Demanda por espaço e tecnologia impulsiona mercado de fulfillment centers no Brasil

Tema já tem lugar cativo na agenda do Logística do Futuro, evento que será realizado pela MundoLogística nos dias 2 e 3 de outubro, em São Paulo

Publicado em 23/09/2024 — por Christian Presa
CD da DHL em Extrema (MG) para atender operação da Adidas (Foto: Divulgação)

O setor de logística na América Latina está passando por uma transformação acelerada, impulsionada por grandes investimentos em fulfillment centers. No ano passado, a DHL Supply Chain anunciou um investimento de € 500 milhões (aproximadamente R$ 2,6 bilhões) na região entre 2023 e 2028, com uma parcela desse montante direcionada especificamente para a otimização da rede de fulfillment.

Com centenas de unidades não só no Brasil, mas em toda a América Latina, a DHL Supply Chain está expandindo e modernizando operações para atender à crescente demanda do e-commerce e outros setores estratégicos, como o farmacêutico e o varejo de moda. Essa expansão tem sido vista em ações como a parceria firmada com a Privalia para operações de e-fulfillment de produtos de HomeDecor, utilizando a infraestrutura da DHL em Barueri (SP) para receber, armazenar, embalar e expedir os itens.

O e-commerce tem um papel preponderante nesse movimento, com gigantes do comércio eletrônico encabeçando a expansão da malha logística. Em 2024, a Amazon atingiu a marca de 100 polos logísticos no país, que engloba 10 centros de distribuição fulfillment. Segundo a companhia, o objetivo é “cobrir todos os municípios brasileiros”.

O líder da Amazon Logistics no Brasil, Rafael Caldas, destacou que a obsessão pela experiência do cliente e o uso de tecnologias avançadas têm sido fundamentais para a revolução nas entregas. “Operando sete dias por semana, a empresa emprega soluções inteligentes que reduzem significativamente os prazos de entrega, ao mesmo tempo em que garantem segurança e bem-estar para todos os envolvidos no processo”, disse, ressaltando que a marca de 100 polos logísticos no Brasil é um “enorme orgulho” para a Amazon.

Desde o início das operações no Brasil, a companhia já investiu R$ 33 bilhões no país, incluindo novas tecnologias de Inteligência Artificial e parcerias com empresas locais para melhorar a eficiência das operações.

DEMANDA CRESCENTE POR CONDOMÍNIOS LOGÍSTICOS NO BRASIL

A demanda por fulfillment centers no Brasil reflete a crescente necessidade de grandes espaços logísticos. No segundo trimestre de 2024, a absorção bruta no mercado de condomínios logísticos no estado de São Paulo foi de 708 mil m², conforme levantamento da Colliers. As principais locações ocorreram em Cajamar e Guarulhos, com destaque para os setores de e-commerce e varejo.

Segundo o relatório, Cajamar e Guarulhos absorveram 60% de todo o inventário locado no estado ao longo do primeiro semestre de 2024. No entanto, também houve devoluções consideráveis nas regiões de Guarulhos, Cajamar, Jundiaí e Campinas, especialmente no setor de transporte e logística, resultando em uma absorção líquida de 381 mil m².

Essa tendência se apresenta, também, em outros estados. Minas Gerais, por exemplo, ultrapassou o Rio de Janeiro e se tornou vice-líder no mercado de condomínios logísticos do Brasil — com destaque para a cidade de Extrema, que assumiu a assumindo a 9ª posição no ranking nacional em termos de m² de galpões e condomínios logísticos, com cerca de 1,6 milhão de m² de galpões entregues até o final de 2023.

“Extrema passou por uma mudança do perfil dos inquilinos. No início, era um mercado com perfil industrial, enquanto hoje é conhecido como um importante hub dos mercados de logística e e-commerce em nível nacional, motivado por um pacote fiscal atrativo para esse segmento. Cerca de 65% das ocupações do mercado de Extrema foram operações de BTS ou de ativos que foram pré-locados durante seu desenvolvimento”, disse a CEO da EREA, Clarisse Etechverry, em artigo exclusivo para a MundoLogística.

DESAFIOS OPERACIONAIS E TECNOLÓGICOS

Apesar dos avanços, o setor enfrenta desafios importantes. Segundo um estudo da Manhattan Associates, 97% dos profissionais de logística acreditam que a infraestrutura de TI de intralogística precisa de modernização. No Brasil, 84% relataram dificuldades com a retenção de colaboradores e 66% notaram um aumento no volume de mercadorias processadas nos últimos 12 meses, exacerbando os desafios operacionais.

Outro fator é o custo inicial das tecnologias de automação. A pesquisa “O Armazém do Futuro”, conduzida pela Infor e Seal Sistemas, revelou que 25% dos executivos de logística citam o alto investimento como a principal barreira para a modernização dos CDs. Apesar disso, as expectativas em relação às tecnologias emergentes são altas, com 75% dos entrevistados apostando na Inteligência Artificial Generativa e 72% na robótica como ferramentas para melhorar a eficiência e a satisfação dos colaboradores.

Inclusive, vê-se um esforço do mercado em fazer a transformação tecnológica, de fato, acontecer. Um exemplo é o Mercado Livre, que implementou um sistema de robôs inteligentes no CD de Cajamar (SP). O projeto-piloto faz parte de um pacote de R$ 23 bilhões em investimentos no Brasil.

Atualmente, são mais de 100 robôs responsáveis por mover produtos, com capacidade para processar até 20 mil itens por dia, otimizando o espaço de armazenamento em até 15%. Em entrevista exclusiva para a MundoLogística, o diretor sênior de Operações Logísticas do Mercado Livre, Luiz Vergueiro, destacou que a companhia pretende triplicar o número de robôs até o fim deste ano.

LOGÍSTICA DO FUTURO

O universo dos fulfillment centers já tem lugar cativo na agenda do Logística do Futuro, evento promovido pela MundoLogística que reunirá profissionais e especialistas do setor para discutir e explorar as tendências, inovações e melhores práticas que moldarão o futuro da logística.

Com mais de 70 palestrantes e 80 empresas expositoras, o evento será realizado nos dias 2 e 3 de outubro no Transamérica Expo, em São Paulo. As inscrições podem ser realizadas no site oficial: https://logisticadofuturo.com.br/.