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ESG: Logística é vice-líder em construções verdes no Brasil

Desafios e oportunidades da agenda ESG serão discutidos no Logística do Futuro, evento da MundoLogística que ocorrerá nos dias 2 e 3 de outubro, em São Paulo

Publicado em 05/09/2024 — por Christian Presa

Empreendimento da GLP em Guarulhos (Foto: Divulgação)

Empresas do setor logístico estão cada vez mais incorporando a agenda ESG em suas operações. Entre os principais objetivos estão a busca por equilíbrio de custos, expansão de atividades e atendimento das necessidades dos clientes, enquanto lidam com desafios adicionais relacionados à sustentabilidade e à inclusão social. A Kuehne+Nagel, uma das líderes globais no setor logístico, é um exemplo de como essas práticas estão sendo implementadas.

Recentemente, a empresa anunciou investimentos em uma frota elétrica para operações de last mile no Brasil, como parte de sua estratégia global de redução de emissões de CO2. Eduardo Razuck, vice-presidente sênior de Contratos Logísticos para as Américas da companhia, destacou que a Kuehne+Nagel mantém metas claras para descarbonizar suas operações nos níveis global, regional e local.

Além dos veículos elétricos, a Kuehne+Nagel também está explorando o uso de combustíveis alternativos, como o hidrogênio, e já utiliza o SAF (combustível sustentável para aviação), que pode reduzir até 80% das emissões de CO2.

“Temos uma agenda clara com metas globais, regionais e locais para reduzir a emissão de gás carbônico”, afirmou Razuck, em entrevista exclusiva para a MundoLogística em julho deste ano. “O foco está em implementar tecnologias que contribuam para esse objetivo, como eletrificação de frota e uso de SAF.”

SUSTENTABILIDADE E O APOIO GOVERNAMENTAL

Embora o setor privado esteja avançando na adoção de práticas sustentáveis, Razuck ressaltou a importância do apoio governamental para acelerar o processo. Segundo o executivo, incentivos fiscais e financeiros são necessários para que empresas possam implementar tecnologias verdes em larga escala.

“Alguns países têm modelos muito bons com benefícios claros, como a redução de impostos e incentivos financeiros para a implementação de tecnologias sustentáveis. Hoje, ainda há muita discussão sobre como os governos podem ajudar no ecossistema ESG, para que as empresas privadas, que são os principais agentes de mudança, possam fazer a diferença no planeta”, pontuou o executivo. “Com mais apoio governamental, como existem exemplos na Europa, será uma relação ganha-ganha e poderemos ter um cenário mais tangível para o ESG.”

A infraestrutura também foi outro ponto salientado por Razuckw como um fator elementar para o avanço da sustentabilidade no setor. O executivo destacou que a falta de uma malha ferroviária robusta — tal qual a dos Estados Unidos, por exemplo —, é um obstáculo significativo para uma operação logística mais sustentável.

“Hoje, no Brasil, temos transporte ferroviário, especialmente para produtos como soja, milho e gado, que estão mais avançados nesse aspecto. Mas, quando olhamos para o consumo, a logística de última milha e as transferências entre fábricas, é mais complexo”, observou Razuck. “A demanda do consumidor, que quer entregas cada vez mais rápidas, não se alinha com a infraestrutura atual de transporte, que poderia ser mais eficiente e sustentável se fosse melhor adaptada ao uso ferroviário.”

INOVAÇÕES NA LOGÍSTICA DE ÚLTIMA MILHA

Outras empresas também estão explorando alternativas sustentáveis no transporte de mercadorias. A Fever Mobilidade, por exemplo, lançou no Brasil um triciclo elétrico projetado para entregas urbanas e, segundo a companhia, o “Fever RAP FR110 Box 2025” promete reduzir as emissões de poluentes e aumentar a eficiência logística na última milha.

