Grandes empresas europeias já começam a se preparar para o envio obrigatório de Relatórios de Sustentabilidade Empresarial a partir de 2025; as medidas devem impactar companhias de outros países com negócios na Europa já nos próximos 5 anos
Por Redação
Imagem ilustrativa de ESG (Foto: Shutterstock)
Quem acompanha com atenção o ambiente de negócios contemporâneo, já sabe: as demandas pela sustentabilidade empresarial têm crescido em diferentes setores que movimentam a economia.
Um exemplo nesse sentido envolve o ambiente de consumo. Segundo pesquisa da Boston Consulting Group, 89% dos consumidores brasileiros se preocupam com sustentabilidade, enquanto um levantamento da Neogrid indicou que 37% destes consumidores se dispõem a pagar mais por produtos sustentáveis.
Já no mercado de capitais, os fundos ESG cresceram 36% no Brasil entre 2022 e abril deste ano. Globalmente, a Bloomberg indica que os investimentos ESG podem movimentar US$ 53 trilhões até o final de 2025, dado que reforça a importância de uma cultura de sustentabilidade nas empresas e os esforços pela padronização de relatórios, medição de impactos ambientais e aplicação de medidas em prol da preservação do meio ambiente nas diferentes áreas de um negócio, incluindo a logística.
Mas, mais do que um objetivo estratégico alinhado ao crescimento econômico, esses esforços passam a ser uma obrigação em muitos países, diante da consolidação de leis alinhadas a uma busca por mais sustentabilidade empresarial.
Dentro desse cenário, a Europa tem assumido uma posição de vanguarda, com a promulgação de normas como a CSRD (Corporate Sustainability Reporting Directive ou Diretiva de Relatórios de Sustentabilidade Corporativa da União Europeia, em tradução livre).
Neste artigo, analisamos o avanço da diretriz e porque ela é potencialmente importante, inclusive, para empresas brasileiras e de outros países.
AGENDA ESG E O CONTEXTO DA LEGISLAÇÃO EUROPEIA
No dia 5 de janeiro do ano passado, a Europa deu um passo importante para o fortalecimento de uma cultura corporativa ESG em seu ambiente de negócios, por meio da entrada em vigor da Diretiva de Relatórios de Sustentabilidade Corporativa da União Europeia, promulgada em dezembro de 2022 e que traz um conjunto de regras para a padronização das informações sobre o impacto ambiental e social das empresas.
Dentre os objetivos da CSRD, há o interesse de que, por meio das diretrizes, investidores e stakeholders possam avaliar com mais clareza as políticas de sustentabilidade das organizações, inclusive como critério para definir o alocamento de recursos, riscos e oportunidades financeiras atreladas ao compromisso das companhias com o enfrentamento da crise climática e questões sociais.
A expectativa é que, já a partir do ano que vem, empresas de grande porte – com mais de 250 funcionários e vendas líquidas na casa de 40 milhões de Euros – tenham de seguir as Normas Europeias de Relatório de Sustentabilidade em seus relatórios de sustentabilidade, envolvendo o exercício do ano de 2024.
Nesse sentido, especialistas têm alertado para a necessidade de que as companhias estruturem, desde já, suas bases de dados, avaliem os impactos e contexto atual de implementação das políticas ESG em seus negócios, bem como, trabalhem a cultura das diferentes áreas da empresa para as exigências da CSRD.
É interessante observar que a legislação europeia vai de encontro a outras normas ao redor do mundo. Nos Estados Unidos, por exemplo, o Inflation Reduction Act (IRA), de 2022, tem em seu escopo a meta de redução de 40% nas emissões de carbono até 2030. Na Coreia do Sul, o Korean New Deal fornece uma série de diretrizes para o avanço da digitalização em cidades coreanas, também considerando os princípios de sustentabilidade e ESG.
Já no Brasil, o Projeto de Lei 4363/21 tramita atualmente no Senado e busca instituir uma certificação oficial para empresas que investem em ações e projetos de motivação ambiental, social e de governança.
IMPACTOS EM OUTROS PAÍSES
Além das grandes empresas europeias que já começam a se mobilizar para cumprir as exigências da CSRD, a expectativa é que de negócios de diferentes segmentos – incluindo pequenas empresas da Europa – e companhias estrangeiras que geram mais de 150 milhões de Euros em negócios no mercado da União Europeia.
Ou seja, estamos falando de uma norma que interessa grandes organizações de outros países, cujas exigências incluem:
- Reports completos de sustentabilidade abrangendo as áreas de governança, impactos sociais e ambientais segundo parâmetros definidos pela UE;
- KPIs de sustentabilidade;
- Exercícios financeiros em conformidade com a CSRD.
Para tanto, a União Europeia oferece apoio técnico para o diagnóstico e capacitação das empresas dentro de seu processo de adaptação às diretrizes de sustentabilidade empresarial da CSRD.
SUSTENTABILIDADE: UMA QUESTÃO DE COMPLIANCE
Como vimos, com o avanço de legislações como a Diretiva de Relatórios de Sustentabilidade Corporativa da União Europeia, temos um contexto em que a aplicação de práticas sustentáveis passa a ser não apenas uma meta de longo prazo ou só anseio do ambiente de consumo contemporâneo, mas uma questão de compliance, de conformidade com as normas que regem as relações econômicas.
Entender esse aspecto é fundamental, uma vez que a CSRD deve servir de inspiração para a promulgação de outras normas ao redor do mundo alinhadas à agenda ESG.
E, por mais desafiador que seja esse processo de adaptação, essa tendência é indispensável para a participação do mercado no enfrentamento de questões urgentes como a crise climática e pode ainda trazer diferenciais competitivos para as companhias que se anteciparem nessa jornada de sustentabilidade empresarial.
ESTRADAS DO FUTURO
Enfrentar o desafio dos acidentes em estradas e rodovias do Brasil não é uma questão simples e, ao mesmo tempo, trata-se de uma demanda que pede urgência. De acordo com dados da CNT (Confederação Nacional de Trânsito), só em 2022, mais de 64 mil acidentes foram registrados no país — desses, 82,1% deixou vítimas, incluindo mortos e feridos. Em termos gerais, o Brasil ocupa a preocupante posição de 3º país com o maior número de mortes no trânsito, conforme relatório da OMS (Organização Mundial de Saúde).
A MundoLogística lançou a campanha “Estradas do Futuro”, uma iniciativa que conta com patrocínio da nstech e da Quartzolit, apoio da Onisys, da Associação Brasileira de Operadores Logísticos (ABOL) e da Associação Brasileira de Logística (Abralog). Por meio da campanha, o intuito é unir os diferentes atores da cadeia logística nacional, difundindo conteúdos educacionais que tragam tanto visibilidade para a pauta da segurança no transporte rodoviário, quanto práticas e divulgação de soluções que possam colaborar com a capacitação e proteção de motoristas.