São Paulo existem mais de 8,8 mil comércios, mas somente 133 pontos para carga e descarga; globalmente cerca de 28% do tempo dos motoristas durante a entrega é gasto na busca de vagas.

E a verdade é que esse impacto está aumentando. Em 2018, a Statista destacou que os custos da última milha correspondiam a 41% da cadeia de Supply Chain (ou seja, estamos falando de aumento de 12% em um intervalo de apenas 5 anos).

Aumento de custos com combustíveis, prêmios de seguros para cobrir furtos, perda de cargas e o aumento dos custos na manutenção de veículos são alguns dos fatores que justificam esse aumento nos últimos anos.

INOVAÇÃO PARA O TRÂNSITO

Para vencer esse contexto de desafios, o panorama de inovações que vem se desenvolvendo na esteira da logística 4.0 é promissor: da entrega por drones ao uso de inteligência artificial para otimizar a busca por locais apropriados de estacionamento e planejamento de rotas são alguns dos eixos que podem contribuir com o trânsito urbano e no enfrentamento das dificuldades hoje presentes da logística last mile.

Em relação à entrega por drones, cases de empresas como a Amazon tem sido bem-sucedidos em diferentes países – mas, no Brasil, essa possibilidade ainda depende de um avanço em regulações específicas para esse tipo de entrega.

ESTRADAS DO FUTURO

Enfrentar o desafio dos acidentes em estradas e rodovias do Brasil não é uma questão simples e, ao mesmo tempo, trata-se de uma demanda que pede urgência. De acordo com dados da CNT (Confederação Nacional de Trânsito), só em 2022, mais de 64 mil acidentes foram registrados no país — desses, 82,1% deixou vítimas, incluindo mortos e feridos. Em termos gerais, o Brasil ocupa a preocupante posição de 3º país com o maior número de mortes no trânsito, conforme relatório da OMS (Organização Mundial de Saúde). 

MundoLogística lançou a campanha “Estradas do Futuro”, uma iniciativa que conta com patrocínio da nstech e da Quartzolit, apoio da Onisys, da Associação Brasileira de Operadores Logísticos (ABOL) e da Associação Brasileira de Logística (Abralog). Por meio da campanha, o intuito é unir os diferentes atores da cadeia logística nacional, difundindo conteúdos educacionais que tragam tanto visibilidade para a pauta da segurança no transporte rodoviário, quanto práticas e divulgação de soluções que possam colaborar com a capacitação e proteção de motoristas.

 

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