Transporte de cargas cresce em 2023; confira os dados

Segundo levantamento da Valor Setorial Logística, em 2023, as rodovias responderam por 63,4% do total de mercadorias transportadas no país

Por Redação

Transporte rodoviário de cargas (Foto: Shutterstock)

O setor de transporte de cargas é um dos pilares fundamentais da economia global, refletindo diretamente o dinamismo e a saúde dos mercados. Em 2023, esse segmento experimentou um notável crescimento, impulsionado por uma série de fatores que moldaram o panorama logístico e comercial do país.

Este artigo destaca os pontos mais relevantes que ilustram essa expansão, oferecendo uma visão abrangente das transformações ocorridas no transporte de cargas durante o último ano. Acompanhe.

INVESTIMENTOS EM INFRAESTRUTURA

O ano de 2023 marcou uma retomada significativa nos investimentos do Brasil no setor de transportes, com um total de aproximadamente R$ 7 bilhões aplicados em infraestrutura nos primeiros sete meses. Dados são do Observatório Nacional de Transporte e Logística.

Com o objetivo de melhorar a infraestrutura existente, revitalizar obras paradas e estimular a economia através da geração de empregos, esses investimentos são fundamentais para criar um ambiente favorável ao crescimento do setor de transportes e atrair capital privado para concessões de infraestrutura.

No entanto, apesar desses avanços, alguns desafios persistem. O aumento do transporte de cargas, especialmente por rodovias, destaca o desequilíbrio na malha logística brasileira. Segundo levantamento da Valor Setorial Logística de março deste ano, em 2023, as rodovias responderam por 63,4% do total de mercadorias transportadas no país, um aumento importante em comparação com anos anteriores.

Esse aumento na demanda por transporte rodoviário está relacionado à última safra recorde de grãos, que sobrecarregou ainda mais as rodovias brasileiras. Além disso, o envelhecimento da força de trabalho de motoristas profissionais representa outro desafio, com muitos motoristas com mais de 60 anos e uma diminuição na quantidade de motoristas mais jovens.

Embora a utilização de modais como ferrovias e hidrovias seja uma alternativa interessante do ponto de vista logístico, essas opções enfrentam numerosos desafios, incluindo a necessidade de estabelecer rotas confiáveis e atrair investimentos.

Segundo o estudo já citado da Valor Setorial Logística, apesar dos recursos aplicados pelo governo em projetos ferroviários, hidrovias e cabotagem, as rodovias continuam recebendo a maior parte dos investimentos no setor de transportes.

E, mesmo com um fortalecimento positivo no direcionamento de recursos públicos para o transporte de cargas, é importante frisar que ele ainda é aquém do necessário para o enfrentamento dos desafios de infraestrutura do país. De acordo com um estudo da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base, o Brasil precisaria investir o equivalente a R$ 423 bilhões em infraestrutura para atender as necessidades do país.

INOVAÇÃO NO TRANSPORTE DE CARGAS

Outro ponto relevante para o setor de transporte de cargas é a adoção de novas tecnologias que vem desempenhando um papel crucial na transformação do segmento. Ferramentas como inteligência artificial, blockchain e mesmo a eletrificação de frotas começam a ser implementadas para aumentar a eficiência, melhorar o controle de estoques e reduzir custos operacionais.

Nesse sentido, a digitalização e a automação estão se tornando cada vez mais comuns nas operações logísticas, trazendo mais agilidade, segurança e capacidade de monitoramento. Empresas brasileiras do setor logístico estão incorporando essas tecnologias em ritmo crescente, o que está contribuindo para a modernização e a sustentabilidade das operações de transporte de cargas no país.

Esse cenário se evidencia em uma pesquisa conduzida pela consultoria McKinsey que aponta que 15% das empresas do ramo logístico no Brasil já utilizam tecnologias modernas, enquanto 30% estão implementando esse uso e os 55% restantes estão iniciando seu processo de digitalização.

Em síntese, o crescimento do transporte de cargas no Brasil em 2023 foi impulsionado por investimentos robustos em infraestrutura – com uma forte dependência ainda presente do modal rodoviário – além de esforços para revitalizar outros modais e a ampla adoção de inovações tecnológicas.

Esses fatores são positivos, mas, como vimos, o avanço precisa ser muito mais significativo para o país trilhar, de fato, uma rota de crescimento e competitividade.

ESTRADAS DO FUTURO

O avanço do transporte de cargas no Brasil em 2023 destaca a necessidade urgente de investir não apenas em infraestrutura, mas também na segurança das estradas. Com o aumento do tráfego de caminhões, especialmente devido à safra recorde de grãos, a prevenção de acidentes de trânsito torna-se uma prioridade essencial.

Acidentes envolvendo caminhões de transporte de cargas são frequentemente graves, resultando em perdas humanas e materiais relevantes. Em 2023, foram registrados 114.295 acidentes nas rodovias federais e privatizadas, com um custo material estimado em R$ 13,4 bilhões.

Para mitigar esses riscos, é crucial implementar medidas de segurança abrangentes, como a manutenção regular das estradas, a modernização da frota de caminhões e a capacitação contínua dos motoristas. Pensando nisso, a MundoLogística lançou a campanha “Estradas do Futuro”, uma iniciativa que conta com patrocínio da nstech e da Quartzolit, apoio da Onisys, da Associação Brasileira de Operadores Logísticos (ABOL) e da Associação Brasileira de Logística (Abralog).

Com o objetivo de promover um trânsito mais seguro nas rodovias brasileiras, a campanha busca unir os diversos elos da cadeia logística nacional em torno de um propósito comum: a conscientização e a capacitação para a prevenção de acidentes. Participe e contribua com essa transformação que, certamente, é essencial para o fortalecimento do transporte de cargas no país.