O panorama dos melhores e piores trechos para se dirigir no Brasil leva em conta, além de informações da CNT, números da Polícia Federal sobre o índice de acidentes em rodovias
Por Redação
A qualidade das estradas e rodovias é um dos principais obstáculos para a eficiência dos operadores logísticos (Foto: Shutterstock)
Que as condições da malha viária brasileira são desafiadoras, poucos motoristas devem duvidar. Com problemas históricos de infraestrutura que geram custos na casa de R$ 290 bilhões para os cofres públicos, segundo dados do próprio Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), a qualidade das estradas e rodovias é um dos principais obstáculos para a competitividade e eficiência dos operadores logísticos, haja vista que estamos falando do principal modal de transportes do país.
E, além dos impactos econômicos, os problemas que atingem mais de 67% da malha nacional – considerando informações da Pesquisa CNT de Rodovias divulgada em 2023 – tem relação direta com os acidentes que, ao longo dos últimos anos, tem colocado o Brasil como um dos países mais perigosos para se dirigir.
Por outro lado, há alguns avanços recentes, tanto em estradas administradas pelo poder público, quanto em concessões de administração privada.
Nesse sentido, o panorama dos melhores e piores trechos para se dirigir no Brasil leva em conta, além de informações da CNT, números da Polícia Federal sobre o índice de acidentes em rodovias.
"Segundo a CNT, apenas para abarcar ações emergenciais como reconstrução, restauração e manutenção das rodovias do país, seriam necessários mais de R$ 94 bilhões em investimentos."
AS 3 PIORES ESTRADAS DO BRASIL
Levando em conta o número de acidentes do Anuário Estatístico da Polícia Federal divulgado em maio de 2023, duas das três piores rodovias – quando consideramos o fator segurança e número de acidentes – estão no Sul do país. Por sua vez, do ponto de vista da infraestrutura e dificuldade para se dirigir, a última Pesquisa CNT de Rodovias coloca um trecho importante do Amazonas como a pior estrada do país.
Veja mais detalhes:
- BR 101/SC
Maior autopista do Brasil e que corta todo o litoral do país, a BR 101 é também a rodovia com o maior número de acidentes com feridos em todo o território nacional. A Polícia Federal identificou – no trecho que corta Santa Catarina – um número impressionante de mais de 4,1 mil ocorrências com vítimas.
- Torquato Tapajós/AM
A última edição da Pesquisa CNT de Rodovias de 2023 avaliou nada menos que 111 mil quilômetros de estradas pavimentadas que cortam todo o país.
E, na lanterna da classificação da Confederação – sendo, portanto, a pior rodovia para se dirigir no Brasil – temos a AM-010 (Torquato Tapajós), que liga Manaus a Itacoatiara, cuja consideração foi considerada precária dentro dos indicadores da CNT.
Há, no entanto, uma expectativa de melhora dentro dos próximos anos, com o anúncio de investimentos do governo amazonense – que administra a AM-010 – na rodovia, os quais superam R$ 400 milhões.
- BR 277/PR
Finalmente, é importante incluir na lista a BR 277. Com mais de 730 quilômetros de extensão, a estrada tem início no Porto de Paranaguá e termina na região da Ponte Internacional da Amizade, em Foz do Iguaçu.
Em 2022, a rodovia de administração federal foi a que registrou o maior número de acidentes fatais (170 óbitos), sendo um alerta para os motoristas também devido ao tráfego intenso da região.
AS 3 MELHORES ESTRADAS BRASILEIRAS PARA SE DIRIGIR
Mas, mesmo com um cenário mais do que preocupante para a segurança logística e do trânsito brasileiro, há alguns exemplos positivos e que podem servir de inspiração para a melhoria da infraestrutura viária no país. A seguir, listamos as três melhores rodovias do país, de acordo com a CNT:
- ViaLagos/RJ (RJ-124)
Além da beleza da Região dos Lagos, no Rio de Janeiro, os 57 quilômetros da RJ-124 que liga os municípios de Rio Bonito e São Pedro da Aldeia foram considerados ótimos em todos os indicadores da Pesquisa CNT de Rodovias. O trecho possui administração privada da Concessionária CCR, que opera em outros 5 estados do país.
- Raposo Tavares/SP (SP-270)
O trecho de 270 quilômetros da Raposo Tavares que liga os municípios paulistas de Presidente Epitácio e Ourinhos aparece na segunda colocação da Confederação Nacional do Transporte. Em toda a sua extensão, a conhecida rodovia que começa no bairro paulistano do Butantã, é administrada por 3 diferentes concessionárias e 1 órgão público. São eles:
- Departamento de Estradas de Rodagem (DER) (Público);
- Viaoeste (Privado);
- SPVias (Privado);
- CART-SP (Privado).
- SP-225/SP
Fechando a lista, temos os 225 quilômetros da SP-225 que ligam os municípios de Itirapina (SP) e Santa Cruz do Rio Pardo (SP), cuja administração também é realizada pelo DER, em conjunto com as concessionárias EixoSP e CART. É válido pontuar que, das 5 rodovias mais bem avaliadas pela CNT em sua pesquisa, 4 estão no estado de São Paulo.
A NECESSIDADE DE INVESTIMENTOS EM INFRAESTRUTURA
Em um país de dimensões continentais – e uma variedade ampla de condições geográficas e econômicas – como o Brasil, a administração de nossa infraestrutura viária é, por si só, um desafio.
Também por isso, o empenho do poder público e a ampliação dos investimentos em nível federal é urgente para o aumento da segurança nas estradas brasileiras. Segundo a própria CNT, apenas para abarcar ações emergenciais como reconstrução, restauração e manutenção das rodovias do país, seriam necessários mais de R$ 94 bilhões em recursos.
Embora indiscutivelmente alto, são investimentos que se traduzem em maior competitividade, segurança e preservação de vidas no transporte e trânsito nacional.
ESTRADAS DO FUTURO
Enfrentar o desafio dos acidentes em estradas e rodovias do Brasil não é uma questão simples e, ao mesmo tempo, trata-se de uma demanda que pede urgência. De acordo com dados da CNT (Confederação Nacional de Trânsito), só em 2022, mais de 64 mil acidentes foram registrados no país — desses, 82,1% deixou vítimas, incluindo mortos e feridos. Em termos gerais, o Brasil ocupa a preocupante posição de 3º país com o maior número de mortes no trânsito, conforme relatório da OMS (Organização Mundial de Saúde).
A MundoLogística lançou a campanha “Estradas do Futuro”, uma iniciativa que conta com patrocínio da nstech e da Quartzolit, apoio da Onisys, da Associação Brasileira de Operadores Logísticos (ABOL) e da Associação Brasileira de Logística (Abralog). Por meio da campanha, o intuito é unir os diferentes atores da cadeia logística nacional, difundindo conteúdos educacionais que tragam tanto visibilidade para a pauta da segurança no transporte rodoviário, quanto práticas e divulgação de soluções que possam colaborar com a capacitação e proteção de motoristas.