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Mesmo com entraves, incentivo à multimodalidade reforça transição necessária para o Brasil

Publicado em 02/08/2024

Tema será um dos destaques da 5ª edição do Logística do Futuro, evento que será realizado pela MundoLogística nos dias 2 e 3 de outubro, em São Paulo

Por Christian Presa

Mesmo com entraves, incentivo à multimodalidade reforça transição necessária para o Brasil MundoLogística Logística do Futuro
Multimodalidade segue como prioridade para o setor (Foto: Freepik)

Nos últimos anos, o conceito de multimodalidade ganhou destaque no Brasil, impulsionado por mudanças nas cadeias de suprimentos globais e pela necessidade de maior eficiência logística. O Brasil ainda é um país essencialmente rodoviário — em estudo inédito, a Fundação Dom Cabral afirmou que 62,2% das cargas brasileiras são transportadas por meio das rodovias; já o Plano Nacional de Logística (2035) cita um percentual maior: 66,21% —, mas, apesar disso, a expectativa é fortalecer a conexão multimodal com um foco claro em eficiência.

Segundo o CEO da Modern Logistics, Cristiano Koga, a pandemia acelerou essa transformação, levando empresas a priorizar estratégias multimodais para enfrentar interrupções logísticas e a complexidade crescente do mercado. “Com a pandemia e a necessidade de redesenhar as cadeias de suprimentos, a multimodalidade ganhou ainda mais importância”, destacou.

O executivo enfatizou que indústrias de alta tecnologia, farmacêutica e automotiva agora consideram a multimodalidade uma prioridade máxima. “A necessidade de acelerar a produção e lidar com interrupções logísticas levou [as indústrias] a adotar a multimodalidade como uma estratégia essencial.”

Para o head de Operações Aéreas da Total Express, Marcelo Rodrigues, o Brasil já possui certo domínio na integração entre modais. No entanto, essa conexão se complica ao considerar a inserção de um terceiro modal. “Quando começamos a considerar a adição de um terceiro modal, percebemos que ainda temos um longo caminho a percorrer em termos de integração, impostos, legislação, documentação, preparo e segurança dessas encomendas e cargas”, explicou Rodrigues.

DESAFIOS DE INFRAESTRUTURA

Um estudo conduzido pela Agência Nacional de Transportes Aquaviários (ANTAQ) apontou que a complexidade do sistema tributário e a falta de uniformidade nas normas regulatórias são dois dos principais entraves para o desenvolvimento do transporte multimodal no Brasil. O estudo também mencionou questões como a matriz de transporte desequilibrada do país.

Mas hoje, quando questionado sobre desafios no setor, qualquer executivo de logística cita a infraestrutura. E esse uníssono se confirma, a começar pelo modal rodoviário: um relatório da Confederação Nacional do Transporte (CNT) confirmou que apenas 12,4% das rodovias brasileiras são pavimentadas.

No caso dos portos brasileiros, a infraestrutura também é considerada deficiente, aumentando tempo de espera e, consequentemente, os custos para as empresas. Esse cenário foi destacado na série “Logísticas do Brasil”, da MundoLogística.

Mas atuar em prol de desenvolver a multimodalidade segue como prioridade para o setor. Segundo o CEO da Norcoast, Gustavo Paschoa, essa estratégia é elementar para superar desafios logísticos críticos no Brasil. O executivo também citou a falta de investimento em infraestrutura, especialmente em áreas retroportuárias, como um dos principais obstáculos para o avanço multimodal. 

“Nós, como uma empresa de navegação de cabotagem, enfrentamos grandes dificuldades na área retroportuária, um gargalo muito significativo”, disse. “A gente acredita que o futuro do mercado está no investimento em terminais com conexões multimodais.”

Rafael Dagnoni, COO e cofundador da TECADI, aponta que a infraestrutura rodoviária deficiente continua sendo um desafio significativo, especialmente no Sul do Brasil. “O crescimento da infraestrutura não acompanhou o crescimento da movimentação portuária”, afirmou Dagnoni, sublinhando a necessidade de melhorias contínuas e colaboração entre os stakeholders logísticos.

Para ele, a multimodalidade não é apenas uma solução logística, mas uma oportunidade para fortalecer a cadeia logística brasileira por meio de maior colaboração entre seus diversos elos. “Há uma necessidade de maior união entre todos os elos da cadeia logística, pensando no ganho em conjunto”, ressaltou.

LOGÍSTICA DO FUTURO

O avanço da tecnologia tem um papel crucial no futuro da logística colaborativa. Ferramentas como Big Data, Internet das Coisas e Inteligência Artificial facilitam a coleta e análise de dados, permitindo uma melhor coordenação e tomada de decisões. A tendência é que a colaboração entre players se torne cada vez mais sofisticada e integrada, promovendo uma cadeia de suprimentos mais resiliente e eficiente.

A colaboração entre players será um dos temas apresentados na 5ª edição do Logística do Futuro — evento da MundoLogística que reúne profissionais e especialistas do setor para discutir e explorar tendências, inovações e melhores práticas que moldarão o futuro dessa área.

Com mais de 70 palestrantes e abordando esse e outros temas como omnicanalidade, otimização de malha e responsividade, o evento será realizado nos dias 2 e 3 de outubro no Transamérica Expo, em São Paulo. As inscrições podem ser realizadas no site https://logisticadofuturo.com.br/.