De acordo com Nelson Füchter Filho, CEO da Fever, o veículo é capaz de transportar até seis vezes mais carga do que uma motocicleta tradicional, proporcionando uma economia de 79% no custo operacional. “O triciclo elétrico oferece uma solução sustentável para a crescente demanda por entregas urbanas, principalmente com o aumento do e-commerce”, disse.

LOGÍSTICA COMO DESTAQUE EM CONDOMÍNIOS VERDES

O setor de logística também tem registrado um aumento em projetos de construções sustentáveis. Segundo o U.S. Green Building Council, o número de projetos com certificação LEED (Leadership in Energy and Environmental Design) no Brasil triplicou nos primeiros meses de 2024. No ranking, o setor de logística é vice-líder em construções verdes no país.

O selo LEED é uma certificação internacional que atesta a sustentabilidade de edificações, considerando fatores como eficiência energética e uso de materiais.

No Brasil, galpões logísticos como os desenvolvidos pela Log CP e GLP estão entre os empreendimentos que obtiveram a certificação LEED. A adoção de construções sustentáveis no setor logístico tem como principais benefícios a redução de custos operacionais, maior eficiência e alinhamento com práticas ESG.

PILAR S: A INCLUSÃO SOCIAL

Além de iniciativas ambientais, práticas de inclusão social também estão sendo promovidas por empresas como a JSL, que concluiu recentemente a formação da primeira turma do programa “Mulheres na Manutenção”. Criado para capacitar mulheres para atuarem em funções tradicionalmente dominadas por homens — como eletricistas, mecânicas e soldadoras —, o projeto faz parte do “Mulheres na Direção”, lançado em 2021, que visa promover a diversidade de gênero no setor.

As mulheres formadas pelo programa receberam 340 horas de treinamento e estão aptas a trabalhar em cidades como Itaquaquecetuba e São Bernardo do Campo, em São Paulo.

Bianca Furlan, gerente de Desenvolvimento Humano e Organizacional da JSL, comentou que a iniciativa representa um avanço importante na busca por igualdade de gênero na logística. “Estamos extremamente orgulhosos de formar a primeira turma com foco em manutenção. Este programa não só capacita as participantes para ocuparem funções técnicas essenciais, mas também promove a diversidade e a inclusão em um setor tradicionalmente dominado por homens”, afirmou.

GOVERNANÇA E EFICIÊNCIA OPERACIONAL

No campo da governança, a LOTS Group, uma subsidiária do Grupo Scania especializada em operações off-road, tem focado em práticas que aumentem a eficiência operacional e reduzam incidentes. A empresa utiliza torres de controle para monitorar suas frotas em tempo real, uma prática que, segundo a companhia, é essencial para garantir padrões elevados de governança em suas operações.

“Com a torre de controle, monitoramos diversos parâmetros operacionais, como consumo de combustível e emissões. Isso nos permite ajustar operações em tempo real e garantir maior eficiência,” explicou Huber Mastelari, então CEO da LOTS Group para a América Latina, para a edição julho/agosto da MundoLogística.

Entre os resultados alcançados pela LOTS Group com o uso dessa tecnologia estão a redução de 24% nos incidentes materiais e a diminuição do tempo de espera para carregamento de caminhões em 32%. A empresa também possui certificações ISO 9001 e ISO 14001, que atestam a qualidade e o comprometimento com a governança e sustentabilidade.

LOGÍSTICA DO FUTURO

Embora as empresas logísticas estejam avançando na adoção de práticas ESG, ainda existem desafios — e oportunidades. Esse tema está presente na agenda do Logística do Futuro, Logística do Futuro, evento promovido pela MundoLogística que reunirá profissionais e especialistas do setor para discutir e explorar as tendências, inovações e melhores práticas que moldarão o futuro da logística.

Com mais de 70 palestrantes abordando temas como omnicanalidade, otimização de malha e responsividade, o evento será realizado nos dias 2 e 3 de outubro no Transamérica Expo, em São Paulo. As inscrições podem ser realizadas no site oficial: https://logisticadofuturo.com.br/.