Transporte de cargas: Quais fatores motivam o alto número de acidentes?

Da reação tardia aos comportamentos de risco; confira as razões que impulsionam as ocorrências nas estradas envolvendo caminhões

Publicado em 28/05/2024

Da reação tardia aos comportamentos de risco; confira as razões que impulsionam as ocorrências nas estradas envolvendo caminhões

Por Redação


Acidentes com caminhões foram responsáveis por quase 50% das mortes nas rodovias brasileiras em 2021 (Foto: Shutterstock)

Os acidentes no transporte de cargas, infelizmente, fazem parte de uma realidade bastante comum nas estradas do país e seus impactos são expressivos tanto em uma perspectiva econômica, quanto do ponto de vista do alto número de mortos e feridos nas ocorrências envolvendo caminhões e veículos de grande porte.

Para termos uma ideia desse cenário preocupante, apesar de representarem aproximadamente apenas 5% da frota nacional de veículos, os acidentes com caminhões foram responsáveis por quase 50% das mortes nas estradas e rodovias brasileiras em 2021. Os dados são do Anuário Estatístico da Polícia Federal e demonstram o potencial de danos desse tipo de ocorrência.

No âmbito econômico, os acidentes também representam um fardo pesado para o país. Os custos com reparos, indenizações e perda de produtividade geram um impacto significativo na economia, desviando recursos que poderiam ser investidos em áreas como saúde, educação, infraestrutura e na otimização dos processos logísticos das empresas. Nesse sentido, em 2022, a CNT estimou que os custos dos acidentes alcançaram R$ 12,9 bilhões.

E esse panorama segue complexo em meses mais recentes: um estudo do Instituto Paulista do Transporte de Cargas (IPTC) apontou que, no início de 2023, já haviam sido registrados cerca de 4 mil acidentes envolvendo veículos de carga, com uma média mensal de 2 mil ocorrências. As consequências desses incidentes também são alarmantes: 21,5% resultaram em lesões graves e 4% resultaram em óbitos.

Este ano, diversas ocorrências envolvendo caminhões, por sua vez, impactaram ainda na mobilidade urbana das grandes cidades, causando efeitos expressivos no trânsito de grandes centros econômicos como Rio de Janeiro e São Paulo.

Mas, afinal de contas, quais as razões que motivam indicadores tão expressivos e preocupantes quanto ao número de acidentes no transporte de cargas?

  • Reação tardia ou falta de reação dos condutores

Para responder a essa pergunta, analisamos diferentes estudos e dados sobre o perfil das ocorrências no transporte logístico.

E, no supracitado estudo do IPTC, as duas principais causas de acidentes envolvendo caminhões e veículos de carga foram, respectivamente, a reação tardia ou ineficiente dos motoristas (presente em 13,2% dos casos no primeiro bimestre de 2023 e apresentando um aumento de 1,9% comparado ao mesmo período de 2022) e, em segundo lugar, a ausência de reação foi a causa de 10,9% das ocorrências, apresentando também um aumento em relação ao ano passado, quando foi registrado o índice de 8,8%.

  • Velocidade incompatível

Logo na sequência, o estudo do Instituto Paulista do Transporte de Cargas (IPTC) aponta a velocidade incompatível dos condutores como o terceiro principal fator para o alto número de acidentes com caminhões, dado que reforça a importância de treinamentos de segurança e processos de conscientização junto aos motoristas por parte das lideranças logísticas.

  • Falta de descanso

Com longas jornadas – que, muitas vezes, vão além dos limites impostos pela Lei do Caminhoneiro que estabelece regras claras sobre os intervalos de repouso dos motoristas profissionais –, é bastante comum que, nas estradas brasileiras, os acidentes estejam ligados à falta de descanso entre os condutores.

Apesar de representarem aproximadamente apenas 5% da frota nacional de veículos, os acidentes com caminhões foram responsáveis por quase 50% das mortes nas estradas e rodovias brasileiras em 202 de acordo com o Anuário Estatístico da Polícia Federal.

Um estudo da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet) apontou que, por exemplo, nada menos que 42% dos acidentes entre os motoristas estão relacionados ao sono e 18% ocorrem por fadiga – indicadores ainda mais comuns entre caminhoneiros autônomos.

A necessidade de observar as regras da legislação brasileira cabe, nesse sentido, não só aos motoristas, mas também as empresas responsáveis pelas frotas e que devem zelar pela segurança de seus colaboradores, contribuindo inclusive para a redução de custos com a perda de cargas.

  • Ultrapassagens mal sucedidas

Cruzando os dados do Anuário Estatístico da Polícia Federal – que, além da velocidade incompatível, identificou um alto número de acidentes relacionados com o trânsito de veículos na contramão – o Portal do Trânsito apontou ainda que ultrapassagens mal-sucedidas (seja dos próprios caminhoneiros ou de outros condutores) estão entre as principais razões de acidentes com veículos do transporte de cargas, gerando, em muitos dos casos, colisões frontais e óbitos.

Todo esse cenário só reforça que, para o avanço na segurança viária do país, é fundamental que haja a participação de toda a sociedade, de modo que se construa uma cultura de trânsito em favor da preservação da vida.

INOVAÇÃO E CONSCIENTIZAÇÃO

Alinhada a essa visão, a Mundo Logística lançou a campanha “Estradas do Futuro”, que tem o intuito de unir diferentes atores da cadeia logística nacional, difundindo conteúdos educacionais que tragam visibilidade para a pauta da segurança no transporte rodoviário.

É importante destacar ainda o papel da tecnologia, que contribuem para um transporte de cargas mais eficiente, seguro e no qual a redução de acidentes seja, de fato, uma pauta factível para o país.

ESTRADAS DO FUTURO

Enfrentar o desafio dos acidentes em estradas e rodovias do Brasil não é uma questão simples e, ao mesmo tempo, trata-se de uma demanda que pede urgência. De acordo com dados da CNT (Confederação Nacional de Trânsito), só em 2022, mais de 64 mil acidentes foram registrados no país — desses, 82,1% deixou vítimas, incluindo mortos e feridos. Em termos gerais, o Brasil ocupa a preocupante posição de 3º país com o maior número de mortes no trânsito, conforme relatório da OMS (Organização Mundial de Saúde). 

MundoLogística lançou a campanha “Estradas do Futuro”, uma iniciativa que conta com patrocínio da nstech e da Quartzolit, apoio da Onisys, da Associação Brasileira de Operadores Logísticos (ABOL) e da Associação Brasileira de Logística (Abralog). Por meio da campanha, o intuito é unir os diferentes atores da cadeia logística nacional, difundindo conteúdos educacionais que tragam tanto visibilidade para a pauta da segurança no transporte rodoviário, quanto práticas e divulgação de soluções que possam colaborar com a capacitação e proteção de motoristas.

 

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